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Dólar sobe e fecha no maior patamar do governo Lula

O mercado avalia que o avanço da moeda no exterior foi um dos fatores decisivos para o movimento de alta

Dólar sobe e fecha no maior patamar do governo Lula
Imagem: Adobe Stock
  • Corretoras e casas de investimentos se viram obrigadas a ajustarem as suas estimativas do Ibovespa e o dólar para o fim de 2024
  • Agora, as chances de a moeda norte-americana encerrar o ano abaixo de R$ 5 ficaram ainda mais distantes
  • O dólar afeta diretamente o preço dos produtos importados que o brasileiro compra no varejo no Brasil

O dólar reverteu a queda observada pela manhã e fechou em alta nesta quinta-feira (20) cotado a R$ 5,46. Foi o maior valor registrado durante o terceiro mandato do presidente Lula e o maior patamar desde julho de 2022, quando a moeda americana fechou em R$ 5,4977.

O mercado financeiro avalia que o avanço da moeda no exterior, em um dia de aumento dos rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), foi um dos fatores decisivos para o aumento. Esse cenário externo, combinado com as repercussões das novas falas do presidente Lula sobre a reunião do Copom, influenciou diretamente o comportamento do câmbio no Brasil.

O preço da moeda americana abriu o dia com uma queda de 1,02%, atingindo a mínima de R$ 5,3862. No entanto, após as declarações do presidente, por volta das 12h, a tendência se inverteu. Além disso, as falas conservadoras dos dirigentes do banco central americano (Federal Reserve, o Fed) contribuíram para a alta. Perto das 17h, o dólar subia 0,18%, sendo cotado a R$ 5,445.

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Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa Selic, a taxa básica de juros, inalterada em 10,50% ao ano. Essa decisão já era amplamente esperada pelo mercado, devido à retomada da aceleração inflacionária e ao recente aumento do preço do dólar. Um fator que agradou os investidores foi a unanimidade na decisão de manter os juros no atual patamar entre todos os membros do Copom.

Para onde vão o Ibovespa e o dólar pós-Copom

A decisão desta quarta-feira já era esperada pelo mercado, tendo em vista a piora do risco fiscal nas últimas semanas. A indefinição sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ainda resistente para dar início ao ciclo de quedas, também minou o ambiente doméstico. Com esse novo cenário econômico, as corretoras e casas de investimentos se viram obrigadas a ajustarem as suas estimativas do Ibovespa e o dólar para o fim de 2024.

Agora, as chances de a moeda norte-americana encerrar o ano abaixo de R$ 5 ficaram ainda mais distantes. A maioria estima um câmbio entre R$ 5 e R$ 5,30, uma projeção em linha com a versão mais recente do boletim Focus. A estimativa atual é de R$ 5,13; no fim de abril, era de R$ 5 e de R$ 4,92 em janeiro.

Os agentes do mercado também minaram a confiança em relação ao Ibovespa. Na virada de 2023 para 2024, enquanto a Bolsa passava por um rali, havia quem projetasse que o índice brasileiro alcançaria os 170 mil pontos em dezembro – uma realidade que parece cada vez mais distante.

O que esperar do câmbio no restante de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era de que o dólar fechasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,13.

O Itaú BBA, por exemplo, elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024. Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.

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A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro. Agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank fez o mesmo movimento. Alguns analistas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem fazê-lo. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Contamos com detalhes aqui.

Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, o patamar deve estar acima disso. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar a esse patamar no curto prazo”, diz.

Como a disparada do dólar afeta sua vida

O dólar afeta diretamente o preço dos produtos importados que o brasileiro compra no varejo no Brasil. Mas, além deles, o câmbio pode estar embutido em itens fabricados aqui. Insumos importados são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.

“O dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociada as principais commodities e os principais produtos do nosso dia a dia. Ou seja, uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros, que haja inflação”, comentou Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital.

A alta do dólar também pode afeta a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, disparando, assim, pressão inflacionária. Uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Tal movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.

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Colaboração de Luiza Lanza

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