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Negociação no mercado futuro de moedas estrangeiras salta 300% no Brasil

Segundo dados da Infinox, o aumento foi de 300% e o principal destaque foi o EUP

Negociação no mercado futuro de moedas estrangeiras salta 300% no Brasil
Euro (Pixabay)
  • Volume de negociação do mercado futuro de moedas estrangeira, ante o dólar, cresce 300% no Brasil
  • Segundo dados da corretora, o EUP (futuro de dólar dos EUA por euro) foi o mais negociado na B3, até setembro de 2020, e é o principal destaque do levantamento
  • Segundo especialistas, investimento deve continuar crescendo no País

Quando se pensa no mercado futuro de moedas estrangeiras, o primeiro investimento que pode vir na cabeça é o minicontrato de dólar (WDO). Porém, a aplicação não é a única no segmento e outros produtos estão se destacando no ano.

Segundo dados da Infinox Capital, uma das formadoras de mercado futuro no Brasil, o volume de negociações em outros pares de moedas estrangeiras (euro, libra, iene, etc…), contra o dólar americano, cresceu 300% na B3 neste ano, ante a 2019.

Segundo a corretora sediada em Londres, no Reino Unido, o EUP (futuro de dólar dos EUA por euro) foi o mais negociado no País até setembro de 2020 e é o principal destaque do levantamento. Com cerca de 10 contratos feitos diariamente em janeiro, este montante chegou a 600 em um único pregão em agosto.

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O EUP funciona da mesma forma que o WDO. A única diferença é a moeda utilizada na negociação: euro no primeiro caso e dólar no segundo. Além disso, os minicontratos são uma aplicação em derivativos com contrato futuro. Ou seja, a compra e venda dos mesmos são padronizadas, com data futura de vencimento e preço já determinados, mas é possível realizar a venda antes do tempo estipulado para ter lucros maiores.

Por que a negociação de outras moedas estrangeiras cresceu tanto?

Segundo especialistas consultados pelo E-Investidor, o aumento da negociação do mercado futuro de moedas estrangeiras se deve por dois principais motivos: a popularização do investimento e o movimento de desvalorização do dólar, em relação a moeda de países desenvolvidos.

Por se tratar de um produto novo no mercado brasileiro, em operação há cerca de um ano e meio, a aplicação ainda não é muito conhecida entre as pessoas. Então, é natural que com o passar do tempo, principalmente em momentos de juros baixo, os investidores busquem por produtos com melhores retornos, descubram o mercado e ele se expanda.

“Foi um crescimento grande e orgânico”, diz Victor Hugo Cotoski, gestor de novos negócios e marketing da Infinox.

Neste contexto, o crescimento foi impulsionado por uma oportunidade em apostar contra o dólar devido ao seu fraco desempenho no ano, o que aumentou a busca de aplicações neste sentido e, consequentemente, fez estes contratos futuros serem mais negociados.

“Faz sentido operar os minicontratos de euro, já que eles estão aumentando a liquidez e o euro está performando bem, ante o dólar devido a, entre outros aspectos, as eleições dos EUA”, afirma Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo.

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Para efeito de comparação, até o fechamento do mercado da última sexta-feira (23), o dólar cai 5,78% frente ao euro. Já ante a cesta de moedas DXY*, que mostra a relação do dólar contra moedas de países desenvolvidos, a moeda americana tem desvalorização de 3,93% até o momento, aos 92,737 pontos (o índice sobe quando o dólar está forte e cai quando está fraco).

Negociações devem continuar aumentando

Mesmo que o volume de negociação tenha aumentado, o crescimento não deve parar nos próximos anos. Isso porque, conforme a aplicação se populariza, mais investidores devem apostar no produto, o que aumenta sua liquidez, suas oportunidades, atrai mais pessoas e assim por diante.

Além disso, segundo a Infinox, atualmente 98% das negociações são feitas por investidores institucionais, como fundos e assets. Então, ainda há poucas pessoas físicas neste mercado. Para os especialistas, aos poucos o varejo deve se interessar mais pelo o ativo. “Ainda há muito espaço para o mercado futuro de moedas estrangeiras crescer”, diz Cotoski.

Como investir no produto?

Como já mencionado, a maioria dos investidores são institucionais. Portanto, é possível se expor ao produto via fundos multimercados ou de moedas estrangeiras que têm os contratos futuros em sua estratégia. Dessa forma, a pessoa pode se aproveitar das oportunidades da aplicação e não precisa se preocupar em operar os minicontratos.

Já quem deseja apostar diretamente no mercado, os especialistas alertam cuidado. Dado que são contratos futuros, a melhor forma de negociá-los é usando a técnica day trade. Então, não é simples operá-los e também não é indicado para qualquer perfil. “É para um investidor arrojado, experiente e especulador que vai comprar e vender no mesmo dia”, comenta Cotoski, da Infinox.

Ainda, Madruga ressalta que os riscos são maiores do que nos minicontratos de dólar. Como o produto ainda é pouco negociado, sua liquidez é muito mais baixa, o que torna o produto mais arriscado. “Com qualquer pequena movimentação da moeda a oscilação do ativo é muito grande”, diz o sócio da Monte Bravo.

*A cesta de moedas é composta por euro 57.6%, iene japonês 13,6%, libra esterlina 11,9%, dólar canadense 9,1%, coroa sueca 4.2% e franco suíço 3,6%.

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