- A sequência de altas do índice de ações tem sido motivada pela melhora da expectativa econômica, com a inflação caminhando em direção à meta e o consenso de cortes nas taxas de juros — que deve começar já neste mês. Mas nem tudo foi precificado
Na esteira de quatro meses seguidos de altas, o Ibovespa entra em agosto diante da expectativa de corte na taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), com cenário de oportunidades e espaço para mais crescimento nos ativos de renda variável.
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O índice fechou o mês de julho com uma valorização de 3,27%, a quarta maior alta do ano. Essa tendência deve se manter, com o indicador ainda dentro da faixa dos 121 mil pontos. No acumulado de 2023, sobe 11,1%.
A sequência de altas do índice de ações tem sido motivada pela melhora da expectativa econômica, com a inflação caminhando em direção à meta e o consenso de cortes nas taxas de juros — que deve começar nesta reunião de agosto. Mas nem tudo foi precificado.
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“Temos a perspectiva de que quanto mais o cenário se desenrolar, com queda de juros se concretizando, vai continuar precificando. Não acreditamos que esteja tudo no preço não”, aponta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Na avaliação de José Cataldo, estrategista de análise da Ágora Investimentos, a queda na taxa deve garantir a continuidade do fluxo comprador para ações e “limita as apostas contra o mercado”. A Ágora espera um corte de 0,5% na Selic.
Na última quarta-feira (26), a Bolsa brasileira bateu sua maior pontuação nominal (sem ajuste pela inflação) desde agosto de 2021, atingindo 122,5 mil pontos. “Se formos olhar o pico do Ibovespa em junho de 2021, na casa de 130 mil pontos, e ajustarmos só a inflação desse período, esse pico fica na faixa de 150 mil pontos. Então temos muito caminho pela frente ainda”, diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.
Especialistas projetam, no entanto, que o mês possa apresentar menos opções com grande potencial de rendimentos aos investidores, devido aos papéis que já foram precificados. O mercado avalia que as small caps, ações de empresas de capital aberto com baixo valor de mercado, possam ter melhores desempenhos.
“Estamos em um momento em que devem ser adicionadas opções menos óbvias ao portfólio em relação às large caps (ações de empresas maiores e de alta liquidez) que são sempre as primeiras a andar e precificar”, aponta Cataldo.
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Setores que já vinham se beneficiando da projeção de queda dos juros devem seguir a tendência. “Setores que em geral têm alta exposição à atividade econômica brasileira devem se beneficiar com o fechamento da curva de juros, com destaque para construção civil, educação, saúde, varejo e consumo e logística”, aponta Phil Soares.
O que o investidor deve manter no radar
Agosto marca a volta do recesso parlamentas e a retomada de discussões econômicas importantes — em especial, o texto da reforma tributária que chega ao Senado e pode gerar volatilidade para alguns setores. Supermercados e o setor de energia elétrica, por exemplo, ainda negociam alíquota diferenciada na nova regra.
A publicação de resultados de companhias listadas também segue em agosto. No entanto, o potencial de impacto é mais micro e variável de empresa para empresa, com destaque à Petrobras (PETR4). A petroleira vai divulgar o balanço do segundo trimestre na próxima quarta-feira (3).
Outro ponto de atenção é a política monetária americana. O Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulgou na última quarta-feira (26) a elevação de 0,25% na taxa básica de juros dos Estados Unidos, em convergência com a expectativa do mercado. O comunicado publicado pelo Fed não deixou claros quais serão os próximos passos, mas há uma leitura do mercado de que o presidente da instituição, Jerome Powel, tenha dado indicações de tendência de redução.