O Irã lançou ataques contra alvos americanos no Oriente Médio como retaliação ao bombardeio contra suas centrais nucleares feito pelos Estados Unidos no fim de semana. De acordo com a mídia estatal iraniana, o alvo foi a Base Aérea de Al-Udaid, a maior e mais estratégica dos EUA na região, que abriga o Comando Central americano. Não houve danos nem vítimas, segundo o Pentágono.
No final de semana, parlamentares iranianos recomendaram que o governo respondesse aos ataques dos EUA fechando o Estreito de Ormuz, por onde escoa cerca de 20% da produção de petróleo mundial. Para entrar em vigor, no entanto, a proposta ainda precisa da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Para Bruno Fratelli, economista da Journey Capital, em um cenário extremo, com o bloqueio efetivo de Ormuz, existiria um risco para o crescimento econômico global e um avanço da inflação na maioria dos países. “No caso do câmbio, o comportamento do real dependeria de forças opostas. De um lado, a aversão a risco global poderia gerar um movimento de valorização da moeda americana e saída de capital de mercados emergentes no curto prazo. De outro, os riscos envolvendo a dinâmica fiscal dos Estados Unidos, combinada aos riscos tarifários, poderiam enfraquecer o dólar no médio e longo prazo”, diz.
Os contratos futuros de petróleo tombaram perto de 7% nesta segunda-feira, em uma sessão volátil, com a avaliação de que as ações de contra-ataque do Irã foram limitadas, sem atacarem alvos ligados à commodity. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de WTI para agosto fechou em queda de 7,22% a US$ 68,51 o barril, enquanto o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 6,67% a 70,52 o barril.
“Essa mudança nos preços do petróleo sinalizou uma reavaliação do mercado, indicando que a retaliação iraniana aos ataques no final de semana não visava diretamente a infraestrutura de petróleo, diminuindo o temor de uma disrupção severa e sustentada no fluxo global de energia”, afirma Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Dentro da carteira do Ibovespa, as ações de maior peso ficaram mistas. Os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) acentuaram perdas à tarde, acompanhando a desvalorização dos contratos de petróleo. Enquanto os ordinários (PETR3) recuaram 2,81%, os preferenciais (PETR4) cederam 2,5%. Já os ativos da Vale (VALE3) subiram 1,26%, encerrando na máxima da sessão, após registrarem baixa de 4,24% na última semana.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,96%, 0,89% e 0,94%, respectivamente. No noticiário corporativo, ações ligadas ao petróleo, como Chevron (CVX) e Exxon Mobil (XOM), cederam 1,8% e 2,58%. respectivamente. Já a Tesla (TSLA) subiu 8,24% após o lançamento do serviço de robo-táxi, em Austin, Texas, que possui tecnologia de direção autônoma baseada em inteligência artificial (IA) desenvolvida internamente pela companhia de Elon Musk.
O dólar hoje fechou em queda de 0,39% a R$ 5,5032, enquanto o índice DXY, que compara a moeda americana com seis divisas fortes, recuou 0,29% aos 98,416 pontos. O dólar foi pressionado por comentários da vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman, que sinalizou abertura para um corte de juros já na próxima reunião do banco central americano em julho.
Como explicamos aqui, para o câmbio, um eventual relaxamento monetário no país reduziria o diferencial de juros dos Estados Unidos em relação a outras economias desenvolvidas, o que diminuiria a atratividade das operações de carry trade – estratégia de investimento que consiste em tomar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos e investir em outro que ofereça taxas mais altas.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e RD Saúde (RADL3).
BRF (BRFS3): 4,67%, R$ 21,76
As ações da BRF (BRFS3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, subindo 4,67% a R$ 21,76.
A BRFS3 está em alta de 7,19% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,2%.
Marfrig (MRFG3): 4,46%, R$ 24,36
Acompanhando os ativos da BRF (BRFS3), os papéis da Marfrig (MRFG3) também subiram no pregão desta segunda-feira. As ações fecharam o dia em alta de 4,46% a R$ 24,36. A empresa remarcou a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para tratar da incorporação da BRF (BRFS3) para o dia 14 de julho de 2025. Veja os detalhes aqui.
A MRFG3 está em baixa de 4,13% no mês. No ano, acumula uma valorização de 43,04%.
RD Saúde (RADL3): 3,64%, R$ 14,51
Outro destaque positivo foi a RD Saúde (RADL3), que registrou ganhos de 3,64%, encerrando a sessão cotada a R$ 14,51.
A RADL3 está em baixa de 2,29% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 33,65%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Cosan (CSAN3), Vamos (VAMO3) e Raízen (RAIZ4).
Cosan (CSAN3): -4,67%, R$ 6,94
As ações da Cosan (CSAN3) registraram a pior queda do Ibovespa hoje, finalizando o pregão em baixa de 4,67% a R$ 6,94. “A empresa continua muita alavancada e o mercado está reticente sobre a boa execução do plano de desalavancagem”, explicou o sócio da AAX Investimentos, Rodrigo Brolo, ao Broadcast.
A CSAN3 está em baixa de 15,67% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,95%.
Vamos (VAMO3): -4,24%, R$ 4,29
Na lista de principais baixas, estiveram ainda as ações da Vamos (VAMO3), que cederam 4,24% a R$ 4,29. Os papéis da empresa já haviam tombado 7,44% na sexta-feira (20) e 3,2% na quarta-feira (18).
A VAMO3 está em baixa de 13,68% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 9,68%.
Raízen (RAIZ4): -4,07%, R$ 1,65
Quem também se saiu mal foi a Raízen (RAIZ4), que recuou 4,07% a R$ 1,65 no pregão.
A RAIZ4 está em baixa de 14,95% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 23,61%.
*Com Estadão Conteúdo