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Nubank (ROXO34) em alta: o que diz quem recomenda comprar as ações

Grandes bancos se dividem sobre as ações do roxinho; há quem veja oportunidade e há aqueles que acham o papel caro

Nubank (ROXO34) em alta: o que diz quem recomenda comprar as ações
(Foto: Nubank)
  • Os dois anos do Nubank na Bolsa foram marcados por uma reviravolta que vai da desvalorização acentuada dos papéis à retomada da confiança do mercado no futuro da empresa, levando os papéis de volta a US$ 9
  • O bom momento da instituição está fazendo alguns bancões recomendarem a compra de NU, mesmo após a alta recente das ações
  • Por outro lado, há quem veja os papéis como "caros"; veja a opinião dos analistas

O Nubank (ROXO34) viveu altos e baixos nos últimos dois anos. Depois abrir capital na Bolsa de Valores de Nova York, o banco digital foi avaliado como a maior instituição financeira da América Latina, perdeu o título e depois viu as suas ações dissolverem. Agora, a empresa volta a trair a atenção do mercado. Dessa vez, pela solidez dos resultados e pela recuperação acima de 100% do valor dos papéis em 2023. Explicamos com detalhes essa reviravolta nesta outra reportagem.

A desconfiança dos analistas para com a empresa diminuiu e, agora, há muitas casas recomendando a compra da NU – mesmo com a alta das ações. No final de novembro, o Itaú BBA divulgou um relatório em que discutia que os bancos digitais como Nubank e Inter (INBR32) “vieram para ficar”.

“Há um ano, os mercados discutiam se as duas instituições poderiam se tornar lucrativas em 2023. Agora, Nu e Inter atingiram esse objetivo e se diferenciaram, se destacando positivamente em tamanho, monetização e capacidade de financiar seu próprio crescimento por meio de lucros e depósitos de clientes, especialmente durante um ciclo difícil de inadimplência”, diz o documento dos analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard.

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O roxinho foi escolhido pelo BBA como o papel preferido nesse segmento, com recomendação de compra e um preço-alvo de US$ 10. O entendimento é que o Nubank alcançou um tamanho muito maior em comparação a seu concorrente digital, apresentando crescimento positivo em receitas líquidas após o custo de risco, semelhante aos bancos tradicionais, com retorno sobre o patrimônio (ROE) igual ou superior aos concorrentes já estabelecidos.

“As vantagens competitivas do Nu, como eficiência e custo de financiamento, impulsionam ainda mais o crescimento. Com mais ‘velas de receita’ içadas, esperamos que o Nu consolide sua posição como uma aposta de crescimento lucrativo em um mercado enorme”, diz a avaliação do Itaú BBA.

E o Itaú BBA não está sozinho. O Goldman Sachs também tem a NU como a “top pick” no setor bancário brasileiro, à frente inclusive dos “bancões” tradicionais como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3). Em um relatório de dezembro de 2023, os analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindset Shema pontuaram que o mercado endereçável para empréstimos de baixa renda é maior do que o de alta renda – um ponto que joga a favor do Nubank em relação aos pares do setor.

“Estimamos que o Nu se tornou um player dominante com clientes de baixa renda em cartões de crédito, mas ainda tem muito espaço para crescer em empréstimos pessoais e está apenas começando no crédito consignado. Além disso, quando comparamos a média de bilhetes de empréstimo por segmento de renda, o Nu também ainda está nos estágios iniciais de monetizando sua base de clientes”, destacam.

“Enquanto isso, os bancos tradicionais têm perdido constantemente participação nos segmentos de alta, média e baixa renda, mas com as perdas mais pronunciadas vindo de baixa renda, principalmente em cartões de crédito.” A recomendação do Goldman Sachs para a NU é de compra, com preço-alvo de US$ 12.

As outras visões sobre o Nubank

Apesar da alta das ações do Nubank no último ano e a melhora dos resultados operacionais serem vistas com bastante otimismo por praticamente todos os analistas de mercado, em muitas análises a instituição financeira ainda se vê frente ao mesmo argumento negativo que enfrentava à época da oferta inicial de ações (IPO): o valuation (valor da empresa) muito esticado.

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É o caso do BTG Pactual, que mantém a recomendação neutra para a NU, com preço-alvo de US$ 9,50. Em um relatório de dezembro de 2023, os analistas do banco pontuaram que o “problema” da instituição é que seus investidores têm expectativas muito altas em relação ao valor de mercado que a companhia pode alcançar.

“Sinalizamos repetidamente a nossa preocupação com o valuation super elevado e o impressionante valor de mercado de US$ 39 bilhões, o que exigirá que o Nubank gere vários bilhões de dólares em lucros”, destacam Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura. “Somos grandes fãs da história do Nu e do David Vélez, com quem conversamos algumas vezes e por quem sempre ficamos muito impressionados. Mas embora tenhamos uma visão construtiva sobre o sucesso da NU no médio e longo prazos, o valuation deixa pouco espaço para erros.”

O time de Research do Santander compartilha de uma visão parecida, embora um pouco mais pessimista. Na atualização de posições em ações de bancos médios, feita no início de janeiro, o banco manteve a classificação da NU como “underperform”, o equivalente à venda, com um preço-alvo de US$ 6.

Os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios destacam que o atual P/VPA (sigla em português para “price to book value”, uma métrica que indica o preço de mercado da ação em relação ao valor do seu patrimônio líquido divulgado no balanço da empresa) de 3,7x implicaria em um ROE de 41%. “O que é possível, na nossa opinião, mas improvável numa base sustentável e em grande escala”, reforçam.

Por fim, destacam ainda alguns sinais de alerta que começaram a piscar no terceiro trimestre de 2023: “o financiamento não cresce em linha com o crescimento da carteira de empréstimos; os índices de NPL (inadimplência) continuam a se deteriorar – e de acordo com o gestão, esta tendência poderá continuar por pelo menos mais dois trimestres, sem visibilidade no seu pico –; os empréstimos estão concentrados em categorias de crédito de alto risco; há pouca visibilidade sobre quando e se as operações fora do Brasil se tornarão rentáveis; e as mudanças em curso na metodologia contábil.”

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