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Exterior dita o ritmo e dólar fecha em R$ 5,38; alta de 1,12% na semana

Prevalece a incerteza sobre a situação fiscal do país e o receio de que as instabilidades políticas desequilibrem o câmbio

Exterior dita o ritmo e dólar fecha em R$ 5,38; alta de 1,12% na semana
Dólar (Foto: Adobe Stock)
  • Ibovespa hoje: índice fecha em leve alta após apoio de Febraban a Haddad
  • O dólar encerrou esta sexta-feira (14) com uma alta de 0,25%, a R$ 5,38
  • Com isso, a moeda americana encerrou a semana com uma valorização acumulada de 1,12% – que poderia ter sido até mais alta, vista a variação sofrida pelo câmbio em pregões anteriores
  • Exterior ditou o ritmo desta sexta-feira, mas incerteza fiscal é a principal catalisadora da alta do dólar na semana

O dólar encerrou esta sexta-feira (14) com uma alta de 0,25%, a R$ 5,38. Com isso, a moeda americana encerrou a semana com uma valorização acumulada de 1,12% – que poderia ter sido até mais alta, vista a variação sofrida pelo câmbio em pregões anteriores.

Pela manhã, a moeda americana chegou a ser negociada em baixa, em uma primeira metade de pregão esvaziada que contribuiu para a estabilidade da cotação. O apoio institucional da Febraban, que representa os bancos no País, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião do ministro com representantes da entidade e do setor ajudou a amenizar os riscos domésticos que dominaram a pauta de investidores na semana. Às 12h09, o dólar à vista caía 0,30%, a R$ 5,3525.

“A queda refletia uma realização de lucros em meio à alta das commodities, como petróleo e minério de ferro, e a diminuição do estresse recente causado pela percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda”, explica Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank.

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Moeda americana chegou a ser negociada em baixa, em uma primeira metade de pregão esvaziada que contribuiu para a estabilidade da cotação

Ao longo do dia, no entanto, o humor virou em meio a uma onda de fortalecimento global da moeda americana, em comparação com pares emergentes do real, em especial o peso mexicano.

No balanço da semana, prevalece a incerteza em relação ao fiscal e o receio de que as instabilidades políticas envolvendo Haddad,  o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Federal possam, novamente, desequilibrar o câmbio. “A escalada do câmbio é atribuída ao risco fiscal no Brasil, com a falta de compromisso do governo em reduzir os gastos públicos, somada às incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos”, destaca Bazzo. “O mercado continuará monitorando de perto a alta do dólar.”

O vai e vem da cotação do dólar

A moeda americana já vinha em trajetória de valorização em 2024, com fortalecimento frente ao real em meio à saída de capital estrangeiro do País causada pela perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Mas o humor piorou nos últimos dias.

Há uma semana, na sexta-feira (7), o dólar teve um salto de 1,42% saindo de R$ 5,25 para R$ 5,32 em um único dia. A valorização aconteceu na esteira de novos dados sobre o mercado de trabalho americano. A criação de mais vagas de emprego do que o previsto surpreendeu negativamente os agentes econômicos e indica que a batalha contra a inflação pode não ter chegado ao fim por lá. Isso fez a cotação bater o maior patamar desde janeiro de 2023 – e esta semana não trouxe nenhum alívio.

Nesta quarta-feira (12), a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 5,43 durante um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que destacou que o governo está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”, mas que “não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia”. As falas acentuaram o sentimento negativo de investidores em relação ao equilíbrio das contas do Brasil, em um momento em que o governo federal enfrenta dificuldades para aprovar no Congresso medidas que aumentem a arrecadação fiscal e, assim, ajudem a União a entregar a meta de déficit zero prometida para 2025.

Na quinta-feira (13), no entanto, os ânimos se acalmaram depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um discurso em defesa da intensificação na agenda de revisão e corte de gastos, afirmando que as equipes econômicas do governo estão dando bastante força nesta pauta com uma reavaliação “ampla, geral e irrestrita das despesas do País”. Com a reação mais amena do mercado ao cenário fiscal, o dólar conseguiu encerrar a sequência de altas que já durava a quatro pregões, com uma queda de 0,70% a R$ 5,36.

“O ministro da fazenda Fernando Haddad está perdendo poder dentro do governo e o mercado ficou com medo de que algum político menos comprometido com o fiscal do Brasil pudesse assumir o lugar dele ou ganhar mais voz no governo; isso foi, especialmente, o que mais pesou na quarta-feira. Após a fala de Haddad sobre os avanços na agenda de revisão de gastos, os ativos locais passaram a operar em melhores níveis”, diz Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

O que esperar do câmbio no resto de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era que o dólar encerrasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,05, mas há quem esteja mais negativo em relação à trajetória da moeda americana. Para Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos, essa previsão é otimista, e para ele o patamar deve estar acima disso. “Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar nesse patamar no curto prazo”, diz.

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O Itaú BBA, por exemplo, elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024.

Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.
A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro; agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank fez o mesmo movimento. Algumas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Veja aqui os impactos do câmbio no dia a dia e no orçamento da casa, além de como ele afeta os investimentos.

*Com informações do Broadcast

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