

O governo federal indiciou o ex-ministro da Fazenda no Governo Dilma Rousseff, Guido Mantega, para o Conselho Fiscal da Eletrobras (ELET3;ELET6) e outros três nomes ligados ao PT para o Conselho de Administração da companhia. As indicações fazem parte do acordo, que ocorreu no fim de fevereiro deste ano, para o fim da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), movida pelo Advocacia Geral da União (AGU), que questionava o modelo de privatização da companhia e buscava resgatar para o governo o controle das decisões da empresa.
Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, avalia que as indicações não prejudicam a tese de investimentos da Eletrobras ou que possam elevar o risco interferência política dentro da companhia. A movimentação já era esperada pelo mercado dado o acordo da União com a empresa realizado no fim de fevereiro. “Embora possa causar algum tipo de ruído, seria natural esperar que o governo iria indicar alguns nomes para o cargo. Sem contar que ainda há uma tramitação legal para aprovação”, diz França.
O especialista diz ainda que o termo de conciliação para o fim da ADI garantiu a limitação do poder de voto de acionistas a 10%, o que mitigou o risco político em torno da empresa. “Está tudo dentro dos conformes”, acrescenta França. Já Vitor Sousa, analista de energia da Genial Investimentos, acredita que o desconto dos investidores pode surgir com o nome de Guido Mantega. No ano passado, o governo tentou emplacar sem sucesso o nome do ex-ministro da Fazenda para o conselho de administração da Vale. Como mostramos aqui, as ações da companhia sofreram uma queda superior a 10% com a repercussão da indicação.
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“Não acho que a indicação possa alterar a tese. Por bem ou por mal, o investidor sabe que o governo federal tem posição na Bolsa, ainda que sendo uma minoria dentro do Conselho”, comenta Sousa. Além do ex-ministro da Fazenda, o governo federal indicou Nelson Hubner, ex-diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); Maurício Tolmasquim, diretor executivo de transição energética e sustentabilidade da Petrobras; e Silas Rondeau, ex-ministro de Minas e Energia. Os nomes precisam ser aprovados na Assembleia Geral Ordinária, prevista para ocorrer no dia 29 de abril.
É hora de comprar as ações da Eletrobras?
A repercussão em torno das indicações do governo para os conselhos da Eletrobras trouxe volatilidade para os papéis da companhia. Por volta das 12h (horário de Brasília), as ações ordinárias da companhia recuam 1,63%, enquanto as preferenciais apresentam quedas de 1,81%. Contudo, a Genial Investimentos enxerga a atual precificação do papel como uma oportunidade de compra para os investidores.
Como mostramos aqui, a corretora avalia que o acordo da empresa com a União para o fim da ADI e a recuperação dos preços de energia devido às chuvas menos intensas podem proporcionar um ano de 2025 promissor para a Eletrobras. Por essa razão, a Genial estima um preço-alvo de R$ 52 para as ações ordinárias, o que representa um potencial de valorização de 27% em comparação à cotação atual.
A Ágora Investimentos também mantém uma recomendação de compra para a Eletobras por ser considerado um player relevante no setor elétrico do País. “A empresa responde por mais de 20% da capacidade de geração de energia e quase 40% das linhas de transmissão do País. O seu valuation parece não refletir o seu potencial”, diz França. A Ativa Investimentos considera a mesma perspectiva para a companhia e recomenda a compra das ações tanto ordinárias quanto preferenciais da Eletrobras (ELET3;ELET6), com um preço-alvo de R$ 54 e R$ 59, respectivamente.