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Como os bancos dos EUA estão se preparando para a queda na economia

Instituições financeiras, no entanto, ainda não percebem nenhum grande sinal de perigo

Como os bancos dos EUA estão se preparando para a queda na economia
O banco alega que foi enganado por Charlie Javice, mas a jovem nega. (Foto: Dylan Martinez/Reuters)
  • O diretor-executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, alertou para “significativos ventos contrários imediatamente diante de nós”, citando uma inflação “teimosamente alta”
  • Mas ele também afirmou que os consumidores continuam “saudáveis”, já que muitas aberturas de vagas de emprego e bastante dinheiro ainda poupado nos lares, por agora, mantiveram em alta os gastos com cartão de crédito
  • Todos os bancos disseram que antecipam uma queda de ritmo na economia, mas não têm certeza de como isso irá ocorrer

Os grandes bancos estão se preparando para uma diminuição de ritmo na economia, mas ainda não percebem nenhum grande sinal de perigo, enquanto o gasto em consumo permanece firme, apesar do abalo que a turbulência no mercado surtiu sobre os ganhos no último trimestre.

Citigroup, JPMorgan Chase e Wells Fargo afirmaram na sexta-feira (14) que aumentaram suas reservas para se resguardar contra futuras perdas com empréstimos — um sinal de possíveis problemas, com taxas de juros em ascensão colocando pressão sobre os tomadores de empréstimo e a alta inflação cerceando o gasto.

O diretor-executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, alertou para “significativos ventos contrários imediatamente diante de nós”, citando uma inflação “teimosamente alta”, os riscos geopolíticos da guerra na Ucrânia e a “frágil condição” da oferta e do preço do petróleo.

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Mas ele também afirmou que os consumidores continuam “saudáveis”, já que muitas aberturas de vagas de emprego e bastante dinheiro ainda poupado nos lares mantiveram em alta os gastos com cartão de crédito e os empréstimos ruins em baixa. Outros diretores de bancos ecoaram esta análise com graus variados de confiança, enquanto descreveram pontos que consideravam problemáticos.

Os lucros no terceiro trimestre de 2022, informados pelos bancos na sexta-feira, foram menores do que um ano atrás, refletindo principalmente as oscilações nos mercados financeiros globais, que levaram a juros mais baixos para bancos de investimentos, enquanto a captação de recursos corporativos e as fusões foram congeladas.

Os resultados dos bancos podem ser resumidos como “ventos de popa nos bancos comerciais mitigados pelos problemas dos bancos do capital financeiro”, afirmou Mike Mayo, analista do Wells Fargo que acompanha há muito tempo o setor bancário.

O JPMorgan ganhou US$ 9,7 bilhões no terceiro trimestre de 2022, uma queda de 17% em relação ao ano anterior, com sua renda ascendendo a aproximadamente US$ 33 bilhões, contra US$ 30 bilhões em 2021.

Os gastos do banco cresceram conforme a instituição restituiu US$ 727 milhões em dívidas ruins e revelou que tinha sofrido US$ 959 milhões em perdas relativas a títulos de investimento.

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Não obstante, os resultados foram melhores do que analistas tinham previsto, e Dimon disse que seu banco poderá retomar as recompras de ações, que tendem a elevar o preço das ações das empresas, no próximo ano.

O Citigroup também afirmou que poderá reativar suas recompras no próximo ano. O lucro do banco no terceiro trimestre caiu 25% em relação ao ano anterior, para US$ 3,5 bilhões, uma queda menor do que a antecipada por analistas, em parte por causa de resultados resilientes em sua unidade para correntistas. Gastos com cartão de crédito, por exemplo, cresceram 14%. O lucro geral do banco cresceu 6%, para US$ 18,5 bilhões.

Mas a diretora-executiva do Citigroup, Jane Fraser, alertou para “mercados muito difíceis e crescimento mais lento” diante do banco. A emissão geral de crédito do Citi caiu conforme o banco abandonou vários empreendimentos internacionais, e a instituição afirmou que encerrará totalmente seus negócios na Rússia nos próximos seis meses.

O mercado de hipotecas em baixa castigou o Wells Fargo, onde o lucro com empréstimos imobiliários caiu 52% em relação ao ano anterior. “Estamos vendo um novo declínio na compra conforme os juros aumentam”, afirmou o diretor financeiro do banco, Mike Santomassimo.

Mesmo assim, “tanto os correntistas quanto as empresas clientes continuam em uma sólida condição financeira”, afirmou o diretor-executivo do Wells Fargo, Charles Scharf. O lucro do banco no terceiro trimestre superou as expectativas dos analistas, crescendo 4% em relação ao ano anterior, para US$ 19,5 bilhões.

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Os resultados do Wells Fargo incluíram uma perda de US$ 2 bilhões relacionada a escândalos passados envolvendo contas falsas, baixando seu lucro para US$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre, 30% mais baixo do que no mesmo período do ano passado. O crescimento do banco foi prejudicado por uma restrição na capitalização de ativos imposta em 2018 pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), e Scharf afirmou que mais perdas “relacionadas a alguns desses assuntos históricos” são prováveis.

O Morgan Stanley, que depende de Wall Street mais pesadamente do que outros bancos, sofreu uma queda de 30% no lucro, atingindo US$ 2,6 bilhões, no que o diretor-executivo do banco, James Gorman, descreveu como “um dos trimestres mais difíceis que tivemos em 15 anos”. Os ganhos do banco subscrevendo ofertas de ações e títulos, aconselhando empresas a respeito de fusões e negociando ações caíram acentuadamente.

O valor da ação do Morgan Stanley caiu 5% na sexta-feira, enquanto as ações do JPMorgan, do Citi e do Wells Fargo subiram, refletindo a discrepância entre bancos mais voltados para o capital financeiro e aqueles voltados para correntistas.

Todos os bancos disseram que antecipam uma queda de ritmo na economia, mas não têm certeza de como isso irá ocorrer. “Pode ocorrer qualquer coisa, desde um pouso suave a uma dura recessão”, afirmou Dimon a repórteres.

As vendas no varejo nos Estados Unidos mal se alteraram no mês passado em comparação a agosto, de acordo com um relatório do governo publicado na sexta-feira. As vendas de itens mais caros caíram em lojas de automóveis, móveis e eletrônicos.

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“O gasto do consumidor está diminuindo, e acreditamos ser uma questão de tempo até que condições de recessão levem os consumidores a evitar ainda mais os gastos”, afirmou Oren Klachkin, analista da consultoria Oxford Economics, em nota aos clientes da firma./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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