

Os especialistas ouvidos pelo E-Investidor entendem que o tombo histórico do petróleo nos Estados Unidos atingirá principalmente os players que negociam o óleo WTI, o que não é o caso do Brasil.
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Os especialistas ouvidos pelo E-Investidor entendem que o tombo histórico do petróleo nos Estados Unidos atingirá principalmente os players que negociam o óleo WTI, o que não é o caso do Brasil.
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“A Petrobras não é afetada diretamente porque tem como referência o preço do óleo Brent, o que acaba sendo uma blindagem”, afirma o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos. “Por outro lado, a volatilidade no preço do óleo WTI tira o ímpeto dos mercados globais e isso repercute de alguma forma no Brasil.”
Ele lembra que o mercado de petróleo vive uma espécie de guerra de preços. “A Petrobras já foi obrigada a fazer doze reduções de preço neste ano para não perder clientes internacionais”, completa.
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Para o superintendente de research da Ágora Investimentos, José Francisco Cataldo, o ponto de inflexão nos preços do petróleo só ocorrerá no primeiro trimestre de 2021, quando o impacto do coronavírus sobre a demanda tiver diminuído sensivelmente. “Por enquanto, nós estamos estimando que o barril do óleo Brent fechará em US$ 32 em 2020 e US$ 43 em 2021”, avalia.
O preço do barril do petróleo WTI foi negociado em Nova York abaixo de zero pela primeira vez na história. Com queda de mais de 300%, a commodity entrou em terreno negativo, cotada a menos US$ 37,63. Esse movimento inusitado foi provocado pela iminência do vencimento dos contratos futuros para maio, que ocorre nesta terça-feira, 21.
Com a desaceleração da economia por conta do coronavírus, a demanda por petróleo desabou. Isso gerou um problema: com os estoques cheios, não há espaço para armazenar o produto. Fornecedores estão sendo pagos para ficar com o combustível, o que explica as cotações negativas.
“Houve um desequilíbrio muito forte entre oferta e demanda. Com os estoques no limite, praticamente não há compradores”, explica o chefe de análises da Toro Investimentos, Rafael Panonko. “Quando o vencimento se aproxima, em vez de rolar os contratos para frente, os players decidem encerrar suas posições (vender), o que derruba os preços.”
Ainda que a recessão econômica seja global, os norte-americanos sofrem mais, por conta de uma particularidade daquele mercado, em que predominam os pequenos produtores.
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“O governo tem controle menor sobre eles, por isso é mais difícil ajustar a produção à demanda. Em países que têm grandes petroleiras, isso facilita um acordo”, compara a economista da Coface para a América Latina, Patrícia Krause. “Com os estoques no máximo, chega um ponto em que se paga para se livrar do excesso. Não dá para jogar o petróleo no mar.”
A economista assinala que o excesso de oferta naquele país já vinha se desenhando nos meses anteriores à explosão da pandemia. Os estoques cresceram 48% em janeiro e fevereiro, por conta da demanda em queda.
Até agora, esse choque de preço ainda não se refletiu nos contratos com vencimento em junho. Por enquanto, o preço do barril de óleo WTI para o mês que vem é de cerca de US$ 20.
“Não existe nenhuma garantia de que o mesmo problema não voltará a acontecer em junho. Pode ser que a situação se estenda por meses”, ressalva Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos. “O preço está em US$ 20 porque se espera que a demanda tenha começado a se recuperar até lá. Mas isso é apenas uma aposta.”
Se o desequilíbrio entre oferta e demanda provoca incerteza, a volatilidade tende a se dissipar nos contratos mais longos. “Os contratos para dezembro, por exemplo, não estão tão voláteis, porque a expectativa é de que a situação se normalize no segundo semestre”, diz Panonko.
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