Trump anunciou hoje uma tarifa de 50% para produtos brasileiros. A decisão foi justificada principalmente como resposta ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. “O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu.
Mais cedo, o republicano disse que iria informar a taxa para o Brasil até quinta-feira (10), ao responder a uma pergunta sobre cartas estabelecendo tarifas a produtos importados. “O Brasil não tem sido bom para nós”, disse em coletiva durante almoço multilateral com líderes africanos na Casa Branca nesta quarta-feira.
Para Arthur Barbosa, analista da Aware Investments, as preocupações com as taxas pressionaram o IBOV hoje. “As tarifas de importação impostas têm potencial para pressionar os preços na economia dos Estados Unidos, reduzindo as chances de cortes adicionais nas taxas de juros ainda este ano. A perspectiva de juros mais elevados por um período prolongado torna os títulos americanos mais atrativos em relação aos ativos de risco globais, incentivando a saída de capitais de economias emergentes e direcionando fluxos para a economia americana”, avalia.
Os papéis da Embraer (EMBR3), que na semana passada valorizaram 11,86%, cotados a R$ 83,49, tiveram forte queda nesta quarta (9). A valorização da semana anterior foi impulsionada pela divulgação de um contrato avaliado em R$ 21,7 bilhões para a venda de 55 jatos, além de um resultado operacional considerado positivo pelos investidores. Com forte presença da empresa nos EUA – em contratos com companhias como a American Airlines e SkyWest, para quem a brasileira vende jatos E-175 -, as ações da Embraer caíram 5,55% no Ibovespa hoje, a R$ 76,65, antes do anúncio de Trump sobre a tarifa de 50% a importações brasileiras.
Nesse cenário, segundo ele, o movimento penaliza as aplicações na Bolsa brasileira e intensifica a fuga de recursos de ativos de risco, principalmente por investidores estrangeiros.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,61%, 0,49% e 0,94%, respectivamente. O mercado também monitorou a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). O documento mostrou que a “maioria” dos dirigentes do Fed avaliou que alguma redução nas taxas de juros este ano “provavelmente é apropriada”, já que a pressão ascendente sobre a inflação por meio de tarifas “pode ser temporária ou modesta”. Por outro lado, “alguns” dirigentes consideram que o caminho mais apropriado para a política monetária é da ausência de reduções na taxa básica, considerando a inflação acima da meta de 2%.
O dólar hoje fechou em alta de 1,04%, R$ 5,5024. “Os aumentos das tensões comerciais voltaram aos holofotes e contribuíram para um movimento de aversão ao risco dos ativos locais, agravada pelo desempenho negativo do Ibovespa e reforçando o movimento defensivo do mercado cambial, em uma pregão com liquidez reduzida devido ao feriado em São Paulo”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Braskem (BRKM5), Vamos (VAMO3) e BRF (BRFS3).
Braskem (BRKM5): 6,02%, R$ 9,86
As ações da Braskem (BRKM5) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, subindo 6,02% a R$ 9,86. O movimento ocorreu após a Câmara dos Deputados ter aprovado, na noite de terça-feira (8), o pedido de urgência para a análise do Programa Especial para a Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ), projeto de lei que cria um programa de incentivo para o setor. Veja os detalhes aqui.
A BRKM5 está em alta de 8,71% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,85%.
Vamos (VAMO3): 2,31%, R$ 3,99
Quem também se saiu bem foi a Vamos (VAMO3), que avançou 2,31% a R$ 3,99.
A VAMO3 está em baixa de 4,55% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 16%.
BRF (BRFS3): 1,67%, R$ 22,5
Na lista de destaques positivos, estiveram ainda as ações da BRF (BRFS3), que fecharam em alta de 1,67% a R$ 22,5. Foi publicada nesta quarta-feira (9) no Diário Oficial da União (DOU) a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que determina que Marfrig (MRFG3) e BRF apresentem defesa formal sobre o recurso da Minerva (BEEF3) contra a fusão entre as duas companhias. Com isso, começa oficialmente a contar o prazo de dez dias corridos para que as empresas se manifestem.
A BRFS3 está em alta de 11,72% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,28%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Petrorecôncavo (RECV3), Marfrig (MRFG3) e CVC (CVCB3).
Petrorecôncavo (RECV3): -5,36%, R$ 13,94
As ações da Petrorecôncavo (RECV3) lideraram as perdas do Ibovespa hoje, tombando 5,36% a R$ 13,94. Na véspera, os papéis chegaram a saltar 3,16%.
A RECV3 está em baixa de 2,72% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 9,42%.
Marfrig (MRFG3): -4,73%, R$ 22,56
Quem também se saiu mal foi a Marfrig (MRFG3), que recuou 4,73% a R$ 22,56.
A MRFG3 está em baixa de 1,48% no mês. No ano, acumula uma valorização de 32,47%.
CVC (CVCB3): -4,51%, R$ 2,33
Entre os destaques negativos do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações da CVC (CVCB3), que derreteram 4,51% a R4 2,33.
A CVCB3 está em baixa de 2,92% no mês. No ano, acumula uma valorização de 68,84%.
*Com Estadão Conteúdo