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- O avanço do processo de privatização é um ponto-chave para fazer as ações se valorizarem
- As ações da Sabesp chegaram a saltar quase 17% no primeiro pregão após o resultado da primeira votação eleitoral em SP
- Até a desestatização, investidores precisam ficar de olho em fatores como a revisão tarifária e a inadimplência
As empresas públicas ligadas aos Estados brasileiros listadas na B3 costumam ficar em segundo plano quando o debate são as estatais. Mas, com as gigantes Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR4) na mira de mudanças de diretrizes com o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ações de companhias como Copel (CPLE6), Cemig (CMIG4), Copasa (CSMG3) e Sabesp (SBSP3) podem entrar no radar dos investidores como alternativas menos voláteis.
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Nesta série de reportagens, discutimos as perspectivas para o ano de Copel, que no fechar de cortinas de 2022 deu o pontapé em seu processo de privatização; e de Cemig e Copasa, apoiadas pela reeleição de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais, que também já se mostrou favorável à desestatização.
Agora, o E-Investidor conversou com fontes para entender os rumos das ações da Sabesp em 2023.
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A expectativa de privatização ronda a companhia paulista desde o fim do primeiro turno das eleições de 2022, quando o então ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) saiu na frente do ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na disputa pelo governo paulista. As ações da Sabesp chegaram a saltar quase 17% no primeiro pregão após o resultado da primeira votação eleitoral, como contamos nesta reportagem.
“As eleições estaduais em Minas Gerais, Paraná e São Paulo elegeram governos com viés pró-privatização e em um primeiro momento deram fôlego às perspectivas de andamento de alguns processos que já se falam há anos”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA BS. “Entretanto, na esfera federal, o governo eleito tem direcionamento contrário às desestatizações, trazendo incertezas sobre a celeridade dos processos de venda das empresas de controle estadual”, ressalta.
O avanço do processo de privatização é um ponto-chave para fazer as ações se valorizarem. Será importante entender qual o modelo da desestatização, se há apoio na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para aprová-lo, por exemplo. “Tudo isso é relevante para entendermos como vai se dar o desempenho do papel ao longo do ano”, destaca Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos.
A Ativa tem recomendação de compra para SBSP3, entendendo que o avanço de uma possível privatização pode sim destravar um “fortíssimo valor” na companhia, conta o analista.
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O processo também é bem visto pelo TC. Arlindo Souza, analista de ações da casa, explica que a desestatização poderia fazer as ações da Sabesp saltarem ao menos 80% do atual valor, na casa de R$ 55 o papel.
Souza explica que a melhor forma para avaliar o valuation (valor de mercado) de empresas de utilities (serviços essenciais) é pelo que se chama de valor sobre a base regulatória de ativos – a população ou localidades que estão à disposição da empresa para a prestação dos serviços onde ela tem concessão.
O analista do TC destaca que pares privados nacionais do setor de saneamento, se estivessem com capital aberto na Bolsa, tenderiam a negociar a 2 vezes a base regulatória de ativos, enquanto a Sabesp atualmente negocia a 0,8 vezes.
“Deixando de ser estatal, acreditamos em uma expansão de múltiplo que faria a empresa negociar a pelo menos 1 vez a sua base regulatória de ativos”, explica Souza. “Seria um upside (crescimento) de pelo menos 80%, mas acreditamos que o mercado poderia pagar um múltiplo ainda maior a depender do modelo de desestatização”, explica Souza.
Para além da privatização
Processos de privatização levam tempo. Até que o modelo seja discutido e aprovado pela Alesp pode ser que a desestatização não ocorra ainda em 2023. “Demanda tempo, estudos, negociação com os agentes políticos e base de apoio, inclusive com compreensão popular da possibilidade de ganho de eficiência, não só de lucratividade, mas também operacional e de melhores serviços”, pontua Alexsandro Nishimura, da BRA BS.
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Até que a desestatização saia do papel, investidores de SBSP3 precisam ficar de olho em alguns outros fatores que podem afetar as ações e resultados da companhia.
O principal deles é a revisão tarifária que deve acontecer em 2023. “Esperamos um crescimento de receita em torno de 4% e um crescimento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) por volta de 12%. Um avanço que deve ser originado especialmente do reajuste tarifário, que o órgão regulatório de São Paulo deve fazer para repor pelo menos a inflação acumulada do período”, destaca Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC.
Ilan Arbetman, da Ativa, faz uma ressalva: dado o perfil majoritariamente residencial dos clientes da companhia, a inadimplência precisa ficar no radar. “É fundamental que a companhia evolua no escopo regulatório, que possa praticar uma tarifa interessante do ponto de vista comercial, mas temos que ver como vai se dar a inadimplência e as perdas, fatores que podem evitar que as ações subam”, explica.