- O volume de contratos futuros da moeda norte-americana negociado na B3 na primeira quinzena de dezembro foi de R$ 216 bilhões, segundo levantamento da Infinox Capital
- Atrás do dólar futuro, o par de moeda mais negociado na bolsa brasileira foi o euro, com o mini Euro (EUP), que ultrapassou a marca de 30 mil contratos
Apesar da tendência de queda do dólar nos últimos meses, o volume de contratos futuros da moeda norte-americana negociado na B3, durante a primeira quinzena de dezembro, chegou a aproximadamente R$ 216 bilhões. O valor está 25% abaixo dos R$ 270 bilhões operados em todo o mês de novembro, segundo um levantamento da Infinox Capital. Ou seja, nos últimos 15 dias do ano, o volume de dezembro deverá superar o de novembro, uma vez que os investidores devem realizar a troca de suas posições até o último pregão do ano.
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Mas arriscar o nível de preço que o dólar poderá atingir no próximo ano é uma tarefa que Victor Hugo Cotoski, estrategista-chefe do Mercado de Moedas, evita fazer. Um dos autores do estudo da Infinox, enviado com exclusividade ao E-Investidor, ele explica que a cotação do câmbio é bastante complexa e depende de diversas variáveis que levam o preço a subir ou descer. Mas Cotoski ressalta uma certeza no mar de imprevisibilidade de 2021: muita volatilidade na moeda norte-americana.
Nos Estados Unidos, a política de Joe Biden é uma incerteza, mas, historicamente, o dólar costuma subir após os democratas assumirem o poder. Aina assim, há outras incertezas sobre a pandemia no meio do caminho. Apesar de diversos países já terem iniciado a vacinação contra a covid-19, um novo tipo de coronavírus levou nações como o Reino Unido a novo período de lockdown.
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“A única certeza que podemos deixar na mesa é a volatilidade. Houve um aperto com relação ao vírus nos últimos dias e o dólar já subiu com força. Se houver um atraso aqui em uma das reformas, o teto de gastos pode não ter um planejamento certo para 2021. Neste cenário, o dólar volta para R$ 5,50, R$ 5,60”, analisa o estrategista-chefe do Mercado de Moedas.
Os rumos para 2021
Para Marcelo Boneri, gerente da mesa de mercados futuros da Ágora Investimentos, o dólar pode chegar a um nível de preço mais baixo em 2021, próximo dos R$ 5, conforme cenário do Bradesco. Ele destaca também a permanência da volatilidade sobre o preço do câmbio dos Estados Unidos.
“Estamos entrando em uma vacinação em massa, mas não acabou a pandemia. Ainda vamos ver como as economias vão reagir, o crescimento de PIB, fluxo internacional, crescimento das empresas e geração de emprego. A volatilidade vai continuar”, frisa Boneri.
Vale lembrar que, de outubro a dezembro, a moeda norte-americana perdeu força quando o apetite ao risco levou investidores a buscar mercados emergentes, o que deu ânimo para as moedas desses países, como o real no Brasil. “Quando há melhora no cenário mundial, como o avanço e início da vacinação, o investidor tem mais apetite a risco e procura países emergentes. Todas as moedas emergentes, portanto, tiveram uma forte valorização frente ao dólar”, observa Cotoski.
Sobre os efeitos da pandemia no mercado financeiro, o head de futuros da Ágora chama atenção para a procura dos investidores pessoa física por contratos negociados em bolsa. Para ele, isso é um resultado natural, já que a B3 apresentou um volume expressivo de novos CPFs desde o início da crise.
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“Cada vez mais o investidor vem entrando nesse mercado, conhecendo,o perando, fazendo giro. Ao se consolidar como investidor de bolsa, ele vai procurar mais sofisticação e entra nos contratos de índices e também nos de moeda”, diz Boneri.
Mini Euro
Atrás do dólar futuro, o par de moeda mais negociado na B3 nos primeiros 15 dias de dezembro foi o mini Euro (EUP), que ultrapassou a marca de 30 mil contratos, quase 80% do volume total negociado em novembro. “A desvalorização do dólar, diante de quase todas as moedas do mundo, foi o principal motivo que levou a essa procura por negócios entre a moeda americana e o euro”, afirma o head de expansão global da Infinox, Sam Chaney.
A expectativa é que o volume também encerra a segunda quinzena do mês em alta, pois os contratos expiram e os investidores precisam comprar contratos com vencimento no mês seguinte. “Geralmente, o volume dobra na última semana de negociação, principalmente nos últimos dois dias de negociações. É possível ver um recorde no número de negociações do par euro-dólar, que é entre 70 a 80 mil contratos no mês”, diz Cotoski.
Como a balança dos câmbios é extremamente dinâmica, a dica para os investidores que aplicam nesse tipo de ativo é não colocar todos os ovos em uma mesma cesta, ou seja, o recado é diversificar os investimentos para balancear as perdas com os ganhos.
“O cenário ideal para qualquer investidor, desde amador com R$ 1 mil até o profissional com R$ 1 bilhão, é diversificação. Se a carteira de ações cair, provavelmente o dólar sobe. Mas se há diversificação você está protegido”, alerta o estrategista-chefe do Mercado de Moedas.
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No caso de quem planeja viajar para o exterior, o ideal é comprar a moeda de forma periódica, ora mais caro, ora mais barato, para garantir um preço médio. Como não há como prever o preço da moeda próximo à data da viagem, que pode estar muito barata ou extremamente cara, a mediana evita surpresas de uma disparada imprevisível.