- O Nubank (NU) é uma fintech brasileira fundada em 13 de março de 2013.
- A fintech parece ter encontrado o caminho do lucro um ano atrás, quando reportou o primeiro balanço no azul.
- O banco nasceu no Brooklin (SP) e hoje opera no Brasil, Colômbia e México.
O Nubank (NU) é uma fintech brasileira fundada em 13 de março de 2013 em uma casa alugada no Brooklin, em São Paulo. Passados dez anos de sua origem, a instituição cresceu e hoje atua também na Colômbia e no México. A fintech irá divulgar seu balanço corporativo na próxima terça-feira (14) e o mercado aguarda, ansioso, o relatório.
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O balanço do terceiro trimestre do Nubank está sendo amplamente aguardado pois, após muitos prejuízos, o Nubank parece ter encontrado o caminho do lucro um ano atrás, quando reportou o primeiro resultado no azul. Isso porque, no terceiro trimestre de 2022, obteve lucro líquido de US$ 7,8 milhões frente ao prejuízo de R$ 34,4 milhões de igual etapa em 2021.
De acordo com o sócio e analista de ações da Nord Research, Rafael Ragazi, a expectativa é que a empresa reporte, no terceiro trimestre de 2023, receita na casa dos US$ 2 bilhões e lucro de US$ 276 milhões. “Esta é uma projeção de mercado”, diz.
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Ainda assim, o Nubank não está com recomendação de compra em nenhuma carteira da Nord. Isso se dá por conta do preço-alvo do papel no mercado – no caso do Nubank, analistas precificam a ação ao redor de US$ 9, sendo que hoje está sendo negociada a US$ 8,40. “Embora esteja entregando resultados recentes muito bons, o problema é que ele já está caro. O Nubank negocia a 8x seu patrimônio líquido, o que é um indicador muito alto para bancos. A companhia vale na bolsa, atualmente, R$ 196 bilhões”, destaca.
Ragazi ressalta que se o Nubank estivesse listado no Brasil seria a quinta empresa mais valiosa da Bolsa, atrás somente de Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3), Itaú (ITUB4), e Ambev (ABEV3). “Todas estas empresas entregam lucro muito maiores do que o Nubank”, frisa.
Nesse patamar, o analista explicou que o investidor fica sem upside, ou seja, sem potencial de crescimento frente ao preço da empresa. Esta é a razão pela qual a Nord recomenda o Inter (INBR32), cuja situação é oposta ao Nubank, pois também está começando entregar resultado, mas vale R$ 10 bilhões na conversão para o real – o Inter está listado na Nasdaq.
Além disso, segundo Ragazi, o Inter negocia a 1,4x seu patrimônio líquido, e isso faz com que a instituição tenha um múltiplo (preço) muito mais baixo. E mais: passou, recentemente, a uma projeção de lucro futuro de R$ 5 bilhões em 2027. “Então, se a gente olhar para esse lucro futuro, o Inter está negociando a 2x seu lucro futuro, o que configura um múltiplo baixíssimo”, aponta.
Outro ponto interessante sobre o Inter é que no último trimestre o banco entregou um Retorno sobre Patrimônio (ROE) de 7% e, para o próximo trimestre, esse indicador deve alcançar os 9%. “Entendemos, ainda, que o Inter tem um portfólio muito mais completo que o Nubank, sendo que este foca em cartão de crédito e empréstimo pessoal. O Inter faz isso e muito mais”, conclui.
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Expectativa de alta para o Nubank
O analista da Levante Corp, Matheus Nascimento, reforça os mesmos indicadores apontados pelo colega da Nord para o Nubank, ou seja, alta de 38% no lucro e de 20% na receita, conforme levantamento da Refinitiv.
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Do lado operacional, Nascimento destaca que esses resultados devem ser impulsionados pelo crescimento da base de clientes, que deve chegar a 100 milhões até o final do trimestre. “O Nubank também deve continuar a aumentar sua participação de mercado brasileiro, onde vêm crescendo sua base de clientes fortemente nos últimos trimestres”, diz.
Entretanto, aponta o indicador de inadimplência como ponto de atenção. Isso porque a fintech vem registrando um aumento na inadimplência nos últimos meses, devido à deterioração da economia brasileira. “No segundo trimestre, a taxa de inadimplência de 90 dias do Nubank ficou em 3,3%, aumento de 0,4 pontos porcentuais em relação ao mesmo período do ano passado”, explica.
Para ele, se a inadimplência continuar a aumentar, isso poderia pressionar os resultados do Nubank no futuro, dado que o ritmo de crescimento possui um aspecto relevante para o modelo do banco. Mas aspectos qualitativos também possuem grande peso nas projeções, especialmente diante do ciclo econômico atravessado, com dados de inadimplência que exigiram mudanças estruturais no grandes bancos e em todos os players do setor.
O analista lembra que o consenso do mercado é o de recomendação neutra, com preço-alvo em US$ 9,50. “Entendemos que existem riscos para as fintechs ou digital banks atrelados a aspectos qualitativos, tendo como base o ritmo de expansão da base de clientes, que decorre do movimento dos bancos maiores em reestruturar suas carteiras”, pontua.
E diz mais: “também entendemos que a característica principal das carteiras operadas pelo Nubank e pares possui nível de risco mais elevado, sendo este um aspecto relevante a se observar na tese do segmento.”
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Por outro lado, afirma que mesmo com um nível de risco mais elevado, as fintechs vêm evoluindo fortemente em termos de rentabilidade, representando um nível de assimetria atrativo.
Recomendações
Antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2023 do Nubank, o Itaú BBA incluiu a fintech em sua carteira Top 5, conforme relatório encaminhado ao mercado em 26 de outubro. O banco de investimentos destacou, na ocasião, que o Nubank tem uma dinâmica de lucros favorável, execução superior e uma excelente projeção de crescimento para o futuro.
Já o Bank of America (BofA) manteve recomendação neutra para Nubank no fim de setembro, com preço-alvo de US$ 8,50. Para o banco norte-americano, números divulgados pelo órgão regulador do México, onde o banco já opera, indicam que por lá o Nubank está prestes a atingir equilíbrio entre receitas e despesas.
Por fim, o JPMorgan elevou, também em setembro, a recomendação para Nubank de neutro para overweight (equivalente a compra), com preço-alvo a US$ 9. A instituição afirmou, em relatório, que está mais confiante com a tese secular do Nubank para o mercado acionário brasileiro e que, com a recente correção no preço das ações, há um bom ponto de entrada.