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- De acordo com levantamento feito pela Stake ao E-Investidor, o índice brasileiro teve um dos piores desempenhos do mundo no acumulado do ano
- Na avaliação de Rodrigo Lima, analista da Stake, essa performance está atrelada aos conflitos políticos e ao cenário fiscal do País. Com esse cenário, os investidores cobram um “prêmio” para fazer seus investimentos
- Com essa perspectiva de baixa performance, a recomendação de analistas é que os investidores brasileiros tenham investimentos no exterior para garantir bons retornos financeiros
O interesse de investidores brasileiros no exterior tem crescido à medida que o Ibovespa continua operando em baixa, na contramão do exterior. Um levantamento feito pela Stake para o E-Investidor mostra que, no acumulado deste ano, a Bolsa de Valores brasileira registra um dos piores desempenhos em comparação a outros índices. Na avaliação de analistas, esse cenário corresponde ao melhor momento para alocar parte dos recursos em bolsas estrangeiras.
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De janeiro até a última sexta-feira (15), o Ibovespa teve um desempenho negativo com uma queda de 3,76%, segundo o ranking da Stake. Com esse resultado, o índice ficou em 4º lugar entre as bolsas com as piores performances do mundo. O mercado brasileiro só perde para os índices China A50, da China; Hang Seng, de Hong Kong, e BIST 100, da Turquia.
Segundo Rodrigo Lima, analista da Stake, as justificativas para o baixo desempenho do Ibovespa estão atreladas aos conflitos políticos que o país tem enfrentado nos últimos meses. “O cenário político e fiscal eleva o risco do País. Os investidores passam a cobrar um ‘prêmio’ de risco maior”, destaca.
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Para Lima, a “exigência” de uma recompensa derruba o preço das cotações dos ativos. “A gente tem que pagar mais para justificar o investimento. Quando isso acontece, os preços das cotações descem”, acrescenta.
A situação é bem diferente de outros países que registraram ganhos durante o mesmo período, mas as justificativas para as altas performances não são as mesmas. De acordo com o analista, no caso dos países desenvolvidos, uma das razões é o processo de recuperação econômica dos efeitos da pandemia da covid-19 que tem avançado. “Já tiveram ganhos importantes no mercado de trabalho”, afirma.
A mesma explicação não pode ser dada aos países emergentes, como o México, em que a alta está relacionada ao desempenho das commodities. “As commodities subiram no mundo todo tanto devido a demandas maiores quanto por problemas na cadeia logística”, explica. Segundo ele, o Brasil só não “surfou” nesse crescimento devido aos problemas políticos e fiscais.
Perspectiva ruim x investimentos
Com o cenário interno nada atraente, Antônio Neto, head de produto da Passfolio, acredita que o investidor brasileiro precisa diversificar os seus investimentos em outros mercados para garantir liquidez a médio e longo prazo. “Quando o investidor coloca o dinheiro fora, ele diversifica (seus investimentos) e reduz os riscos”, afirma.
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Essa percepção, inclusive, aumentou para alguns investidores. De acordo com a Passfolio, fintech especializada em investimentos na bolsa americana, de 2020 a 2021, o número de clientes da empresa cresceu cerca de 90%. Já em relação ao volume de transações na plataforma, somando investimentos na bolsa norte-americana e negociações de criptomoedas, foi registrado um salto de 500%.
Mas antes de destinar parte dos seus recursos no mercado internacional com a tentativa de proteger da volatilidade do mercado brasileiro, o investidor precisa entender a dinâmica dos índices internacionais e as características de mercado de cada país. Essa análise é importante para que a aplicação do investimento esteja alinhado aos seus objetivos de investimento.
“Estudar sobre o assunto é fundamental. Quando o investidor começa a ler sobre o mercado internacional, ele passa a entender um pouco mais e diminui o risco”, orienta Neto.
Esse conhecimento prévio é essencial até mesmo para saber o quanto a taxa de câmbio pode impactar o seu investimento. De acordo com Jennie Lie, estrategista de ações da XP Investimentos, esse “detalhe” pode aumentar ou diminuir o seu retorno financeiro. “Quando o dólar está aumentando e o real está depreciando, isso vai adicionar retorno à sua carteira”, explica.
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Mas esse cenário não é uma regra. Lie ressalta que o investidor pode se deparar com situações em que o real se encontra valorizado. “Quando você investe em uma ação lá fora e o real se valoriza, isso pode reduzir o seu retorno”, informa.
“Não há uma resposta se deve fazer um investimento hedgeado ou não hedgeado (com ou sem proteção cambial). Isso vai depender muito do investidor, mas é muito importante entender essa dinâmica como a variação do câmbio impacta o seu retorno”, acrescenta.
Essas orientações podem ser importantes para oinvestidor, principalmente, ao longo de 2022 por ser um ano eleitoral. Segundo Guilherme Zanin, estrategista da corretora americana para brasileiro Avenue Securities, os embates políticos podem trazer mais volatilidade ao mercado interno.
“No próximo ano, devemos ter uma volatilidade ainda mais exacerbada porque teremos uma dicotomia entre pensamentos não só políticos, mas também econômicos de como conduzir o Brasil. Isso deve gerar bastante instabilidade”, avalia.
Onde investir?
A dica dos analistas é sempre diversificar os investimentos em países com uma economia mais estável. Caso contrário, o investidor pode estar suscetível aos mesmos riscos encontrados no Brasil, o que pode prejudicar a rentabilidade dos investimentos.
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“Geralmente, em países desenvolvidos você tem uma estabilidade maior. Mas se for um mercado emergente, como a Índia e Rússia, uma oscilação no preço da moeda vai impactar no seu investimento”, explica Guilherme Zanin, da Avenue Securities.
Outro fato que deve ser avaliado é o contexto político no qual o país se encontra. “O país tem um arcabouço institucional sólido ou não? Nesse sentido, os países desenvolvidos são os mais seguros”, acrescenta.
No entanto, alguns países emergentes têm se destacado no mercado internacional, o que pode despertar interesse para alguns investidores. É o caso da Índia. De acordo com o levantamento da Stake, dos 10 melhores resultados de índices internacionais durante o acumulado do ano, dois são da Índia.
Segundo Lima, um dos motivos para esse bom desempenho é o tamanho da sua população. “A Índia tem mais de um bilhão de pessoas. Além disso, o setor financeiro é extremamente lucrativo . De 2008 para cá, o setor foi um dos poucos que apresentou alta performances”, ressalta.
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