- No acumulado de 2024, as ações da fabricante de chips subiram mais de 50%
- Com a recente alta, a companhia conseguiu superar a Alphabet (GOOG), dona da Google, em valor de mercado
- No entanto, o desempenho extraordinário da companhia dos últimos meses não se traduz, para alguns analistas, em recomendação de compra. Entenda o porquê!
Os juros no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano nos Estados Unidos não intimidam o desempenho das ações da Nvidia (NVDA),que continuam em um movimento de alta. Em menos de dois meses, as ações já subiram 56% na Nasdaq, bolsa americana onde os papéis são negociados.
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O avanço permitiu à companhia esbanjar um valor de mercado de US$ 1,8 trilhão, equivalente a R$ 8,97 trilhões, ao levar em consideração a cotação atual do dólar. Para se ter uma ideia da magnitude da empresa, o seu tamanho é quase o dobro de todas as ações listadas na B3 e ainda maior do que outros players consolidados do mercado, como a Alphabet (GOOG).
O ritmo de crescimento da empresa, considerado acelerado, acompanha as projeções do potencial econômico que a inteligência artificial (IA) terá nos próximos anos. Na corrida entre as big techs pela liderança na cadeia industrial da IA, a fabricante de peças de computadores se encontra em uma posição favorável. A Nvidia é uma das responsáveis pelo fornecimento de tecnologia para o desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial.
Na quarta-feira (22), após o fechamento de mercado, a fabricante de chips reportou mais uma vez números acima das estimativas do mercado para o quatro trimestre de 2023. Segundo o balanço referente aos meses de outubro a dezembro, a companhia registrou uma receita de R$ 22,1 bilhões, enquanto o mercado esperava um volume de US$ 20,63 bilhões. O mesmo aconteceu com o lucro por ação ajustado. Os analistas calculavam algo em torno de US$ 4,64, mas o resultado foi de US$ 4,93.
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O resultado repercutiu na performance das ações. Por volta das 7h, os papéis saltavam 14,5% no pré-mercado de Nova York e impulsionou o Nasdaq Futuro que subiu 1,98%. No terceiro trimestre do ano passado, também não foi diferente. A receita da empresa cresceu 206% em relação ao mesmo período do ano anterior e alcançou a marca de US$ 18,12 bilhões, enquanto as projeções apontavam para um volume de US$ 16,18 bilhões.
“A Nvidia domina o mercado de GPU que é o chip necessário para o desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial e a empresa não consegue produzir esses chips com a velocidade que o mercado deseja comprar”, explica Marcelo Cabral, sócio e gestor da Stratton Capital.
Em 2024, o otimismo perdura e as ações já subiram 53,5% no acumulado do ano. Os ganhos elevaram o valor de mercado da Nvidia para o patamar de US$ 1,8 trilhões, equivalente a R$ 8,97 trilhões. O volume é maior do que o valor de mercado da Alphabet (GOOG), dona do Google, e também de todas as empresas listadas na B3 juntas, de acordo com os dados da Economatica. E a previsão do mercado é que esse crescimento avance ainda mais.
“O mercado espera que as vendas (de chips) tripliquem em um espaço de cinco anos e os lucros dobrem no mesmo período. Ou seja, no ano fiscal de 2028, as projeções apontam receita na casa dos US$150 bilhões e lucro de mais de US$60 bilhões”, diz Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus.
Mas vale a pena investir?
O desempenho surpreendente certamente chama a atenção do investidor, mas não se traduz necessariamente em uma recomendação de compra. Henrique Vasconcellos, sócio e analista de ações da Nord Research, explica que, devido ao forte crescimento dos papéis nos últimos meses, há o risco das ações caírem caso não atendam as altas expectativas.
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“A empresa já está precificada para uma entrega de resultados beirando a perfeição. Ou seja, caso dê uma “patinada” o papel vai sofrer”, afirma Vasconcellos. Por essa razão, a Nord Research prefere ações de empresas do setor de semicondutores. “O setor não tem um potencial de valorização que a Nvidia tem, mas são boas empresas e com excelentes perspectivas”, acrescenta o analista da Nord.
A Kinea Investimentos também possui a mesma percepção. Embora reconheça o crescimento da Nvidia, a gestora avalia que há mais oportunidades em outras empresas com exposição à tecnologia IA. “Dentro do setor de semicondutores, vemos melhor risco-retorno em TSCM (TSM) e Broadcom (AVGO) ao considerar o valuation, expectativas do mercado e assimetria de revisões de estimativas no futuro”, afirma Guilherme Amaral, analista da Kinea.
A Nvidia (NDVA) deve divulgar os resultados do quarto trimestre de 2023 na próxima quarta-feira (21) e a empresa espera reportar ao mercado uma receita de US$ 20 bilhões.