Sede do J.P. Morgan em Londres (Foto: Neil Hall/Reuters)
(Estadão Conteúdo) – Em meio à persistente pressão inflacionária e ao crescente risco político, o JP Morgan elevou a projeção para a taxa Selic no fim do ciclo de 7,5% para 9,0%, com mais três aumentos de 1,0 ponto porcentual este ano e um último de 0,75 ponto no início de 2022. Esse patamar deve ser mantido até o fim do ano que vem, segundo o banco. O JP reconhece ainda que há risco de o Banco Central acelerar o ritmo de alta de juros, apesar do risco sobre a economia.
Com a previsão de Selic maior e a elevada incerteza política e de política econômica, o banco também reduziu a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, de 1,5% para 0,9%. Para 2021, também houve um ajuste para baixo, de 5,2% para 5,1%.
Em relatório, a economista-chefe do banco, Cassiana Fernandez, e o economista Vinicius Moreira, destacaram que apesar da redução do tom do presidente Jair Bolsonaro no fim da semana passada, a tensão política deve continuar alta com o ciclo eleitoral de 2022.
Além disso, as surpresas inflacionárias continuam, como no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto (0,87%), que levou o banco a revisar a projeção para o ano a 7,9% – muito acima do teto da meta (5,25%). Da mesma forma, as estimativas do mercado, no Boletim Focus, já estão em 8,20% para este ano e 4,03% em 2022, acima do centro da meta (3,50%), destacam Fernandez e Moreira.
“O aumento da inflação e das expectativas de inflação em meio às preocupações fiscais maiores estão elevando a pressão sobre o Banco Central para entregar um aperto monetário maior”, frisaram.
“Apesar da nossa convicção de que o passo de 1,0 ponto é apropriado no momento, já que estamos nos aproximando das estimativas de juro neutro, nós reconhecemos que o BC pode tentar conter as expectativas de inflação e o receio do mercado de um aumento maior dos juros com uma ação mais tempestiva e agressiva”, completaram, citando que a leitura das recentes comunicações sugerem que a porta está aberta.
Porém, a opção por manter o cenário de altas de 1,0 ponto deve-se à incerteza em relação ao ritmo de crescimento subjacente da economia e da inflação em meio à normalização econômica global e também à defasagem de política monetária.
Publicidade
Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), além das fricções institucionais e da Selic mais alta, o banco cita o ambiente mais desafiador para o crescimento global e o preço de commodities.
“Continuamos a assumir um desenvolvimento mais favorável no que diz respeito à água e a crise de abastecimento de energia, com as chuvas do próximo ano mais próximas da média histórica. No entanto, vemos chances crescentes de um cenário negativo para a crise hídrica, principalmente à medida que as autoridades controlam o impacto sobre os preços, levando a escassez de energia não intencional”, disseram, citando a projeção de 3,7% para o IPCA de 2022.