- Movimento mostra uma preocupação com a situação fiscal brasileira voltando ao radar do mercado
- Fatores geopolíticos também contribuíram para a volatilidade dos últimos dias
- Resiliência da economia americana continua ditando mercado
O real ganhou força contra o dólar nos últimos dias, com a moeda americana batendo abaixo da marca dos R$ 5, na menor cotação desde 26 de setembro. Na quinta-feira (26), o dólar comercial teve uma leve queda de 0,23% e fechou o dia cotado a R$ 4,99. Na manhã desta sexta, 27, a moeda americana era negociada a -0,86% a R$ 4,95.
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Para os analistas, o movimento traz um ponto de entrada para a moeda norte-americana. “Comprar para investir fora, parece cada vez mais interessante neste cenário”, diz Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos. A afirmação leva em conta a previsão de recessão nos EUA em 2024, queda de juros no Brasil e o estresse fiscal precificado para o Brasil o ano que vem.
“A cotação abaixo dos R$ 5,00, que é a projeção do Banco Central do Brasil para o final deste ano, também representa uma excelente oportunidade de compra e diversificação de investimentos, diz Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
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Opinião parecida com a do diretor de tesouraria do banco de câmbio Braza Bank, Bruno Perottoni. “Vejo menos motivos para o dólar cair do que para o dólar subir, então considero um ponto de compra, sim”.
Situação fiscal
O movimento do câmbio mostra uma preocupação com a situação fiscal brasileira voltando ao radar do mercado, que passou os últimos meses mais focado nos juros americanos. A leitura é que o governo terá de recorrer a mais dívida em um cenário de deterioração da arrecadação.
“O mercado sinaliza ao governo que terá que pagar juros mais caros aos investidores e isso faz com que o investidor estrangeiro ainda mantenha o interesse em ter dinheiro aqui, em reais, aproveitando juros mais altos por mais tempo”, avalia Vitor Miziara.
Em linha com o Focus
Diego Costa destaca que a cotação atual está muito próxima do valor do início de outubro e em linha com as projeções do Boletim Focus do Banco Central para o final de ano.
Em outubro, o dólar teve variação significativa, atingindo máxima de R$ 5,2197 e mínima de R$ 4,9854. Na quarta (26), a moeda norte-americana fechou no terreno da estabilidade cravando os cinco reais.
Além da questão fiscal brasileira, os fatores geopolíticos também contribuíram para a volatilidade dos últimos dias. “O conflito no Oriente Médio provocou incertezas na oferta de petróleo e a desaceleração econômica chinesa tem aumentado o cálculo de risco nos investimentos”, observou Costa.
Dólar abaixo dos R$ 5 não dura
Bruno Perottoni, do Braza Bank, comenta que a semana começou com um cenário de maior tranquilidade nos mercados, que impactou no recuo no preço dos títulos americanos. “Isso refletiu em menores taxas no DI futuro no Brasil, fazendo o dólar ceder”.
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Perottoni não acredita num dólar abaixo dos R$ 5 por muito tempo, haja visto os fatores de risco de guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, além da preocupação com a economia americana. “Os fatores de risco estão sendo bem ponderados”, disse.