Mercado

Petrobras elege conselho e tem novo presidente-executivo

Coelho foi escolhido pelo governo após descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a atuação de Luna

José Mauro Coelho foi eleito presidente da Petrobras. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
  • A troca da presidência na Petrobras foi tumultuada, com o primeiro escolhido pelo governo para o cargo, o consultor de energia Adriano Pires, desistindo do posto em meio a informações de conflito de interesse para assumir o comando da companhia
  • A assembleia de acionistas aprovou também na noite de quarta-feira os outros indicados pelo governo e pelos minoritários para o novo Conselho de Administração da companhia
  • A assembleia aprovou Márcio Andrade Weber, conselheiro na gestão anterior, como novo presidente do Conselho de Administração da Petrobras

A Petrobras informou que o novo Conselho de Administração da empresa elegeu, nesta quinta-feira (14), José Mauro Ferreira Coelho para o cargo de presidente-executivo da companhia, para um mandato de um ano, após um processo tumultuado para a substituição do general da reserva Joaquim Silva e Luna no comando da estatal.

A eleição de Coelho, formado em Química Industrial e ex-secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, era amplamente esperada, após sua indicação pelo governo para o conselho ter sido confirmada em assembleia de acionistas na véspera.

A aprovação para o conselho é uma pré-condição para indicados a CEO pelo governo serem eleitos posteriormente pelos integrantes do próprio colegiado. O executivo tomará posse ainda nesta quinta-feira.

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Coelho foi escolhido pelo governo após descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a atuação de Luna na presidência da estatal, que teve de subir fortemente os valores dos combustíveis nas refinarias para acompanhar a escalada do petróleo na esteira da guerra da Ucrânia.

O ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, contudo, conquistou adeptos entre os acionistas do mercado com declarações anteriores de apoio a políticas de livre mercado, como atrelar os preços dos combustíveis domésticos aos valores internacionais do petróleo, em vez de subsidiar o produto para os brasileiros.

A troca da presidência na Petrobras foi tumultuada, com o primeiro escolhido pelo governo para o cargo, o consultor de energia Adriano Pires, desistindo do posto em meio a informações de conflito de interesse para assumir o comando da companhia.

Vitória dos minoritários

A assembleia de acionistas aprovou também na noite de quarta-feira os outros indicados pelo governo e pelos minoritários para o novo Conselho de Administração da companhia.

A reunião marcou ainda uma vitória para os minoritários, que conseguiram mais uma vaga no colegiado e aumentaram sua representatividade para quatro assentos, de um total de 11, destacaram analistas.

A aprovação ocorreu após longa assembleia de acionistas, iniciada na tarde de quarta-feira e encerrada no final da noite. Antes de a reunião começar, houve uma agitação entre minoritários sobre alterações no estatuto da companhia, e a votação dos conselheiros também teve atraso por um problema na contagem de votos, segundo duas fontes que acompanharam o processo.

A empresa disse em nota que foi retirada de pauta da assembleia a deliberação da proposta de reforma de Estatuto Social para alterar os artigos 21, 22, 23, 29, 30, 33, 35 e 40. Alguns deles tratam, por exemplo, das atribuições e competências da diretoria executiva e do conselho de administração da companhia, além de requisitos para indicação a cargos nessas esferas.

A assembleia aprovou Márcio Andrade Weber, conselheiro na gestão anterior, como novo presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ele é engenheiro civil com especialização em engenharia de petróleo pela empresa, onde ingressou em 1976 e trabalhou por 16 anos.

Foram eleitos também para o conselho Murilo Marroquim de Souza, Ruy Schneider, Sônia Villalobos, Marcelo Gasparino da Silva e Rosangela Torres (representante dos empregados), que já integravam o colegiado anterior.

A assembleia elegeu ainda Luiz Henrique Caroli e José João Abdalla Filho, este último um bilionário que detém uma fatia considerável da Petrobras e está entre os maiores investidores da bolsa de valores do Brasil.

Contando com Abdalla Filho, os acionistas de mercado aumentaram com sucesso sua representação para quatro no conselho.

Antes, o governo tinha sete cadeiras no conselho, o mercado três e os trabalhadores uma.

“Os minoritários conseguiram o que desejavam… Esse era o tema mais incerto da assembleia”, disse Fred Nobre, economista e líder da área de análise da corretora Warren.

A nomeação de Abdalla Filho aumentará a participação dos acionistas do mercado no conselho, mas os analistas estão divididos sobre o significado final da composição do órgão, já que o governo mantém a maioria por estatuto.

Francisco Petros Oliveira Lima Papathanasiadis foi eleito pelos detentores de ações ordinárias, enquanto Marcelo Siqueira Filho pelos preferencialistas. Gasparino já ocupava o conselho anterior, como representante dos minoritários.

O Itaú BBA disse esperar uma reação positiva do mercado depois da assembleia, vista como “um importante marco no retorno da Petrobras ao seu dia a dia após semanas de turbulência”, segundo relatório distribuído a clientes.

Para os analistas do banco Leonardo Marcondes e Monique Greco, o resultado da reunião trouxe mais equilíbrio à composição do conselho e fortaleceu a governança da companhia. Eles destacaram ainda uma menor taxa de rotatividade dos conselheiros na eleição, de 36%, ante o padrão histórico de 54%.

As ações preferenciais da Petrobras ampliaram queda nesta tarde, recuando mais de 1% por volta das 14h45.