- Assim como o ouro, o bitcoin é indicado como investimento de proteção, mas é preciso cuidado ao iniciar essa exposição. Para isso, a principal dica é sempre pensar em prazos mais esticados
- O investidor precisa ter em mente que o bitcoin não rende, mas sim se valoriza ou desvaloriza conforme o passar do tempo, de acordo com as condições do mercado. Mais uma vez, assemelha-se ao ouro ou qualquer outro material precioso, como a prata.
- Apesar de um único bitcoin valer quase R$ 70 mil, não é preciso ter toda essa quantia para investir no moeda digital, pois esta costuma ser vendida de forma fracionada, em até 8 casas decimais (0,00000001)
Prestes a atingir o seu nível mais alto em 13 meses, o bitcoin tem atraído olhares de investidores. Afinal, a moeda digital teve um dos melhores desempenhos no ano, com 70% de valorização, mesmo com a crise financeira causada pela pandemia de coronavírus. Assim como o ouro, o criptoativo é indicado como investimento de proteção, mas é preciso cuidado ter ao iniciar essa exposição e sempre pensar em prazos mais esticados.
Leia também
Nesta quarta-feira (19), mesmo em baixa, a negociação do bitcoin oscilou por volta dos R$ 65 mil (cerca de US$ 12 mil), próximo de superar a máxima histórica no Brasil de R$ 69,336 mil, registrada em dezembro 2017. Quem acompanha o mercado acredita que é questão de pouco tempo para a cotação atingir superar os R$ 70 mil. Para 2021, as projeções são otimistas e a expectativa é a moeda atinja o patamar de R$ 100 mil.
As cifras elevadas despertam curiosidade até nos perfis de investidores mais conservadores. Contudo, é preciso estudar e entender mais sobre essa classe de ativos. A falta de regulação, por exemplo, pode pesar na decisão.
Por que e para quem vale a pena investir em bitcoin?
Da mesma forma que o ouro, o bitcoin é negociado nos Estados Unidos, portanto, ele carrega o efeito cambial. Se o dólar subir, a criptomoeda acompanha. Se cair, também. Assim como o metal precioso, a moeda digital também costuma ser usada como uma opção de proteção devido ao valor que possui em si mesma. Por ser um ativo escasso, e ainda que digital, conforme aumenta a demanda cresce também o seu preço.
Publicidade
“A melhor estratégia para quem quer entrar neste mercado é pesquisar e estudar muito. Pouca gente conhece bem. Sobre a forma de investir, a primeira dica é não se preocupar com o curto prazo. É como se fosse uma poupança ou investimento em ouro”, explica Ricardo Da Ros, country manager da exchange Ripio.
Neste caso, o investidor precisa ter em mente que o bitcoin não rende, mas sim se valoriza ou desvaloriza conforme o passar do tempo e de acordo com as condições do mercado. Mais uma vez, assemelha-se ao ouro ou qualquer outro material precioso, como a prata.
Por conta disso, a criptomoeda é muito volátil, ou seja, os preços mudam constantemente. A orientação é entrar no investimento pensando no médio e longo prazos. No curto, as chances de ganho se igualam às de perda. Então é mais arriscado investir.
“Se o investidor colocar dinheiro hoje para tirar no mês que vem, a chance de ganhar ou perder é muito parecida, porque tem uma oscilação muito grande no mercado. À medida que vai alargando o prazo, a chance de ganhar vai se tornar maior e a chance de ter resultados se torna relevante, com múltiplos de duas ou três vezes o valor investido”, observa João Marco Cunha, gestor de portfólios da Hashdex, gestora de criptomoedas.
Como investir em bitcoin?
Como esse mercado ainda não possui uma regulação no Brasil, os investidores precisam escolher corretoras ou gestoras de fundos seguras. O principal cuidado é desconfiar de negociações por meio de redes sociais, com a promessa de ganhos exorbitantes. Em casos de fraudes, os investidores devem acionar a Justiça, o que pode levar tempo.
Apesar de um único bitcoin valer quase R$ 70 mil, não é preciso ter toda essa quantia para investir no moeda digital, pois esta costuma ser vendida de forma fracionada em até 8 casas decimais (0,00000001), explica Da Ros.
Publicidade
Ao assinar com uma corretora, o investidor transfere a quantia em dinheiro que ele pretende comprar de bitcoin. Feita a transição, que pode ser cobrada taxa, resta esperar o quanto a criptomoeda irá se valorizar.
Na Ripio, o investimento mínimo é de R$ 100, que pode ser feito por meio de TED ou Mercado Pago (taxa de 2,5%). Mas o investidor só compra o valor que quiser de bitcoin, sendo cobrada taxa de 0,5% para cada operação. Ou seja, se ele tiver R$ 500 na conta e quiser comprar apenas R$ 100 de fração de bitcoin, serão descontado R$ 0,50 centavos. E assim sucessivamente para cada compra realizada.
Apesar de poder reverter as frações da criptomoeda em reais a qualquer momento para saque, o investidor corre o risco de prejuízo. Por isso, a recomendação é que as alocações sejam realizadas em prazos mais esticados, de pelo menos um ano.
Ricardo Da Ros também recomenda que o investimento siga a estratégia ‘dollar cost averaging’, que consiste em criar um preço médio através de vários depósitos recorrentes, em vez de um único. Por exemplo, se o investidor tem R$ 10 mil é melhor dividir o montante em 5 compras de R$ 2 mil, no lugar de comprar todo esse valor em frações em uma só operação.
“Você compra um pouco por semana para pegar subidas e descidas de preço e garantir uma média interessante. Daqui a seis meses ou um ano, se o preço tiver 50% maior, os seus lucros vão ser melhores do que se tentar adivinhar quando é a hora certa de comprar”, afirma Da Ros.
Publicidade
Para o especialista, esse tipo de investimento, para quem está começando, deve representar entre 5% e 10% do portfólio.
É possível investir em fundos de bitcoin?
Sim. Os fundos que investem em moedas digitais, como o bitcoin, são outra alternativa para quem busca diversificação de carteira. A Hashdex, por exemplo, possui três fundos que variam de acordo com a exposição em criptoativos, cota de entrada e o tipo de investidor.
A opção mais acessível da gestora, para qualquer investidor, tem cota de entrada de R$ 500, com 20% de exposição a criptoativos, volatilidade anual de 11,94% e rentabilidade de 23,52% em 2020. Há também um fundo para investidores qualificados, com cota inicial de R$ 10 mil e 40% de exposição a criptomoedas.
O fundo mais sofisticado é exclusivo para investidores profissionais, com entrada mínimo de R$ 100 mil, 100% de exposição a criptoativos, volatilidade anualizada de 61,92%, e rentabilidade em 2020 de 138,61%.
“O prazo de retirada é de 7 dias. Cinco dias para cotização e dois dias para pagamento. Quanto mais curto o prazo, mais aleatório é o mercado. O investimento [em criptomoedas] só faz sentido quando o investidor está olhando para prazos de anos. No curto prazo, a volatilidade vai dominar”, alerta Cunha.
Entre os benefícios dos fundos, o gestor de portfólios da Hashdex cita a segurança da custódia, ou seja, a forma como é feita a proteção desses ativos digitais. “Tem vários casos de problema de corretoras que são invadidas por hackers. Conseguimos usar os custodiantes de primeira linha, que o consumidor individualmente teria dificuldade de acessar”, diz Cunha.
Publicidade
Conforme o gestor, quem faz a custódia dos fundos da Hashdex é a norte-americana Fidelity, empresa de mercado com US$ 8,8 trilhões sob gestão.