Mercado

Dólar fecha em alta com investidores aguardando votação do Copom

Mercado espera por decisão consensual do grupo monetário, para neutralizar incertezas da última reunião

Dólar fecha em alta com investidores aguardando votação do Copom
(Foto: Envato Elements)
  • O dólar encerrou esta terça-feira (18) cotado a R$ 5,43, com uma valorização de 0,23% frente ao real
  • No Brasil, o pregão foi marcado por certa estabilidade, enquanto investidores aguardam a conclusão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (19)

O dólar encerrou esta terça-feira (18) cotado a R$ 5,43, com uma valorização de 0,23% frente ao real. A moeda chegou a cair pela manhã, mas ganhou força ao longo do dia em sintonia com o exterior. Lá fora, o índice DXY, termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, também avançou.

No Brasil, o pregão foi marcado por certa estabilidade, enquanto investidores aguardam a conclusão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (19). A expectativa geral é que o grupo mantenha a Selic no atual patamar de 10,50% ao ano. Mais que isso: o mercado espera que haja unanimidade entre os diretores monetários, depois que, em maio, o encontro foi marcado pelo dissenso entre os membros.

“A unanimidade é fundamental para primeiro, reativar a coerência interna e gerar credibilidade e, segundo, reancorar as expectativas, expurgando os excessos nas projeções da pesquisa Focus, minimizando dúvidas sobre leniência inflacionária”, explica Ricardo Tadeu Martins, economista-chefe da Planner Investimentos. “Qualquer decisão diferente de 9×0 estará errada.”

O vai e vem da cotação do dólar

A moeda americana já vinha em trajetória de valorização em 2024, com fortalecimento frente ao real em meio à saída de capital estrangeiro do País causada pela perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Mas o humor piorou nos últimos dias.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

O movimento começou no dia 7, quando o dólar teve um salto de 1,42%, saindo de R$ 5,25 para R$ 5,32 em um único dia. A valorização aconteceu na esteira de novos dados sobre o mercado de trabalho americano. A criação de mais vagas de emprego do que o previsto surpreendeu negativamente os agentes econômicos e indica que a batalha contra a inflação pode não ter chegado ao fim por lá. Isso fez a cotação bater o maior patamar desde janeiro de 2023 – e esta semana não trouxe nenhum alívio.

Depois, no dia 12, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 5,43 durante um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou que o governo está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, mas que “não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia”.

As falas acentuaram o sentimento negativo de investidores em relação ao equilíbrio das contas do Brasil, em um momento em que o governo federal enfrenta dificuldades para aprovar no Congresso medidas que aumentem a arrecadação fiscal e, assim, ajudem a União a entregar a meta de déficit zero prometida para 2025.

Na quinta-feira (13), no entanto, os ânimos se acalmaram depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um discurso em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos, afirmando que as equipes econômicas do governo estão dando bastante força nesta pauta com uma reavaliação “ampla, geral e irrestrita das despesas do País”.

Com a reação mais amena do mercado ao cenário fiscal, o dólar conseguiu encerrar a sequência de altas que já durava a quatro pregões, com uma queda de 0,70% a R$ 5,36.

“O ministro da Fazenda está perdendo poder dentro do governo e o mercado ficou com medo de que algum político menos comprometido com o fiscal do Brasil pudesse assumir o lugar dele ou ganhar mais voz no governo; isso foi, especialmente, o que mais pesou na quarta-feira. Após a fala de Haddad sobre os avanços na agenda de revisão de gastos, os ativos locais passaram a operar em melhores níveis”, diz Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

Publicidade

Com isso, a moeda americana encerrou a última semana com uma alta de 1,12%.

O que esperar do câmbio no resto de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era que o dólar fechasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,05, mas há quem esteja mais negativo em relação à trajetória da moeda americana. Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, essa previsão é otimista, e para ele o patamar deve estar acima disso. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar nesse patamar no curto prazo”, diz.

O Itaú BBA, por exemplo, elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024.

Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.

A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro; agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank tem a mesma projeção. Algumas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

Publicidade

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Veja aqui os impactos do câmbio no dia a dia e no orçamento da casa, além de como ele afeta os investimentos.

*Com informações do Broadcast

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos