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Crise do coronavírus tem começo, meio e fim, diz Henrique Bredda

Paciência é chave para quem entrou na Bolsa há pouco tempo

Crise do coronavírus tem começo, meio e fim, diz Henrique Bredda
Henrique Bredda, gestor da Alaska Asset Management. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
  • A solução agora é esperar a crise passar
  • Se o plano é fazer investimentos de longo prazo, essa é a hora de comprar ações
  • Apesar da projeção negativa do PIB, o Brasil deve retomar o crescimento

(Valéria Bretas, E-Investidor) O cenário que se desenhava no início do ano não poderia ser melhor para os investidores que ensaiavam uma migração para a renda variável. Com a Taxa Selic no menor nível da história, a Bolsa de Valores se tornou a nova menina dos olhos. Porém, a epidemia do coronavírus derreteu os mercados e colocou boa parte da carteira no negativo. Em entrevista ao E-Investidor, Henrique Bredda, sócio-fundador da gestora Alaska Asset Management, que detém R$ 10 bilhões sob gestão, diz que a retomada do mercado de ações deve acontecer quando o ritmo de infectados estabilizar.

E-Investidor: A crise do coronavírus pegou os investidores de surpresa. O que fazer?
Henrique Bredda: Historicamente, o erro clássico do investidor nesses momentos é se recolher quando os preços caem. Isso aconteceu na quebra do Lehman Brothers, em 2008, e na eleição presidencial do Brasil, em 2002. Quando a pessoa já está na bolsa, a solução é não fazer nada e esperar o turbilhão passar.

E-Investidor: Apesar das medidas anunciadas pelo governo e pelos maiores bancos do país para conter o efeitos, o mercado ainda não reagiu. O que explica essa resposta negativa?
Henrique Bredda: A situação poderia ser ainda mais grave. O mercado não subiu, mas as medidas podem ter parado a sangria. Essa pronta resposta dá uma certa tranquilidade de que o sistema não colapsa. É claro que vamos ver muitas empresa com dificuldade de caixa, mas acredito que a injeção de liquidez e flexibilização das linhas de crédito podem dar conta.

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E-Investidor: O cenário de queda da B3 pode piorar?
Henrique Bredda: Já estamos em um nível muito baixo de pontuação, mas isso não quer dizer que não pode piorar. Vamos ficar um tempo nesse patamar até surgirem mais notícias positivas do que negativas, como uma vacina ou a diminuição no ritmo de muitos infectados. Nos países onde o coronavírus começou a estabilizar, a bolsa já mostra sinais de retomada.

E-Investidor: O número de pessoas físicas na Bolsa mais que dobrou em dois anos no País. Podemos ver um efeito de debandada?
Henrique Bredda: Pode acontecer um movimento de troca: sai um grupo machucado que não estava preparado para uma pancada deste porte, mas entra muita gente. Vamos nos acostumar com uma nova safra de pessoas comprando ações nos próximos 10 anos. Os mais jovens estão chegando no mercado de trabalho e mais acostumados com as plataformas de investimentos. Mesmo em uma desaceleração, esse já é um fluxo estrutural difícil de interromper.

E-Investidor: Esse é o melhor momento para o investidor comprar ações?
Henrique Bredda: O movimento é mais arriscado para quem entra na bolsa pensando no curto prazo. Se a ideia é seguir com um plano estrutural na renda variável de pelo menos dez anos, o período de estresse é mais interessante. Com certeza é melhor entrar nos 60 mil pontos do que nos 100 mil, mas isso para o investidor que está com a cabeça em 2030, e não em 2021.

E-Investidor: Quais setores são mais atrativos neste momento?
Henrique Bredda: Estamos olhando com atenção toda empresa vinculada ao mercado doméstico, como varejo, logística ou educação. Por mais frágil que o Brasil esteja, estamos em ritmo de retomada desde o início de 2016. As reformas que começaram ali atrás devem continuar nos próximos governos e essa continuidade tem grande chance de tornar o ambiente doméstico melhor ao longo do tempo. É claro que vamos enfrentar um PIB negativo forte, mas vamos retomar a trajetória do início do ano.

E-Investidor: Para onde vamos agora?
Henrique Bredda: Fazendo uma analogia, podemos dizer que estamos passando por uma situação de guerra. As pessoas estão sendo obrigadas a ficar em casa, escolas fechando e hospitais com leitos cheios. A diferença é que essa guerra tem começo meio e fim. A gente já viu o fim dela em outras regiões do mundo, então sabemos que é algo que vai passar e precisamos ficar de olho na retomada.

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