- O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por manter mais uma vez a taxa básica de juros do País em 13,75% ao ano
- A decisão era unanimidade e não deve causar grandes alterações no mercado; mas o tom ainda duro do comunicado pode trazer volatilidade
- Para especialistas, ao não dar sinais sobre os próximos passos, BC reduz o otimismo de quem esperava um corte na Selic já para agosto
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por manter mais uma vez a taxa básica de juros do País em 13,75% ao ano. A decisão era unanimidade e não traz grandes surpresas, nem deve causar grandes variações no mercado. O tom adotado pela instituição monetária no comunicado, no entanto, pode gerar certa repercussão.
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Na última reunião, realizada no início de maio, o comunicado foi considerado relativamente duro para a atual situação da inflação do País, que já mostrava sinais de arrefecimento. Como aquele foi o primeiro encontro do grupo desde a apresentação do novo arcabouço fiscal, esperava-se que o BC ao menos destacasse uma melhora no sentimento de incerteza com as contas públicas – algo que não aconteceu em maio.
Na época, o Banco Central manteve a mensagem de cautela de encontros anteriores, destacando que não havia “relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”, e repetindo que não hesitaria em retomar o ciclo de ajuste se julgasse necessário.
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Para a decisão desta quarta-feira, analistas e economistas esperavam que ao menos esse trecho sobre a possibilidade de novos aumentos na Selic não estivesse mais presente na mensagem, como adiantamos nesta reportagem. E ele realmente não apareceu.
“O tom do comunicado veio mais suave se comparado aos comunicados das reuniões anteriores”, avalia Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
Mas isso não significa que o BC abriu mão totalmente do tom “hawkish” (agressivo) que vinha adotando desde o início do ciclo de aperto monetário.
A instituição ressaltou que ainda vê riscos de alta na inflação, com persistência de pressões inflacionárias globais e alguma “incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço fiscal; além de uma desancoragem maior das expectativas de inflação para prazos mais longos. Sem sinalizar os próximos passos, como esperavam os mais otimistas, o BC pontuou que o futuro da política monetária depende da evolução da dinâmica inflacionária.
“Chama a atenção no comunicado o fato de o comitê ainda não sinalizar que teremos corte de juros na próxima reunião, o que vai contra o que o mercado esperava e revela o tom hawkish do comunicado”, ressalta Alves.
Quando a Selic vai cair?
Recentemente, o mercado se surpreendeu positivamente com os novos dados de inflação, que vieram abaixo das expectativas de muitas corretoras. Tudo isso enquanto os dados do Produto Interno Bruto (PIB) e de emprego mostram uma economia ainda resiliente no País.
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Um conjunto de fatores que fez boa parte dos analistas e economistas precificar que o primeiro corte na taxa básica de juros deveria acontecer já na próxima reunião do Copom, marcada para agosto. É essa expectativa que está levando o Ibovespa a um “bull market”.
Como os próximos passos não ficaram claros no comunicado, este ponto pode trazer alguma volatilidade para a Bolsa nesta quinta-feira (22) à medida que as interpretações variam.
Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, o Copom deixou claro que “não mexe” na Selic até setembro. “Isso tira alguma euforia do mercado e deve mexer um pouco com a Bolsa, porque esperava-se um comunicado um pouco mais otimista para cortes na taxa de juros”, diz.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, destaca que o mercado esperava maior flexibilidade e reconhecimento de um cenário mais benigno, ainda que nas entrelinhas. Como isso não aconteceu, é possível que a curva de juros sofra algum impacto dessa comunicação mais conservadora do BC. “Para quem estava comprado na expectativa de redução da Selic já em agosto, pode ter sido um balde de água fria.”
Ainda assim, há quem entenda que a possibilidade de corte de juros já na próxima reunião não está descartada.
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“A perspectiva de redução dos juros já é bem dada pelo mercado, apesar do BC não anunciar isso com tanta clareza. Tudo indica que teremos o início da redução talvez a partir da próxima reunião”, afirma Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.
O E-Investidor reuniu a avaliação de 10 especialistas do mercado sobre a decisão do Copom. Veja os comentários completos nesta outra reportagem.