Veja quais devem ser os impactos nos frigoríficos (Foto: Adobe Stock)
O surgimento de casos de gripe aviária no Brasil causou uma debandada na compra de aves brasileiras por diversos países. O último a confirmar a suspensão da compra temporariamente foi o México neste sábado (17). Outras nações também fecharam as portas para as aves brasileiras, como China, Argentina, Uruguai, Chile e União Europeia (UE). Analistas ouvidos pelo E-Investidor dizem que a empresa do setor que mais deve sofrer com esse cenário é a BRF (BRFS3), enquanto as demais listadas na B3, segundo eles, terão impactos menores.
Os casos de gripe aviária foram registrados no Rio Grande do Sul, mas o Ministério da Agricultura e Pecuária está investigando a possibilidade de novas infecções em Minas Gerais, Ceará e Tocantins. O Brasil é o maior produtor e exportador de frango do mundo, responsável por 35% do comércio mundial da proteína. Em 2024, o Brasil exportou 5,157 milhões de toneladas de carne de frango, com receita de US$ 9,742 bilhões.
Para Artur Horta, especialista em investimentos da GTF, os frigoríficos listados na Bolsa exportam para todos os países que suspenderam a importação de carne de frango brasileira. No entanto, a China é o maior mercado de exportação para o Brasil no ramo. Por isso, ele acredita que o impacto da suspensão da compra de frango por outros países será menor. O especialista observa que somente uma empresa está imune a esse problema de curto prazo.
“A Minerva (BEEF3) é a única que não será afetada, porque as operações dela no Brasil incluem somente carne bovina. A Marfrig (MRFG3) também tem apenas operações de carne bovina. No entanto, ela é uma companhia que controla a BRF e os resultados da subsidiária interferem no resultado da Marfrig”, argumenta Horta.
Qual frigorífico será o mais penalizado pela gripe aviária?
Acilio Marinello, sócio fundador da Essentia Consulting, diz que a BRF é a empresa que tende a ser mais impactada por essas restrições. Segundo ele, as marcas Sadia e Perdigão são as principais a sofrerem com essa restrição, principalmente para o mercado chinês. “Porém, como está em curso esse processo de fusão com a Marfrig, quando você olha o conglomerado, o efeito passa a ser bem limitado”, diz Marinello.
O especialista entende que a BRF deve sofrer mais. Entretanto, ele pontua que os frangos deixarão de ser exportados por um valor agregado maior e terão aumento consumo no mercado doméstico no Brasil. Marinello reforça que a trava contra o frango brasileiro com gripe aviária lá fora deve aumentar enormemente a disponibilidade desses frangos em um cenário de preços elevados das demais proteínas.
“Apesar de ter uma queda da receita, o mercado doméstico ainda vai suprir e gerar uma receita considerável. A queda será forte, mas não a ponto de gerar um comprometimento no faturamento dessas empresas, principalmente no da BRF”, explica Marinello.
Artur Horta, da GTF Capital, lembra que a JBS(JBSS3) também pode sentir os solavancos dessa suspensão por causa da marca Seara, que exporta aves. Ainda assim, ele concorda com Marinello: o impacto será somente no curto prazo, visto que a suspensão chinesa é de apenas 60 dias.
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Horta reforça que se as ações das companhias caírem a partir da segunda-feira por causa dessa suspensão, será algo de muito curto prazo – o investidor não deve se preocupar tanto com a questão. “De certa forma, é comum a gente ver notícias sobre a gripe aviária e a vaca louca, pelo menos uma ou duas vezes por ano. Já é uma situação, apesar de adversa, que os frigoríficos estão acostumados a lidar e possuem mecanismos de proteção”, afirma Horta.
Qual é a melhor ação de frigoríficos para ter na carteira neste momento?
Para encarar esse momento, os analistas citam uma ação em comum, a JBS. O especialista da GTF Capital, Artur Horta, lembra que é a empresa mais diversificada do setor por ter operação em praticamente todos os continentes. Afirma ainda que a companhia tem fornecedores do mundo inteiro e atua com a venda de outras proteínas, como carne de boi, porco, frango, peixe e ovinos. “A JBS é a mais diversificada e consegue enfrentar esse cenário com mais resiliência”, diz Horta.
Marinello, da Essentia Consulting, vai além da JBS: recomenda o investidor ter na carteira as ações da Marfrig e BRF – mesmo que a segunda seja a mais afetada pelas restrições de exportação devido à gripe aviária, a fusão entre as duas tende a ser muito positiva no longo prazo e gerar uma gigante do setor.