- Taxa de rebate, termo talvez pouco conhecido por quem não é familiarizado com o mundo dos investimentos, seria como uma comissão paga aos agentes autônomos, profissionais que assessoram investidores, de acordo com cada produto que distribuem para os clientes
- Na última terça-feira, 23, o Itaú Unibanco lançou, em horário nobre na TV Globo, uma campanha questionando a remuneração (o rebate) paga a agentes autônomos, que constituem um dos pilares da XP. Houve um entendimento de que o banco insinuou que os agentes, por receberem um comissionamento, poderiam indicar produtos com melhor remuneração para ele, e não necessariamente para o cliente
- O especialista Estevão Alexandre, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), explica essa é uma cobrança praticada há bastante tempo no mercado, que consiste no pagamento de uma taxa que volta para a área comercial de que vendeu o produto financeiro ou serviço de corretagem para o cliente
A recente briga pública entre o Itaú Unibanco e a XP Investimentos, por conta de uma campanha publicitária, trouxe para o centro do debate a prática da taxa de rebate. O termo, talvez pouco conhecido por quem não é familiarizado com o mundo dos investimentos, seria como uma comissão paga aos agentes autônomos, profissionais que assessoram investidores, de acordo com cada produto que distribuem para os clientes. Mas por que, afinal, gerou-se tanta polêmica sobre o assunto?
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A briga coloca em lados opostos os modelos de negócio das empresas, baseados em assessor de investimentos, no caso da XP, e em gerente, no caso do Itaú.
Na última terça-feira, 23, o banco lançou, em horário nobre na TV Globo, uma campanha questionando a remuneração (o rebate) paga a agentes autônomos, que constituem um dos pilares da XP. Houve um entendimento de que o banco insinuou que os agentes, por receberem um comissionamento, poderiam indicar produtos com melhor remuneração para ele, e não necessariamente para o cliente.
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Na peça publicitária, o ator Marcos Veras diz que a moda de 2019 era ter uma corretora e um assessor de investimentos. Ele sugere que os profissionais autônomos induzem o cliente a investir em produtos sem saber dos riscos, os fazendo se sentir “reis de Wall Street”.
A campanha gerou forte reação não só da XP, da qual o Itaú detém cerca de 46% de participação, como da entidade representativa dos agentes autônomos.
“Tenho uma certeza: se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você”, escreveu em uma rede social o fundador e presidente da XP, Guilherme Benchimol, em referência ao famoso slogan do banco.
Já a Associação Brasileira dos Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI) publicou nota em repúdio ao posicionamento do Itaú.
“A ABAAI defende a transparência nas informações aos seus investidores e respeita todas as atividades profissionais que se relacionam com eles, sejam estes assessores, consultores, planejadores ou especialistas do Itaú Personnalité, que não necessita ser pejorativo com nenhuma delas, para demonstrar seus valores e suas capacitações”, criticou a associação.
O que é a taxa de rebate?
O especialista Estevão Alexandre, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), explica essa é uma cobrança praticada há bastante tempo no mercado, que consiste no pagamento de uma taxa que volta para a área comercial de que vendeu o produto financeiro ou serviço de corretagem para o cliente.
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“Pode ser considerada uma comissão de venda também, para simplificar bastante”, facilita Estevão.
O especialista esclarece também que essas taxas não são fixas e decorrem de contratos específicos, e variam conforme os tipos de produto e empresa. Ou seja, os investidores precisam se informar sobre os detalhes desta relação contratual.
Existe alguma alternativa?
Antes de tudo, é preciso pesquisar, seja com amigos ou na internet, sobre quem o investidor está contratando para gerir seu patrimônio, seja uma pessoa física ou jurídica. “Hoje a internet ajuda bastante. No site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é possível saber se essa pessoa é registrada e se pode ou não distribuir ou fazer gestão de ativos mobiliários”, sugere.
Algumas casas apresentam uma proposta de taxa zero. Nestes casos, é preciso observar os detalhes de contrato. É caso da Warren, conforme falou ao E-investidor o sócio-fundador Marcelo Maisonnave.
Ao comentar sobre a polêmica, o empresário, que ex-sócio da XP, criticou o que chama “monopólio sem regulação” e cobrou maior “transparência” na distribuição de produtos por agentes autônomos.
“A indústria de distribuição tem de ser remunerada, mas, como toda atividade regulada, as contas têm de ser prestadas. Tem de haver transparência e saber por que ofereci o produto A e B e quanto ganhei neles; e quais produtos similares teriam um custo mais baixo. Isso não existe na indústria de investimento”, pressiona Maisonnave.
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