A agenda econômica desta sexta-feira (30) concentra atenções no índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que deve calibrar as apostas sobre a magnitude do alívio monetário nos EUA no mercado financeiro hoje. No Brasil, há a novidade do leilão de dólar no mercado à vista de até US$ 1,5 bilhão pelo Banco Central (BC).
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Ainda na agenda hoje, são aguardados os resultados do setor público consolidado de julho, para o qual a mediana esperada indica déficit primário de R$ 6,70 bilhões após saldo negativo de R$ 40,873 bilhões em junho. Há também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, cuja previsão é de queda na taxa de desemprego a 6,8% no trimestre até julho.
Enquanto isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam de eventos. O Ministério do Planejamento deve publicar um sumário executivo com os principais números do Projeto de Lei Orçamentária de 2025, após o envio do documento ao Congresso.
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No exterior, além do PCE, serão divulgados ainda o Índice de Gerentes de Compras (PMI) americano de agosto, o sentimento do consumidor e as expectativas de inflação apurados pela Universidade de Michigan nos Estados Unidos.
Confira os 5 assuntos em destaque no mercado financeiro hoje
Juros
A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, defendeu, nesta sexta-feira, que a política monetária deve seguir uma abordagem “cautelosa e gradual” ao reduzir juros em direção a um nível neutro ainda incerto.
Nos Estados Unidos, os números de inflação devem apoiar as apostas de juros. A expectativa é de que uma leitura mais forte do que o esperado possa apoiar a moeda americana, à medida que tenderia a elevar as apostas em um corte menos agressivo de juros, de 25 pontos-base, pelo Fed.
No entanto, os dados podem ainda ser insuficientes para consolidar as previsões, pois os dirigentes do Federal Reserve estão mais atentos agora aos dados de emprego do payroll, que saem na próxima sexta-feira (6).
No Brasil, o leilão de dólar e o PCE americano devem instigar a curiosidade dos investidores pelos comentários de Campos Neto em meio a expectativas majoritárias no mercado de alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic em setembro.
Bolsas internacionais
Um apetite por risco embala os mercados de ações ocidentais nesta manhã, com investidores à espera do PCE americano e reagindo ao índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro, que subiu ao ritmo anual mais lento em três anos em agosto, de acordo com pesquisa preliminar.
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As bolsas europeias ampliaram os ganhos levemente após a desaceleração da inflação na região pavimentar o caminho para mais cortes de juros do BCE.
Os retornos dos bônus europeus aceleraram a queda e renovaram mínimas intraday (período de um dia) nas maiores economias da região, levando os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) intermediários e longos às mínimas intradia.
Em Nova York, a ação da Nvidia (NVDC34) sobe mais de 1% no pré-mercado, ensaiando uma recuperação após o tombo da véspera, na esteira de um balanço que frustrou as expectativas mais otimistas dos investidores. Apesar da reação negativa do mercado, analistas ainda enxergam oportunidades de crescimento para a fabricante de chips.
O dólar, por sua vez, oscila bem perto da estabilidade, com os investidores aguardando a inflação americana.
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Na Ásia, as bolsas subiram, puxadas por ações do setor imobiliário chinês, em resposta à notícia de que o governo chinês estuda permitir que proprietários de imóveis refinanciem hipotecas para conter os custos de empréstimos e fomentar o consumo, segundo reportagem da Bloomberg divulgada durante a madrugada.
Em resposta, ações da Shimao Group saltaram 10,53%, e China Vanke, 9,89%. As montadoras de veículos elétricos BYD (+5,98%) e Li Auto (+7,79%) também estiveram entre os destaques, em recuperação após a forte queda da véspera, na esteira de balanços.
Leilão de dólar
O mercado de câmbio já deve abrir se ajustando à expectativa do leilão de venda de até US$ 1,5 bilhão no mercado à vista, referenciado à Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro, calculada durante o dia pelo Banco Central), operação que não ocorria desde abril de 2022.
A intervenção ocorre um dia após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que estava com “o dedo no gatilho” para atuar no mercado de câmbio se necessário.
A realização do leilão cambial explicita uma potencial anormalidade no mercado e uma mudança de postura da autoridade monetária, que sempre evitou intervir no câmbio em dia de fechamento da taxa Ptax mensal para impedir distorções na formação de preço.
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O Broadcast apurou que há expectativas de saída de cerca de US$ 1 bilhão do País nesta sexta-feira, em razão do rebalanceamento do EWZ (principal fundo de índice (ETF) brasileiro negociado em Nova York), que vai passar a incluir ações brasileiras listadas no exterior, como XP e Nubank (ROXO34).
O horário de início do leilão, às 9h30, coincide com o da publicação do PCE americano, e a injeção de liquidez programada pode aliviar o impacto do indicador nos negócios, se vier acima do esperado.
Commodities
O petróleo ronda a estabilidade nesta sexta-feira, enquanto o minério de ferro fechou em queda de 0,53% em Dalian, cotado a 754 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,22.
Mercado brasileiro
Na quinta-feira (29), o dólar à vista subiu 1,22%, a R$ 5,6231, maior valor desde 7 de agosto, com ganhos acumulados de 2,62% nas quatro sessões desta semana.
A escalada da moeda americana desta vez respondeu a apostas em um corte de juros menos agressivo pelo Federal Reserve após dados de atividade resilientes nos EUA e à cautela em relação aos novos sinais na condução da política monetária, após a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência da autarquia.
Na quinta-feira (29) à noite, em referência à desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), Campos Neto reiterou que a média móvel dos núcleos de inflação ainda está subindo e ressaltou a atenção “toda especial” ao impacto da mão de obra apertada nos preços de serviços.
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A curva de juros deve se modular ainda às oscilações estreitas, sem direção única, dos rendimentos dos Treasuries em meio a repercussões dos resultados do setor público e da Pnad Contínua de julho.
Na Bolsa, o apetite por risco externo que precede o PCE americano e a alta leve do petróleo podem ajudar o Ibovespa. Por outro lado, o recuo do minério de ferro, na China, e as esperadas saídas de capitais do País servem de contraponto no mercado financeiro hoje.
* Com informações do Broadcast