Os balanços relativos ao quarto trimestre de 2023 confirmaram tendências positivas para as empresas que estão no universo de cobertura do Safra, apresentando leve crescimento da receita líquida (1,0%) e alta do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, 12,9%), apesar de contração do lucro (-5,4%) impactado, principalmente, por Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3).
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Para o banco, os destaques da temporada de balanços ficaram com concessionárias e empresas de telefonia e do segmento industrial e de construção. “Em suma, a atividade econômica foi melhor no quarto trimestre, com as taxas de juros mais baixas e a menor pressão inflacionária ajudando os nomes domésticos. Contudo, o trimestre foi influenciado pelo processo de normalização dos resultados da Petrobras e por eventos não recorrentes que impactaram o lucro da Vale“, observam os analistas Cauê Pinheiro, Carolina Carneiro, Nayane Kava e Luana Nunes, em relatório.
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Para o time do Safra, as concessionárias se destacaram pela combinação de performance anual positiva e números acima do esperado, citando EcoRodovias (ECOR3) e CCR (CCRO3), beneficiadas pela contínua melhora no tráfego, cobrança do eixo suspenso, aumento de tarifas e ajustes de reequilíbrio em contratos. Já em Telecom os pontos favoráveis ficaram com as margens melhores, refletindo o ambiente competitivo mais benigno e os benefícios da incorporação dos ativos da Oi (OIBR3).
No caso do segmento Industrial, o desempenho foi puxado por Weg (WEGE3), em decorrência do mix de vendas melhor e da estabilidade nos custos de matérias-primas. No grupo dos destaques positivos entram também construção, com as recentes mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ainda guiando as vendas e as margens no segmento de baixa renda, enquanto o de média/alta renda foi impactado positivamente por lançamentos recentes com margens saudáveis.
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No segmento de utilidades básicas, a performance positiva foi impulsionada principalmente por fortes volumes e por um bom controle de custos.
Safra aponta quem se deu mal
Entre os segmentos com desempenho negativo, o Safra cita transportes, no qual a alta depreciação impactou a Movida (MOVI3), com despesas financeiras mais altas ofuscando a boa performance da divisão de locação de veículos. No e-commerce, Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) registraram queda na receita e despesas financeiras, prejudicando o resultado final.
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Também foi considerado negativo o desempenho do setor de siderurgia e mineração, com Gerdau (GGBR4) decepcionando em siderurgia, o que se refletiu em menores receitas unitárias e volumes mais fracos na América do Norte, afetando seu desempenho.
O setor de farmácias foi impactado pela desaceleração do crescimento das vendas em “mesmas lojas”, levando à queda na margem Ebitda.
Primeiro trimestre de 2024
Olhando para as perspectivas para o primeiro trimestre, os analistas do Safra enxergam uma boa dinâmica para telecom, com um ambiente competitivo racional no segmento móvel e perspectivas melhores para as margens das empresas de tecnologia. Para ao setor de construção, o banco nota continuidade do bom desempenho do segmento de baixa renda após a recentes mudanças implementadas no MCMV, apesar de parte dessa tendência estar parcialmente precificada pelo mercado.
A visão também é positiva para o segmento de shoppings, com boa performance operacional, baixos níveis de inadimplência e crescimento de aluguel e receita acima da inflação; de Transportes, com as concessionárias dando continuidade a tendência positiva vista no quarto trimestre.
O banco espera que as locadoras de veículos se beneficiem de uma recuperação em seus spreads (diferença entre altas e baixas) do retorno sobre o capital investido (ROIC) em virtude de maiores tarifas de locação de carros. O Safra também espera crescimento saudável para as farmácias, com aumento da produtividade de lojas e expansão geográfica. No caso da Hypera (HYPE3), novos produtos.
Para as grandes redes de varejo, expectativa de que as companhias iniciem o trimestre com dinâmicas melhores de estoques e provisionamentos mais baixos em suas operações financeiras, enquanto a queda nos juros impacta positivamente a tendência do consumo ao longo do ano.
Crédito
Os analistas do Safra estão mais otimistas com relação ao perfil de crédito das companhias sob a cobertura do ano. Primeiro, por conta do ciclo de corte de juros iniciado em 2023, com efeito positivo no custo da dívida – para companhias com endividamento bruto concentrado na moeda local – e, consequentemente, na geração livre de caixa.
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O banco cita ainda que boa parte das empresas deva continuar com a estratégia de alongar o perfil de vencimento das dívidas, ao mesmo tempo em que fortalecem o seu nível de liquidez aproveitando a demanda aquecida por títulos de crédito privado.
Outro ponto fica com os indicadores macroeconômicos, que sugerem avanço na demanda interna, ainda que isso seja apontando pelo Banco Central (BC) como causa de “incertezas” inflacionárias.