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Especialistas apontam tendências na Bolsa e renda variável em agosto

Segmentos de tecnologia, e-commerce e proteína animal são os mais promissores

Especialistas apontam tendências na Bolsa e renda variável em agosto
Fachada da B3. Ribeiro/Shutterstock
  • Segundo José Cataldo, head de research da Ágora, mesmo com o otimismo da imunização, as preocupações no curto prazo estão relacionadas aos impactos da variante Delta do coronavírus
  • A votação da Reforma Tributária, que deve taxa em 20% os dividendos, é aguardada na Câmara e pode gerar instabilidade especialmente nos setores financeiro e elétrico, segundo analista da Genial
  • Para agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deve seguir com o processo de ajuste na Selic

Os investidores atentos ao mercado de ações acompanham os resultados dos balanços do segundo trimestre de empresas listadas na Bolsa de Valores. A temporada continua até o dia 16 de agosto e deve movimentar o mercado ao longo do mês, juntamente com a divulgação da taxa básica de juros e o otimismo quanto à proximidade do fim da pandemia.

Vale lembrar que até o fim do mês de junho o Ibovespa registrou altas históricas em seis pregões consecutivos, quando o índice chegou a ultrapassar 130 mil pontos. A performance não foi repetida ao longo de junho ou julho. No último pregão do sétimo mês do ano, o índice fechou a 121.800,79 pontos e queda de 3,94% no acumulado mensal. Apesar de julho ter marcado o menor volume financeiro negociado de 2021, as perspectivas de analistas para agosto são otimistas.

Com o total de pessoas totalmente imunizadas contra o coronavírus chegando a 19% da população, a expectativa para reabertura geral no País anima alguns setores. Analistas afirmam que o investidor pode olhar com mais atenção para as ações das empresas beneficiadas com a retomada de atividades presenciais.

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“O mês de julho foi marcado pela indefinição do mercado após altas e baixas seguidas do índice”, avalia Lucas Xavier, analista técnico da Ativa Investimentos. Segundo ele, dependendo do resultado dos balanços, a volatilidade pode voltar em agosto.

Em relação às expectativas, Xavier reforça a atenção para alguns segmentos. “Os setores de shoppings, seguros e bancos ficaram mais atrás ao longo da crise da pandemia e podem querer compensar essas perdas nos próximos resultados”, destaca.

Segundo Luigi Wis, especialista em investimentos da Genial, o otimismo está presente para o segundo semestre como um todo. Especialmente com a diminuição de casos da doença e os projetos de total reabertura já indicados por governos de alguns estados, como São Paulo.

Além disso, Wis destaca que a temporada de balanços deve trazer surpresas positivas que devem puxar a Bolsa para cima. Segundo ele, tecnologia, e-commerce e proteína animal são os segmentos mais promissores.

Para José Cataldo, head de research da Ágora, os investidores podem esperar uma estabilização do setor de commodities, com “leves” ganhos, comparados ao desempenho do setor durante o primeiro semestre. Ele ainda ressalta que boas oportunidades de fusão e aquisição podem acontecer nos próximos meses.

Contexto político e social

De acordo com Cataldo, mesmo com o otimismo da imunização, as preocupações no curto prazo estão relacionadas aos impactos da variante Delta do coronavírus. A avaliação do impacto de novos casos pode ditar o ritmo de retomada econômica.

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Além disso, o nível de inflação global pode motivar uma revisão das atuais políticas monetárias expansionistas, o que pode gerar mau humor nos mercados acionários. No cenário doméstico, a dinâmica é similar e a inflação segue pressionada no curto prazo. Outro fator que pode gerar instabilidade para o mercado é a crise hídrica.

Para o especialista da Ativa, o impacto político no mercado deve ser amenizado em agosto. “Vemos com bons olhos a entrada de Ciro Nogueira na Casa Civil. A mudança deve deixar o Congresso mais calmo, com menos ruído de Brasília no mercado”, comenta.

Apesar disso, o retorno das atividades da CPI da Covid-19 no Senado Federal pode afetar o mercado por conta das tensões políticas. Ainda no âmbito político, a votação da Reforma Tributária, que deve taxa em 20% os dividendos, é aguardada na Câmara e pode gerar instabilidade especialmente nos setores financeiro e elétrico, segundo o analista da Genial.

Crescimento da Selic

Para agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, deve seguir com o processo de ajuste na Selic, taxa básica de juros. O indicador, que iniciou o ano em mínima histórica de 2%, deve chegar a 7% ao final deste ano.

Segundo a Ágora, uma Selic mais elevada tende a atrair um fluxo estrangeiro por conta do aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA. Por outro lado, a expectativa de juros mais elevados pode provocar movimentos de correção na bolsa brasileira.

Apesar da taxa de juros influência direta na renda fixa, analistas avaliam que, enquanto a taxa esteja abaixo de 10%, não há motivo de preocupação. “Em relação ao ciclo de aumento da taxa de juros que pode preocupar alguns investidores, ressaltamos que enquanto as taxas permanecerem em um dígito, não vemos uma migração forte da renda variável para renda fixa”, afirma o relatório de análise da Ágora Investimentos.

Busca por recuperação

Entre as maiores quedas do Ibovespa no mês, as ações preferenciais (PN) das Lojas Americanas, LAME4, registraram baixa de 67,15%. Fora do índice, a queda também foi observada nos papéis LAME3 e AMER3, que caíram 68,05% e 25,90%. A queda é justificada pela fusão da empresa com a antiga B2W, atual Americanas SA.

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Continuando um caminho de baixa que vem traçado desde o primeiro semestre, quando caiu 33,77%, as ações do Grupo Pão de Açúcar estão entre as maiores quedas de julho. A baixa foi ainda mais intensa após a divulgação dos resultados do 2T21, quando registrou lucro líquido 95,9% menor em comparação ao mesmo período do ano passado.

Entre as maiores baixas do ano até o fim de julho, a Eztec (EZTC3) segue um fluxo do segmento de construção civil. Os papéis caem 11,60% no acumulado do ano. O setor imobiliário tem sido afetado pelo encarecimento do material de construção por conta da inflação e pela perspectiva de alta na Selic. Com o aumento das taxas, a atratividade para financiamentos de imóveis cai.

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