- Segundo analistas, ainda é cedo para avaliar os efeitos da decisão do Nubank sobre os BDRs do Inter
- Os BDRs do Inter migraram de nível I para nível II no mercado financeiro
- No início da tarde desta sexta-feira (16), as ações do banco Inter caíram mais de 5%
A decisão do Nubank (NUBR33) em fechar o seu capital no Brasil pode atrair o banco Inter a fazer o mesmo caso o movimento da rival anunciado na quinta-feira (15) resulte em ganhos para o negócio. No entanto, existe pouca perspectiva do Inter mudar a sua estratégia. Embora o concorrente do “roxinho” também tenha decidido realizar a sua Oferta Pública de Ações (IPO) no mercado norte-americano, as duas instituições financeiras possuem particularidades que mudam a direção das suas operações.
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Heitor de Nicola, sócio e assessor de Renda Variável da Acqua Vero Investimentos, disse que o cenário pode mudar caso a medida adotado pelo Nubank ganhe uma relevância positiva nos próximos meses. “É claro que se surtir resultado super positivo para o Nubank é esperado que os demais players do setor estudem realizar um movimento parecido, mas neste momento acredito que não deve influenciar”, acredita Nicola.
Ao avaliar a possibilidade, o Inter deve colocar na “balança” da decisão o perfil da sua base de investidores, que tem diferenças para o seu principal concorrente. A análise irá levar em conta se a saída da B3 pode fazer sentido para o negócio. “O Inter tem uma proporção maior que o Nubank de acionistas institucionais locais (o Nubank já tem mais gringos). É provável que o Inter coloque isso na balança antes de fazer o movimento”, explica a analista Larissa Quaresma.
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Mas esse estudo deve ficar fora do radar dos diretores da companhia no curto prazo. Isso porque no fim deste mês de agosto, os BDRs (títulos emitidos no Brasil que representam uma ação de companhia aberta sediada no exterior) do Banco Inter migraram do nível I para o nível II na bolsa de valores, o que atrapalha a possibilidade do Inter seguir o mesmo caminho do Nubank.
Com a mudança, o banco digital terá que se adequar às exigências da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), assim como fez ao entrar no mercado norte-americano para atender as regulações da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão equivalente à CVM).
Além disso, segundo dados da Quantum, o banco Inter liderou o ranking dos BDRs mais negociados na B3 com quase 800 mil negociações realizadas (793 mil) durante o mês de agosto. Os BDRs do Nubank ficaram em terceiro lugar com 360 mil negociações, perdendo apenas para a XP que registrou um total de 384 mil negociações.
Confira o ranking dos BDRs mais negociados na B3 em agosto
Empresa |
Número mensal de negociação
|
Banco Inter (INBR32) | 793 mil |
XP (XPBR31) | 384 mil |
Nubank (NUBR33) | 360 mil |
Alphabet (GOGL34) | 155 mil |
Mercado Livre (MELI34) | 145 mil |
Aura Minerals (AURA33) | 100 mil |
Tesla (TSLA34) | 712 mil |
Fonte: Quantum/Os dados são referente aos número de negociações realizadas ao longo de agosto |
Ações em queda
Assim como o Nubank, ações do Inter sofrem com fortes quedas ao longo do pregão desta sexta-feira (16). No início de hoje, os papeis do banco digital despencaram 5,85% na Nasdaq, nos Estados Unidos, cotados a US$ 3,8. Os BDRs na B3 também seguiram o mesmo ritmo de queda com uma desvalorização de 5,21%, negociados a R$ 20,36.
A magnitude das quedas é semelhante ao das ações do Nubank , que sofriam com uma derrocada de 5,9% (US$ 5,18) por volta das 13h, enquanto os BDRs recuavam na casa dos 4% (R$ 4,49). No entanto, o movimento de desvalorização do Inter tem mais relação ao cenário macroecnômico do que com a decisão do Nubank em sair da B3. Assim como as ações do Inter, o índice de Nasdaq também caiu, 1,8% por volta das 14h.
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