O ano de 2024 já vai começar animado para investidores brasileiros, na esteira de um recorde do Ibovespa. Como mostramos nesta reportagem, o índice de referência da Bolsa de Valores saltou 22,28% no acumulado de 2023, encerrando o ano no maior patamar de sua história, 134 mil pontos.
Para janeiro, analistas esperam que o momento positivo no mercado continue, mas com um fôlego menor do que o visto em novembro e dezembro de 2023, meses em que o Ibov subiu 12,54% e 5,38%, respectivamente.
“Na nossa opinião, a perspectiva para janeiro é o fim dessa pernada, já que tivemos um movimento muito rápido de apreciação ao longo de novembro e dezembro. Acredito em um janeiro de alta na Bolsa, mas já desacelerando”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Os principais fatores que impulsionaram a Bolsa na reta final de 2023, a perspectiva de fim do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e a melhora do cenário macro no Brasil, permanecem no radar. O entendimento, no entanto, é que esses eventos já foram bem precificados ao longo dos últimos meses; ou seja, sem fatos novos, devem manter o viés positivo do mercado, mas sem provocar valorizações tão expressivas como as já registradas.
“Os investidores podem estar antecipando muito das boas notícias recentes e que ajudaram o Ibovespa a chegar aos níveis atuais de máximas históricas. Portanto, devemos estar atentos à realização do cenário benigno que por ora prevalece, ou seja, de queda dos juros por aqui e nos EUA”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Ele explica que os temas que dominaram 2023 ainda devem ser monitorados por investidores. No Brasil, a realização efetiva do novo arcabouço fiscal e como o governo vai fazer para cumprir o equilíbrio das contas. Nos EUA, se as condições econômicas permitirão que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, inicie o ciclo de queda dos juros ao final do primeiro trimestre, como espera o mercado.
Entre os dias 30 e 31 de janeiro, acontecerá a primeira “Super Quarta” de 2024, dia marcado pelas reuniões de política monetária no Brasil e nos EUA.
Por ser o primeiro mês do ano, o período pode trazer ainda uma leva de altas na Bolsa na esteira do rebalanceamento das carteiras de investidores – no Brasil e no exterior. Este costuma ser um período em que as estratégias de investimento são revisadas e reajustadas para o cenário que se desenha à frente. Como a perspectiva do mercado segue positiva, pode haver um fluxo maior de investimentos na Bolsa, por exemplo.
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É o que Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo, chama de “efeito janeiro”. “No processo de alocação das carteiras depois da virada do ano, quando os investidores do mundo inteiro escolhem onde alocar o risco, o Ibovespa deve ser um dos beneficiados, impulsionando mais um mês de altas significativas”, ressalta.