Ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes diz que a ascensão da direita conservadora no mundo, personalizada em figuras como Donald Trump e Javier Milei, acontece na esteira do medo alastrado no Ocidente – que após 80 anos de evolução pelo capitalismo, ou “economias de mercado”, como o economista chama, agora entra em desequilíbrio. Guedes falou em São Paulo, no evento da Avenue.
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Nos EUA e Europa, a migração estaria arrochando os salários dos locais, segundo Guedes. Além disso, essas regiões estão saindo da posição de “centro do mundo” em relação ao poder econômico. Potências como a China, diz o ex-ministro, seguem ganhando espaço. Em função desse “pânico”, as populações buscam líderes fortes, em uma “reação conservadora” a essas mudanças.
“A dominação americana do planeta acabou”, diz o ex-ministro da Economia. Guedes também vê os “perdedores”, ou seja, aqueles países que não surfaram a onda da globalização nos últimos 80 anos, fazendo barulho para tentarem “morder” uma parte desses ganhos. Seria o caso de nações como Rússia e até mesmo de grupos terroristas como o Hamas. “Não podemos acreditar na narrativa dos perdedores”, diz.
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Na outra ponta, com novas tendências como nearshoring (levar os centros de produção para próximo dos mercados consumidores) e greenshoring (não apenas estar próximo aos mercados consumidores, mas investir em uma produção sustentável), o Brasil terá boas oportunidades de crescimento.
“A gente entrou na rota do greenshoring, não tem jeito. O Brasil só tem um problema: briga com ele mesmo, o tempo inteiro”, afirma Guedes.
Paulo Guedes: “Dívida do governo está subindo em ritmo acelerado”
O ex-ministro da Economia evitou analisar a situação fiscal do País sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele diz não acompanhar mais de perto as contas públicas.
“Estou em paz há algum tempo”, brincou. “Mas ‘acho’ que a dívida está subindo em ritmo acelerado. Lá na frente, teremos que fazer o sistema de metas de dívidas.”
No final, Paulo Guedes aponta que a âncora do Brasil sempre foi o fiscal. Isto é, “gastar muito” e “gastar mal”.
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