- Segundo a ata da última reunião, feita em maio, a expectativa é de que haja um novo aumento na ordem de 0,75 pontos percentuais, o que elevaria a taxa para 4,25% ao ano
- No mesmo dia, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) se reunirá para divulgar a decisão referente à decisão dos juros nos Estados Unidos
- O aumento deve ser o mesmo do que foi sinalizado na última reunião, ou seja, 0,75 pontos percentuais
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulga nesta quarta-feira (16) sua decisão para a taxa básica de juros, a Selic. Segundo a ata da última reunião, feita em maio, a expectativa é de que haja um novo aumento na ordem de 0,75 pontos percentuais, o que elevaria a taxa para 4,25% ao ano.
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No mesmo dia, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) se reunirá para divulgar a decisão referente à decisão dos juros nos Estados Unidos. Por esses dois motivos, a atenção do mercado está voltada para as definições de quarta-feira.
De acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o Copom deve fazer o aumento que já havia sinalizado na última reunião de maio. O especialista lembra o caso da reunião de março do comitê, na qual os membros do BC deram entrevistas tentando dar algum tipo de sinal, o que acabou gerando confusão.
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“Não vejo espaço agora para esse tipo de mudança. A instituição sabe que, naquele mês, a comunicação não foi perfeita, e tentaram acertar isso para acabar com qualquer tipo de ruído que prejudique as precificações futuras”, diz Cruz.
Inflação
No mês de maio, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o período em 0,83%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice está na faixa dos 8,06%, percentual que já está acima da meta de 5,25% proposta pelo governo federal.
De acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (14), o mercado financeiro elevou suas projeções para a inflação de 5,44% para 5,82%, na décima alta consecutiva. Para a Selic, as projeções foram de 5,75% para 6,25% ao ano.
“O cenário de alta dos juros tem por base o controle da inflação de 2021-22. Mais especificamente, ancorar as expectativas dos agentes econômicos para 2022. Os preços internacionais das commodities, o câmbio desvalorizado, a escassez de insumos na cadeia produtiva e o aumento do preço da energia – atualmente bandeira vermelha 1 – têm pressionado a inflação”, escreveu em relatório Gustavo Sung, economista da Suno Research.
Expectativa dos especialistas
Para Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, o aumento deve ser o mesmo do que foi sinalizado na última reunião, ou seja, 0,75 pontos percentuais. “Creio que modificar passará uma mensagem de maior preocupação, que não tem aderência com as últimas entrevistas da diretoria do BC”, diz.
Na opinião do economista, as chances do Copom fazer um aumento superior aos 0,75 pontos percentuais nesta reunião é baixa, mas a expectativa é de que a Selic vai sim contar com uma alta.
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“Esperamos o comunicado para ver se o BC vai prosseguir com o discurso de ajuste parcial, ou seja, de que a inflação é temporária, ou se retirará essa sinalização que vem dando. De qualquer forma, acreditamos que, ao final do processo de normalização, a Selic possa ir até 7% no ano que vem”, diz o economista.
De acordo com Sung, a alta dos juros deve impactar positivamente os retornos dos ativos brasileiros, incentivando a vinda de capital estrangeiro. Com a maior entrada de dólares na economia, a tendência é de valorização do câmbio e, portanto, menores os preços dos bens importados em moeda local – diminuindo a pressão sobre a inflação.
Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, também acredita que é muito difícil o Banco Central fazer uma alteração diferente da que havia anunciado em maio. “De fato, a inflação pode ter vindo um pouco acima, só que tem dois pontos: a economia está mostrando sinais de retomada muito fortes, o PIB, provavelmente, vai encerrar o ano em 5% e, com isso, o BC pode ver que não precisa mais de tanto estímulo”, diz o CEO.
Entretanto, Meneses lembra que o dólar baixou muito, indo de R$ 5,80 para R$ 5 nas últimas semanas, o que colabora para um alívio na inflação. E que, talvez, ainda não tenhamos visto o efeito da queda da moeda na inflação em si, já que o resultado demora para aparecer.
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