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Como empresas de telecom podem se tornar novas estrelas dos dividendos

Analistas mostram otimismo com números de Telefônica Brasil e Tim; perspectiva de retornos para o acionista anima

Como empresas de telecom podem se tornar novas estrelas dos dividendos
Empresas de telecom tem o 6º maior rendimento de dividendos setorial de 2023. (Imagem: Freepik)
  • Há um outro setor na Bolsa de Valores interessado no título de "vaca leiteira" – expressão utilizada no mercado financeiro para se referir àquelas ações que se destacam no pagamento de dividendos
  • As duas principais companhias do setor de telecomunicações, Telefônica Brasil (VIVT3) e Tim (TIMS3), têm dado sinalizações na direção de aumentar a remuneração de investidores
  • Analistas estão otimistas com os números apresentados por essas empresas e com a perspectiva de dividendos pela frente; explicamos o porquê

Esqueça commodities, elétricas ou bancos. Há um outro setor na Bolsa de Valores interessado no título de “vaca leiteira” – expressão utilizada no mercado financeiro para se referir àquelas ações que se destacam no pagamento regular de dividendos. É o setor de telecomunicações, que há alguns anos já vê uma estabilidade na distribuição de proventos e pode ainda aumentar o bolso de seus acionistas daqui para a frente.

Como mostramos nesta reportagem, as empresas de telecom tem o 6º maior dividend yield (rendimento de dividendos) setorial do ano. E as duas principais companhias do setor, Telefônica Brasil (VIVT3) e Tim (TIMS3), têm dado sinalizações na direção de aumentar a remuneração de investidores.

No início de novembro, a Telefônica comunicou ao mercado, via fato relevante, a intenção de distribuir a investidores um valor igual ou superior a 100% de seu lucro líquido nos exercícios de 2024 a 2026, seja em dividendos, juros sobre capital próprio, reduções de capital e recompras.

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“É uma estratégia agressiva, mas se a Vivo puder manter seu crescimento e eficiência operacional, essa abordagem pode ser sustentável e positiva para os acionistas, reforçando ainda mais a imagem da empresa como uma escolha atraente para investimentos”, avalia Cleide Rodrigues, analista chefe da Money Wise Research.

Na visão da analista, a VIVT3 já é uma “vaca leiteira”, dado que mantém uma média de dividend yield de 7% na última década.

Olhando a concorrência, ainda que a Tim não tenha uma proposta formal para aumentar a remuneração de seus acionistas, como fez a Telefônica, a companhia também parece estar com planos de elevar o nível de pagamentos no próximo ano. Esse foi o entendimento da XP Investimentos após o Investor Day da empresa, realizado no início de novembro, quando a Tim anunciou um aumento na distribuição de dividendos para R$ 2,9 bilhões em 2023, fazendo o dividend yield do ano saltar de 6% para 7,5%.

“A TIM tem aumentado muito a sua geração de caixa e a distribuição de dividendos tem aumentado de forma consistente. Embora não tenham anunciado uma política formal de dividendos, a indicação é que haverá um nível mais elevado no próximo ano”, destacaram Bernardo Guttmann e Marco Nardini, da XP.

Quer investir nessas empresas pensando em dividendos? Os analistas escolhem qual papel vale mais a pena entre VIVT3 e TIMS3 nesta outra reportagem.

Bom momento operacional

A temporada de balanços referente ao terceiro trimestre de 2023 foi marcada por resultados fortes no setor de telecom. A Telefônica Brasil, que divulgou seus números no dia 31 de outubro, apresentou um resultado considerado por muitos analistas como sólido, impulsionado pelo resultado do segmento pós-pago e beneficiado por um aumento na base de clientes e ajustes de preços, mantendo um baixo churn (total de clientes cancelados).

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Uma semana depois, foi a vez da Tim divulgar seus números, no geral, acima das expectativas de mercado. Receita sólida, destacando o desempenho no segmento de serviços móveis, um maior nível de receita média por cliente (ARPU) e crescimento do EBITDA.

Eduardo Siqueira, analista de Telecom da Guide Investimentos, destaca que ambas as empresas estão em um momento operacional excelente. “As duas vêm conseguindo apresentar um crescimento de receita acima da inflação, algo que é bem louvável tendo em vista o histórico do setor, um setor bem consolidado e já maduro. Além disso, elas vêm conseguindo ampliar a margem através das consolidações de ativos da Oi e o fim de pagamento das despesas relacionadas à transação”, diz.

Com os resultados em destaque e a perspectiva de dividendos à frente, as ações VIVT3 e TIMS3 têm conseguido se destacar na Bolsa. “Elas têm se comportado entre as top empresas do Ibovespa, mesmo quando comparadas com aquelas que se beneficiam mais do ciclo de queda do ciclo de juros”, destaca Siqueira.

Até o fechamento desta sexta-feira (24), a VIVT3 era cotada a R$ 52,19, com uma alta anual de 44,49%. A TIMS3 valia R$ 16,98, com uma valorização de 42,81% em 2023.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, destaca que, desde a saída da Oi do mercado, em meados de 2022, o setor de telecom ficou muito concentrado em poucas empresas – o que acaba sendo positivo para os resultados. “Isso confere algum pricing power para elas. Há um nível de racionalidade muito maior e isso tem se traduzido em maiores rentabilidades no setor. A ARPU, que é a receita média por usuário, tem crescido bem depois de abril de 2022, quando teve a consolidação da Oi”, explica.

Por causa disso, o analista se diz “esperançoso” em relação à capacidade de geração de caixa do setor; um ponto que é fundamental para manter a distribuição de dividendos. “2021 e 2022 foram anos mais difíceis em termos de geração de caixa por conta do capex que havia para o 5G, só que isso já foi”, afirma.

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“Para frente, não tem mais grandes desembolsos com licença e vejo, sim, a potencialidade de geração de fluxo de caixa muito forte, capitaneados por pós-pago e banda larga, e com a sessão de dividendos muito bons para as companhias do setor.”

Um risco no radar

Ainda que o entendimento geral dos analistas seja de que as companhias de telecom terão bons dividendos a distribuir pela frente, há um risco no radar que precisa ser levado em consideração. E ele vem direto de Brasília.

As empresas de telecom são umas das principais usuárias do benefício de juros sobre capital próprio (JCP). Na prática, as companhias usam o JCP como uma forma de remunerar os acionistas e conseguir pagar menos impostos.

Quando uma empresa distribui JCP, seu lucro líquido diminui e, assim, a base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) também reduz.

Mas esse “benefício” pode estar com os dias contados. O fim do JCP é uma das propostas do Ministério da Economia para aumentar a arrecadação federal e reduzir o déficit fiscal do País a partir de 2024. O texto ainda não foi apresentado, mas figura no mercado como um dos temas que deve aparecer na segunda fase da reforma tributária.

“A reforma tributária é um risco, porque a possibilidade de pagamento de JCP e amortização das despesas tributárias das companhias é um ponto forte que favorece a distribuição de proventos hoje”, destaca Ilan Arbetman, da Ativa.

Em um relatório de setembro, o BTG Pactual avaliou que o setor de telecom poderia ser o principal afetado pelo fim do JCP, se a proposta realmente virar lei. Se o texto entrar em vigor já em 2024, como sinalizam as intenções do governo, sem alterações nas alíquotas de IR ou nas estruturas de capital das companhias, as estimativas do banco indicam um impacto de 16,5% nos resultados do próximo ano da Telefônica Brasil e de 18,6% da Tim.

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Para compensar o impacto do fim do JCP, ambas as companhias teriam que aumentar os preços dos serviços ofertados. “O nosso pressuposto se baseia em um aumento na receita média por cliente (ARPU) no serviço móvel. Os resultados mostram que Vivo e TIM precisariam de aumentos de 4,7% e 3,8%, respectivamente”, destacam os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Gutilla no documento.

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