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- O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República oficialmente começou; e as ações das estatais já estão sofrendo
- Lula defende a retomada do papel das companhias estatais como indutoras de crescimento, um redirecionamento que pode reduzir a remuneração dos acionistas destas ações
- Ainda assim, analistas defendem cautela antes de tomar qualquer decisão de vender os papéis
Enquanto ministros e equipes dão início aos trabalhos do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República, o mercado brasileiro ‘reprecifica’ as ações na Bolsa com base nas expectativas – até então pessimistas – para com o novo governo. E as empresas estatais que o digam.
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No primeiro pregão do Lula 3, na segunda-feira (2), Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras e Caixa Seguridade perderam juntas mais de R$ 30 bilhões em valor de mercado, mostra um levantamento realizado por Einar Rivero, do TradeMap. Somente a petroleira recuou R$ 22,7 bilhões, enquanto o Banco do Brasil perdeu R$ 4,28 bilhões.
Com o fechamento do pregão desta quarta-feira (4), mais positivo para as companhias, a PETR3, a PETR4 e a BBAS3 caem 6,46%, 5,92% e 4,81% em 2023, respectivamente. Um movimento que, de certa forma, já vinha sendo anunciado desde que o petista ganhou as eleições no final de outubro do último ano, mas pode estar assustando investidores.
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As duas companhias apresentaram resultados bastante positivos ao longo de 2022. No caso da Petrobras, a melhora operacional que a empresa vinha passando foi impulsionada pelo boom do preço do petróleo, vivido após a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia. Um evento que também valorizou as commodities agrícolas e acabou fortalecendo os balanços do Banco do Brasil, cuja carteira de crédito é fortemente ligada ao agronegócio.
Tudo isso permitiu que investidores das duas estatais recebessem dividendos gordos em 2022, os maiores desde 2012, como contamos nesta reportagem.
Entretanto, desde a posse no domingo (1), Lula defendeu a retomada do papel das companhias estatais como indutoras de crescimento e desenvolvimento social. Um redirecionamento nas diretrizes mais liberais que vinham sendo seguidas e que podem acabar reduzindo a remuneração dos acionistas destes papéis.
“O ponto em comum entre as duas no novo governo Lula é que a questão dos dividendos deve ser bastante alterada”, diz João Abdouni, analista da Inv. “A Petrobras pagou R$ 207 bi em forma de proventos e a expectativa é que volte a pagar apenas o mínimo regulatório de 25% do lucro nos próximos anos. BB também estava pagando acima da média e deve voltar”.
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As mudanças na Petrobras passam por alterações na atual política de preços de paridade de importação (PPI), volta dos investimentos em refinarias e foco na transição energética. Objetivos que ficam claros não só nas declarações de Lula, mas do novo CEO da companhia, o ex-senador Jean Paul Prates (PT). Aqui, contamos um pouco como pensa o novo presidente da estatal.
“Espera-se que a empresa invista mais em refino, na transição energética e faça menos desinvestimentos. E obviamente isso vai impactar os resultados”, afirma Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren.
O especialista destaca ainda um outro ponto que pode afastar a Petrobras do lucro recorde visto em 2022 independentemente do governo: o preço do petróleo, que por mais que permaneça elevado, passou por certa correção. “Tivemos em 2022 o início de uma guerra que levou o petróleo nas alturas. Por mais que os preços continuem elevados, é pouco provável que vejamos o barril novamente perto dos US$ 140. Mesmo que não mudasse nada na governança, essa questão estrutural de mercado já faria que os resultados fossem um pouco abaixo do do ano passado”, explica.
Para o Banco do Brasil, a expectativa passa por uma expansão da carteira de crédito. Um movimento que acende um alerta vermelho em um momento de taxas de juros na casa dos dois dígitos e alta da inadimplência, ressalta Larissa Quaresma, analista da Empiricus. “Olhando para frente, esperamos uma repriorização dos objetivos. O banco vai deixar de ser gerido tendo o lucro como prioridade e vai passar a ser gerido como um mecanismo de desenvolvimento social”, diz.
O que fazer com as ações
Perspectivas de margens mais apertadas, maior intervenção estatal e cada vez menos dividendos. Somado isso às quedas vistas nas ações, pode parecer que chegou o momento de desmontar as posições em PETR3, PETR4 e BBAS3. Mas, segundo os especialistas, ainda é cedo para tirar essas ações da carteira.
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Por enquanto, as quedas refletem mais um pessimismo do mercado do que propriamente alguma mudança estrutural na companhia. Até que sejam mesmo concretizadas, as duas empresas devem entregar bons resultados trimestrais.
Na Warren, o atual preço do petróleo faz a corretora manter a recomendação de compra para as ações da Petrobras mesmo com toda a volatilidade. “Por enquanto, o que temos visto é só ruído e ainda seguimos otimistas com a empresa. E por mais que tenham essas novas diretrizes, entendemos que ainda há espaço para a Petrobras gerar caixa, com o petróleo ainda em patamares elevados favorecendo a companhia”, explica Frederico Nobre.
Quando o assunto é o BB, na Empiricus, as recomendações variam de acordo com o objetivo do investidor. Para quem objetiva ganho de capital, a corretora reviu o posicionamento e passou a recomendar venda dos papéis após as eleições. No entanto, a BBAS3 permanece na carteira recomendada de dividendos da casa.
“Uma vez que isso aconteça acredito que vamos ver uma queda ou uma desaceleração de crescimento dos lucros, o que inevitavelmente vai acabar significando redução da remuneração de acionistas. Mas, até lá, eu daria uns quatro trimestres até que isso comece a se refletir nos resultados do banco”, afirma a analista Larissa Quaresma. “Mantivemos a ação na carteira de dividendos justamente porque acreditamos que a companhia ainda deve pagar bons proventos nos próximos trimestres”.
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