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Frigoríficos na Bolsa: o que esperar dos papéis até o fim do ano

Segmento foi um dos mais resilientes à crise e deve continuar com boa performance

Frigoríficos na Bolsa: o que esperar dos papéis até o fim do ano
(Paulo Whitaker/ Reuters)
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  • Setor de frigoríficos é um dos mais relevantes no Brasil e conta com multinacionais como BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) na B3
  • Segmento foi um dos mais resilientes à crise da pandemia da covid-19 e apresentou bons resultados no 2T20
  • Empresas devem continuar com bom desempenho no restante do ano, mas BRF e JBS têm melhores oportunidades para os investidores

O setor de frigoríficos é um dos mais relevantes para a economia do País, não só para a demanda interna, mas também para a exportação. Afinal, o Brasil é uma referência no segmento de proteína animal, um dos produtos mais vendidos e consumidos no mundo.

O Ibovespa, principal índice da B3, conta com quatro multinacionais do setor na composição de sua carteira, a BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3). Juntas, as ações representam 4,27% do IBOV, que é composto por outros 71 papéis.

Até o fechamento do mercado desta quinta-feira (27), o MRFG3 e BEEF3 acumulam alta de 79,42% e 2,65% em 2020, respectivamente. Já BRFS3 e JBSS3 queda de 44,03% e 8,41% no mesmo período.

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Apesar do desempenho negativo de duas companhias, especialistas consultados pelo E-Investidor destacam que o setor é um dos mais resilientes à crise e já apresentam boa performance desde 2019. “Continuamos vendo dados positivos mesmo no primeiro semestre do ano que foi muito afetado pela pandemia da covid-19”, diz Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.

O segmento de frigoríficos tem, de fato, despertado o interesse de investidores. Tanto é que venceu a enquete do E-Investidor do último final de semana sobre qual categoria entre três merecia uma análise, com 42,6% dos votos.

Como o mercado avalia a situação atual do setor?

Os quatro frigoríficos divulgaram, entre os dias 12 e 13 de agosto, seus resultados referentes ao 2T20. Com exceção da BRFS3, todos os papéis se valorização desde então. O mercado avaliou de maneira positiva os dados apresentados pelas companhias.

“As empresas mais dependentes de exportação passaram bem pela crise, porque a demanda mundial continuou forte e a alta do dólar também impulsionou as receitas”, afirma Yuri Veras Cavalcante, sócio e assessor de Investimentos do Grupo Aplix.

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No trimestre, a Marfrig teve lucro líquido de R$ 1,59 bilhão, em aumento de 1.743% em relação ao mesmo período do ano passado, a Minerva de R$ 253,4 milhões, ante prejuízo de R$ 113,3 milhões no mesmo período de 2019 e a JBS de R$ 3,4 bilhões, alta de 54,8% em referência ao ano passado. Já A BRF registrou queda de 5,5% em comparação com o resultado de 2019, com R$ 307 milhões de ganhos.

“Os resultados do 2T20 mostram de forma clara que o setor foi um dos melhores, mesmo com a crise”, comenta França, salientando que a alta busca, principalmente dos EUA, pela carne bovina foi o principal fator que impulsionou as empresas.

Além da grande demanda, as companhias também foram beneficiadas pelo preço da carne que ficou mais cara no país norte-americano. A disseminação da covid-19 entre funcionários obrigou diversos frigoríficos dos EUA a fecharem temporariamente.

Dessa forma, o preço do gado vivo ficou mais barato, pois não havia compradores para abatê-los. Contudo, a forte procura pelo produto final fez seu preço subir, compensando e até impulsionando o caixa das empresas. “O que não era para ser uma notícia positiva acabou sendo bem favorável para as companhias”, diz o analista da Ágora.

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Neste cenário, a BRF não conseguiu acompanhar o movimento do resto do setor justamente por não estar posicionada no mercado bovino. “As empresa se expõe a segmentos diferentes e por isso os resultados são distintos”, explica Cavalcante.

Ou seja, fatores internos de cada companhia também foram diferenciais para o desempenho dos papéis. “A forma como a empresa é gerida também interfere no desempenho”, diz o sócio do Aplix.

O que esperar do setor?

Com o mercado acreditando que o pior parte da crise causada pela pandemia da covid-19 já ficou para trás, os frigoríficos devem continuar reportando bons desempenhos com o reaquecimento das economias. “O setor como um todo ainda tem potencial de crescimento daqui para frente”, diz Cavalcante.

“2020 vai ser um ano muito bom para esses companhias”, concorda França, afirmando que tanto a demanda interna como externa devem aumentar e continuar beneficiando as empresas.

Apesar disso, o analista da Ágora aponta que a BRF e a JBS contam com uma relação risco e retorno mais interessante aos investidores. “As empresas acabaram ficando para trás na tendência de alta, mas agora apresentam os melhores potenciais”.

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Sobre a ação da BRF (BRFS3), a mais afetada do setor, França afirma que a demanda pelos alimentos processados deve aumentar no restante do ano, beneficiando a empresa que é dona das marcas Sadia e Perdigão. Dessa forma, os papéis devem ser impulsionados pelo segmento, que tem peso relevante nos lucros da companhia.

“As pessoas comem muitos alimentos pré-prontos e sempre priorizam as marcas conhecidas”, diz França. A BRFS3 tem recomendação de compra pela Ágora e preço-alvo de R$ 28. O papel é cotada a R$ 19,70 até o fechamento do mercado desta quinta-feira (26).

Já com relação a JBS (JBSS3), como a demanda nacional e internacional por carne bovina deve continuar grande, tanto JBS como Marfrig e Minerva devem seguir com bons desempenhos. Porém, como a empresa dos irmãos Batista é a mais descontada, ela também é a que tem o melhor potencial de valorização.

“As outras já precificam a tendência de alta do setor”, afirma França. A Ágora tem recomendação de compra para a JBSS3 e preço-alvo de R$ 33. Atualmente o papel vale R$ 17,87.

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