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Petrobras (PETR4): veja como o mercado recebe o nome de Magda Chambriard

Confira também o que os especialistas indicam sobre as ações da Petrobras, que devem cair forte nesta quarta-feira (15)

Petrobras (PETR4): veja como o mercado recebe o nome de Magda Chambriard
Magda Chambriard, escolhida por Lula para ser a nova CEO da Petrobras. (Foto: Agência Brasil)
O que este conteúdo fez por você?
  • Saída repentina de Prates aumenta incertezas sobre a Petrobras
  • Magda Chambriard é um nome de carreira e até bem avaliado para comandar a Petrobras
  • Investidor moderado e conservador devem esperar o mercado digerir a notícia, momento é de apreensão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu Jean Paul Prates do cargo de CEO da Petrobras (PETR3; PETR4) e escolheu Magda Chambriard para comandar a companhia. A mudança no cargo acontece após diversas tensões entre Prates e o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. No fim de março, o próprio Planalto passou a monitorar “ataques especulativos” sobre a saída do ex-senador do cargo.

No início de abril, o presidente Lula chegou a cogitar a entrada do atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, no lugar de Prates. O nome, no entanto, não foi bem recebido pelo mercado.

Na visão de Acilio Marinello, professor da Trevisan Escola de Negócios e Partner da Essentia Consulting, o nome de Magda Chambriard até poderia ser bem recebido pelo mercado pelo fato da nova CEO ser um nome técnico da área petrolífera, muito mais do que o próprio Prates. “Todavia, essa mudança abrupta na gestão da empresa gera uma desconfiança do mercado, visto que a troca de comando não decorre de critério técnico e, sim, acontece diante do fato de Prates não ter seguido a cartilha do governo. Com essa mudança sem grandes justificativas, o mercado passa a temer alguma ingerência política no comando da empresa”, afirma Marinello.

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Ele lembra que Chambriard atua no setor petrolífero há muitos anos e que ela, inclusive, começou a trabalhar na Petrobras na década de 1980, quando acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil. Chambriard também começou a trabalhar na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) em 2002. A executiva também já foi diretora da ANP entre 2012 e 2016 – confira o perfil completo dela aqui.

A XP Investimentos diz acreditar que Chambriard assumirá o comando da Petrobras em um contexto desafiador de significativas pressões externas. Por outro lado, ela encontrará a empresa com uma forte geração de fluxo de caixa livre, um balanço patrimonial desalavancado e um portfólio de investimentos sólido – confira aqui o último balanço da Petrobras. Os analistas da corretora enxergam que se a troca ocorresse em outro contexto, o nome seria positivo, visto que a nomeada tem carreira no setor de petróleo. No entanto, a mudança repentina adiciona significativa incerteza.

“Os investidores estão particularmente preocupados com conflitos de interesse em temas como distribuição de dividendos, política de preços, planos de investimento, passivos fiscais contingentes e outros. Embora não esperemos mudanças significativas nos dividendos e nos planos de investimentos a curto prazo, reconhecemos que a incerteza aumenta consideravelmente a percepção de risco”, dizem Helena Kelm e Regis Cardoso, que assinam o relatório da XP.

Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, diz que ainda é cedo para falar sobre Magda Chambriard no comando da Petrobras. No entanto, a troca no cargo deve trazer pressão para a ação no pregão desta quarta-feira (15). Isso porque, a reação no mercado internacional foi impiedosa com Petrobras – acompanhe o mercado hoje aqui, em tempo real.

Por volta das 9h03min, ações da Petrobras negociadas em Nova York, conhecidas como American Depositary Receipt (ADR) caíam 8,03%, a US$ 15,35. “Temos uma previsão que isso vai puxar Petrobras para baixo no mercado hoje e, consequentemente, o Ibovespa. Essa turbulência deve exigir cautela do investidor para não tomar posições de compra ou venda no calor do momento”, aponta Lage.

O que fazer com as ações da Petrobras?

Os analistas apontam que o investidor deve ter calma e paciência em um momento como esse e que a queda das ações pode abrir oportunidades. Os analistas lembram, por exemplo, de quando a Petrobras rejeitou pagar  dividendos extraordinários, em março último. No dia 8 daquele mês, as ações preferências da Petrobras recuaram 10,57% e encerraram o pregão daquele dia a R$ 36,12. Na sessão desta terça-feira (14), os papéis da estatal fecharam o dia a R$ 40,87. Ou seja, as ações subiram 13,15% em dois meses.

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Sendo assim, Acilio Marinello vê na possível queda de hoje uma oportunidade para o investidor comprar as ações da Petrobras para lucrar com uma eventual valorização dos ativos no mercado no futuro. “Para os investidores arrojados, essa é uma grande oportunidade de compra para lucrar com alta futura do papel. Enquanto os investidores mais moderados podem ver uma oportunidade para ampliar levemente as compras em Petrobras, a um preço mais barato”, aponta Marinello.

Já Virgílio Lage, da Valor Investimentos, diz que o investidor deve ser mais cauteloso e só comprar a ação se ele não se importar com a volatilidade do mercado. Ele reforça que o ideal é esperar o mercado digerir a mudança no comando da estatal e ver qual será o destino da companhia na gestão de Magda Chambriard. “Hoje as ações só estão atrativas para o investidor que busca ganhos com especulação. A questão de dividendos está muito incerta”, argumenta Lage.

A XP não deu detalhes do que o investidor deve fazer com a ação. A corretora diz enxergar um momento de muita incerteza que deve exigir cuidado por parte do investidor. Até ontem, a corretora recomendava compra para a ação com preço-alvo de R$ 45,10, uma potencial alta de 10,3% na comparação com o fechamento de terça-feira (14). Antes da mudança de CEO, a corretora estimava um dividend yield (rendimento de proventos) de 10% para a empresa com a atual política de dividendos. A corretora ainda não divulgou novas projeções.

“A empresa está guardando dinheiro em caixa que pode ser utilizado para potenciais fusões e aquisições – por exemplo, investimentos na refinaria de Mataripe ou na Braskem (BRKM5) – ou para pagar dividendos extraordinários no final do ano. Caso o dinheiro não seja utilizado para investimentos ou aquisições, a empresa deve distribuir um dividend yield de 18% com os proventos extraordinários no fim do ano, o que deixa o papel atrativo”, argumenta Helena Kelm, que assina o relatório da XP.

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Ou seja, os analistas comentam que o investidor deve entender que o momento é muito incerto e o risco de perda é alto. Ainda assim, quem tiver um grande apetite ao risco e não se importar com prováveis volatilidades em busca de lucros maiores, a ação da Petrobras pode ser atrativa. Confira mais comentários de analistas do mercado:

Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos

“Isso será visto como uma notícia negativa (demissão de Prates), pois, mais uma vez, levantará algumas questões e incertezas sobre a tese de investimento da Petrobras. Por outro lado, Magda Chambriard é uma indicação técnica, pois possui muitos anos de experiência na indústria de Óleo & Gás (O&G). Acreditamos que o mandato de Magda Chambriard será focado em usar a posição da Petrobras para desenvolver ainda mais a cadeia nacional de fornecimento de petróleo, possivelmente resultando em maiores investimentos para a Petrobras (potencialmente através da contratação de mais plataformas, navios de apoio, navios-tanque e navios de cabotagem), e fornecendo mais alívio de capital de giro para a indústria. As ações provavelmente experimentarão uma correção na sessão de hoje, dada outra rodada de incerteza. Se o nosso diagnóstico estiver correto, as ações poderão se recuperar gradualmente, como em casos anteriores de momentos agitados para a Petrobras. Mantemos a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47, uma potencial alta de 15% na comparação com o fechamento de terça-feira (14), quando a ação encerrou o pregão a R$ 40,87.”

Pedro Soares, Thiago Duarte e Henrique Pérez do BTG Pactual

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“A mudança é surpreendente e aumenta o risco de qualquer ingerência política na empresa, o que deve fazer a ação da Petrobras sofrer na Bolsa. Ainda assim, preferimos permanecer consistentes com nossas decisões anteriores e evitar reagir exageradamente a mudanças repentinas nos movimentos do governo. Estimamos que a Petrobras deve pagar 14,4% do valor de sua ação em dividendos – Dividend Yield (DY) – em 2024 e 10,9% do preço de seu ativo em dividendos em 2025. Por isso, reiteramos nossa recomendação de compra para as ações da Petrobras cotadas em Nova York, conhecidas como American Depositary Receipt (ADR). O preço-alvo é de US$ 19 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 13,8% na comparação com fechamento de terça-feira, quando as ações da estatal encerraram o pregão em Nova York a US$ 16,69.”

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos

“O mercado teme que a mudança não fique apenas no CEO. É natural que os investidores fiquem com um pé atrás, visto que as pautas dos investidores minoritários podem ser deixadas de lado. Mesmo assim, o ideal é esperar para ver como será a gestão de Magda Chambriard. O melhor agora é ter calma e não comprar as ações. Se ontem, durante o call de resultados do primeiro trimestre de 2024, a atual diretoria mostrou que o pagamento do dividendo extraordinário retido em 2023 seria distribuído e que, só se discutia quando seria o melhor momento para tal, acreditamos que este é um tema onde poderá haver uma grande mudança.”

Flávio Conde, analista da Levante

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“A saída de Jean Paul Prates é péssima, pois eleva as chances de interferência política na empresa. A mudança mostra uma vitória da ala política do governo, comandada pelo ministro de Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o Ministro da Casa Civil, Rui Costa. Eles defendem que a Petrobras deve distribuir o mínimo de dividendos. Por fim, é muito arriscado comprar a ação agora e para buscar qualquer lucro, o investidor deve ter muito cuidado.”

Marcelo Vieira, head da mesa de Renda Variável da Ville Capital

“O ponto que me preocupa é o viés social que a Magda tem e, inclusive, já chegou a expor sua convicção de que a Petrobras deveria exercer mais um papel social – também um desejo explícito do presidente da República. Isso pode gerar desde o aumento de gastos da petrolífera até a deterioração do seu fluxo de caixa se houver uma política de “combustível barato” internamente, o que pode gerar uma defasagem com os preços internacionais do petróleo.”

Mateus Haag, analista da Guide Investimentos

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“As prováveis alterações na estratégia da estatal serão cruciais para tomarmos nossa decisão de recomendação em relação à Petrobras. No momento, esperamos que não haja mais distribuição de dividendos extraordinários, plano estratégico com previsão de mais investimentos e mantimento da política de precificação de combustíveis. As ações da Petrobras devem ter forte reação negativa hoje e seguirem os próximos dias com alta volatilidade. Por enquanto mantemos nossa recomendação de compra para Petrobras.”

Genial Investimentos

“Apesar de todas as desconfianças iniciais, sua gestão à frente da empresa pode ser considerada muito razoável. Em nossa opinião, o principal risco ao caso diz respeito à expansão de investimentos em projetos pouco interessantes e à suspensão do pagamento de dividendos. Nossa recomendação para o papel é de manter com preço-alvo de R$ 47, alta de 15%.”