- O grupo encerrou o terceiro trimestre de 2023 com R$ 6 bilhões em dívida bruta.
- Destas, 23,3% eram no curto prazo, com caixa de R$ 3 bilhões.
- A alavancagem da companhia encerrou em duas vezes e meia frente à dívida líquida/EBITDA ajustado.
O Grupo Pão de Açucar (GPA, PCAR3) encerrou o terceiro trimestre de 2023 com R$ 6 bilhões em dívida bruta, sendo que, segundo o balanço daquele período, 23,3% correspondiam a compromissos de curto prazo. Se descontado o que a empresa possui em caixa, a dívida líquida chega, então, a R$ 3 bilhões.
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Por conta destes valores, a alavancagem da companhia – que diz respeito ao tamanho da dívida em relação à rentabilidade da empresa – bateu 2,5 vezes no indicador dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (dívida líquida/Ebitda ajustado). Ao fim do terceiro trimestre de 2023, o grupo reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 1,2 bilhão.
Assim o GPA iniciou os trabalhos preliminares para uma oferta primária de ações da ordem de R$ 1 bilhão, como parte do plano de otimização de sua estrutura de capital, conforme documento encaminhado ao mercado. A empresa selecionou o Itaú BBA e o BTG Pactual (BPAC11) para avaliar a viabilidade e os termos da transação, enquanto o BR Partners (BRBI11) atuará como assessor financeiro.
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À Comissão de Valores Mobiliários, o GPA disse que os recursos obtidos serão destinados à redução do endividamento da empresa, resultando na diminuição da alavancagem financeira. Nesse contexto, incluem-se a venda da participação de 34% na Cnova e o processo de alienação da participação de 13,3% no Éxito.
O banco americano de investimentos Jefferies afirma, em relatório, que caso a oferta se concretize no topo a venda de ativos não estratégicos deve reduzir a dívida da empresa em até R$ 1,5 bilhão. O Jefferies mantém recomendação neutra para o papel PCAR3 e preço-alvo em R$ 5,20. O também americano Goldman Sachs tem recomendação neutra para a ação do Pão de Açúcar, com preço-alvo em R$ 4.
A companhia também convocou assembleia extraordinária de acionistas para o dia 11 de janeiro de 2024 para tratar do aumento do capital autorizado para até 800 milhões de ações ordinárias (equivalente a cerca de R$ 3,5 bilhões no último fechamento) e da proposta de eleição de um Conselho de Administração condicionada ao fechamento da oferta e refletindo a estrutura acionária atualizada.
Com esse cenário à frente, o Casino comunicou nesta segunda-feira (11) que deixará de ser o controlador do GPA devido à diluição das ações após a oferta dos papéis. O Grupo Francês também está endividado e trocou o acionista de referência recentemente. Em outubro, o bilionário tcheco Daniel Kretinsky assumiu a presidência da companhia em lugar de Jean-Charles Naouri.
A ação PCAR3 encerrou a sessão o último pregão em baixa de 5,54%, cotada a R$ 4,09.
Qual o principal desafio do GPA?
A analista da Levante Investimentos, Caroline Sanchez, afirma que um dos maiores desafios do GPA está no risco de execução em meio ao processo de turnaround (reestruturação) da empresa, com mudanças na estratégia de crescimento das lojas de proximidade. Ela explica que a execução bem-sucedida dessas iniciativas é crucial para o futuro da companhia, mas também apresenta riscos, uma vez que qualquer transição estratégica envolve um processo complexo que requer planejamento e implementação eficazes.
Além disso, elenca que o cenário competitivo mais acirrado para as operações do GPA, com expansão de concorrentes como St. Marché, Oba, Mambo e Oxxo, requer uma estratégia sólida que envolve preços competitivos, inovação em produtos e serviços, além de uma experiência de compra satisfatória para os clientes a fim de conquistá-los e manter a participação (market share) de mercado.
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Sendo assim, apesar dos sinais de avanço que a companhia tem apresentado, a Levante ressalta que mudanças estratégicas e reajustes podem levar tempo para impactar os resultados financeiros, especialmente em um cenário competitivo e dinâmico. “A recuperação do formato premium e a melhoria da margem bruta são metas desafiadoras e a empresa deve continuar focada na implementação dos pilares estratégicos e na busca de eficiência operacional para alcançar esses objetivos”, frisa.
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A Levante tem recomendação neutra para o GPA.
Dívida impagável?
Para Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, a dívida do GPA pode ser considerada impagável. “Nossa recomendação é de venda desde setembro, quando ocorreu o spin-off (separação de empresas) do Grupo Éxito, destaca, em relação à venda da rede colombiana.
Para ele, o aporte que o GPA pretende levantar com a oferta é muito importante, mas os desafios que a companhia tem para se capitalizar e se reestruturar podem ser ainda maiores. “Acreditamos que a ação não é o melhor ativo do segmento alimentar para o investidor estar posicionado agora”, ressalta.
O Bradesco BBI, por sua vez, tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 4,50, bem como a Ágora investimentos, para quem a estrutura de capital do GPA está desequilibrada. “Estimamos que o grupo atinja um endividamento de 4,3 vezes sua dívida líquida/Ebitda no exercício de 2024, baseado na melhoria gradual do Ebitda e com quase R$ 800 milhões de recursos provenientes da venda do Éxito, equilibrando a geração de fluxo de caixa livre no ano”, diz, em relatório.
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