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Mercado chinês: entenda por que você deveria estar de olho nele

Na lista das 10 maiores empresas de capital aberto da Forbes, cinco são chinesas

Mercado chinês: entenda por que você deveria estar de olho nele
Painel indica os índices positivos da bolsa chinesa em Xangai; perspectiva de um vigoroso bull market. (Alex Plavevski/ EFE)
O que este conteúdo fez por você?
  • Apesar da crise provocada pelo novo coronavírus, o Fundo Monetário Internacional projeta um crescimento de 1,9% do PIB chinês
  • Álvaro Marangoni, sócio da Quadrante Investimentos, explica que o mercado chinês é extremamente limitado. Apenas 5,4% das ações são de investidores estrangeiros
  • Principais índices, de Shenzhen e Shanghai, registram alta de 10% e 30% em 2020

(Luiz Felipe Simões) – O mercado chinês tem dado o que falar. Não é novidade que o país do oriente vem conquistando cada vez mais espaço no cenário internacional. Ao todo, suas três bolsas somadas têm valor de mercado superior a US$ 10 trilhões.

Em tempos de pandemia e crise global, a China é a única grande economia a registrar crescimento este ano. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a expectativa é que o PIB chinês cresça em torno de 1,9% até o final do ano, valor bem abaixo dos 6,1% registrados em 2019.

Apesar do caos provocado pelo novo coronavírus, os principais índices das bolsas continentais chinesas registram altas que vão de 10% a 30%. Em contrapartida, o índice da ilha de Hong Kong apresenta uma baixa de 9,92 % ao longo do ano.

Quais são as bolsas e os índices do mercado chinês?

Ao todo, são três bolsas de valores chinesas. Na parte continental, temos a Shanghai Stock Exchange (SSE), que possui em torno de 1,7 mil companhias listadas e valor de mercado de aproximadamente US$ 6 trilhões.

Há também a Shenzhen Stock Exchange (SZSE), com valor de mercado de cerca de US$ 4,5 trilhões e quase 2,3 mil empresas listadas.

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Álvaro Marangoni, sócio na Quadrante Investimentos, explica que em ambos os mercados locais, Shenzhen e Shanghai, as ações listadas são Classe A e B. “As ações classe A são denominadas em yuans e negociadas nas duas bolsas. Já as ações classe B são denominadas em dólares americanos na bolsa de Shanghai e em dólares de Hong Kong na bolsa de Shenzhen”, explica Marangoni.

Cada uma delas tem índices próprios – os principais são o SSE 180 e o SZSE Component. O SSE 180 tem como objetivo selecionar os 180 papéis que melhor representam o mercado de ações de Shanghai. Já o SZSE Component Index é feito com as 500 maiores e mais líquidas empresas negociadas na bolsa Shenzhen.

Já fora do continente, temos a Hong Kong Stock Exchange (SEHK), acompanhada pelo índice Hang Seng, responsável por monitorar as 50 maiores e mais líquidas empresas negociadas na ilha.

A bolsa de Hong Kong é a mais antiga das três. Foi fundada em 1891, contudo, só obteve esse nome após uma reformulação feita em 1914. Atualmente, as suas 2,5 mil empresas listadas somam valor de mercado superior a US$ 4,5 trilhões.

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Apesar dos altos valores, números de empresas e trilhões de dólares, Marangoni explica que o mercado chinês representa apenas 25% do mercado americano. A Nasdaq e a NYSE juntas têm uma capitalização na faixa dos US$ 40 trilhões.

Quais são os seus maiores setores?

Logo quando pensamos em mercado chinês, o primeiro setor que vem à mente é o de tecnologia – mas o raciocínio pode ser enganoso.

Segundo estimativas do instituto de pesquisas industriais Ibis World, o setor da construção civil fica em primeiro lugar, com receita estimada de US$ 2,486 trilhões para 2020. Ainda de acordo com o relatório, nos últimos cinco anos o setor teve um crescimento médio anual de 4,8%, Atualmente há mais de 32 mil empresas de construção chinesas.

Ocupando o segundo lugar, temos o setor de desenvolvimento e gestão imobiliária, com uma receita estimada de US$ 1,957 trilhão para 2020. segundo o estudo, a numerosa população chinesa e o rápido processo de urbanização têm um papel fundamental para o crescimento da demanda por residências no país.

O terceiro maior setor da China é o de compras online, cuja expectativa de receita para 2020 é de US$ 1,774 trilhão. Nos últimos cinco anos, o setor apresentou um crescimento médio anual de 22,5%. Tal desempenho pode ser atribuído ao aumento da popularidade dos e-commerces e aos esforços para melhorar os serviços dos negócios online.

Quais são as maiores empresas?

Em maio de 2020, a revista americana Forbes divulgou a sua lista das 2 mil maiores empresas listadas em bolsa. Dentre as 10 primeiras colocadas, cinco são chinesas.

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O primeiro colocado é o ICBC (Industrial & Commercial Bank of China Ltd) ou Banco Industrial e Comercial da China, que possui um valor de mercado de US$ 242,3 bilhões e é considerado como um dos maiores bancos do mundo. Assim como outras instituições, o ICBC vem amargando uma queda de 16,92% ao longo de 2020.

Em segundo lugar, outro banco chinês, o China Construction Bank, com valor de mercado de aproximadamente US$ 203 bilhões. Também seguindo exemplo dos seus pares, a companhia vem registrando uma queda 12,59% nos papéis no decorrer do ano.

Por último, temos o Banco Agrícola da China, que ocupa a quinta posição no ranking da Forbes – atrás apenas de seus irmãos chineses, do JP Morgan Chase e da Berkshire Hathaway (na terceira e quarta posição, respectivamente). O banco agrícola possui um valor de mercado superior a US$ 147 bilhões. Contudo, ao longo do ano de 2020, a instituição registra queda de 14,21% no valor dos papéis.

Para Marangoni, as melhores empresas são Tencent Holding, Alibaba, Ping An Insurance, China Construction Bank e Baidu. Com exceção desta última (o Baidu é uma espécie de Google chinês), essas companhias estão incluídas no ranking da Forbes nas respectivas posições: 50º, 31º, 7º e 2º.

Como o governo chinês regula o mercado?

O governo chinês regula seu mercado de ações por meio da China Securities Regulatory Commission (CSRC). A atuação é semelhante a outros órgãos regulatórios, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil e a Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA.

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A sua função é manter o mercado justo e organizado. A CSRC conta com 36 escritórios que cobrem diferentes regiões do país e é responsável pela regulação das duas bolsas de valores continentais. “A China Securities Regulatory Commission (CSRC), que regula o mercado chinês e suas empresas, define quantas cotas serão disponibilizadas para estrangeiros que querem investir na China”, explica Marangoni.

Recentemente, a CSRC se envolveu em uma polêmica com Jack Ma, sócio fundador do grupo Alibaba. O órgão regulatório suspendeu o que estava sendo considerado a maior IPO da história, a oferta pública do Ant Group, avaliada em US$ 35 bilhões. Tudo começou quando o empresário Jack Ma criticou a forma como o governo chinês e seus bancos tratam da economia.

A oferta de IPO do Ant Group continua suspensa até que possa cumprir os regulamentos do governo chinês

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