- Via Varejo (VVAR3) foi uma das ações que mais sofreram no início da crise, mas inverteu o sinal e já tem um dos melhores desempenhos do ano
- Recuperação ocorreu após a empresa se reinventar no meio da crise
- Corretoras recomendam a compra do papel, mas alertam para o risco da operação
Em balanço divulgado nesta quarta-feira (11), a Via Varejo (VVAR3) apresentou lucro líquido contábil de R$ 590 milhões no terceiro trimestre de 2020, revertendo prejuízo de R$ 346 milhões do mesmo período de 2019. O resultado não recorrente teve lucro de R$ 490 milhões, ante prejuízo de R$ 138 milhões na mesma base de comparação.
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O papel da varejista é um dos que mais chamam a atenção dos investidores em 2020. Segundo dados do Google, VVAR3 é o segundo mais pesquisado na plataforma em setembro, com um volume de buscas de 823 mil. E o papel, de fato, é um dos mais negociados na B3 no mês, com seu valor operado chegando a R$ 21 bilhões.
O desempenho da VVAR3 no ano justifica a grande procura por informações e a intensidade de negociações. Afinal, o desempenho do papel tem sido uma verdadeira montanha-russa.
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Do início do ano até seu pior momento na crise, em 3 de abril, a ação despencou 63,29%. Desde então, no entanto, o papel inverteu o sinal e já se valorizou 359,51% até o fechamento do mercado desta quarta-feira (11). Contudo, nesse meio-tempo, houve muitos altos e baixos: em setembro, por exemplo, o papel encerrou o mês com queda de 15,37%.
No ano, o ativo tem alta agregada de 68,67%, a R$ 18,84. Esta performance coloca a VVAR3 na terceira posição das melhores ações do Ibovespa em 2020, atrás apenas de WEG (WEGE3), 134,21%, e Magazine Luiza (MGLU3), 114,96%.
Para efeito de comparação, o IBOV caiu 45,03% até o piso na pandemia, em 23 de março. Após esta data, o índice se recuperou e subiu 64,87%, aos 104.808,83 pontos. No ano, porém, a performance continua negativa em 9,37%, até o fim da sessão desta quarta (11).
Vale lembrar que a Via Varejo (VVAR3) tem como subsidiárias empresas como Casas Bahia e Pontofrio e administra o canal Extra.com.
O que o balanço apresentou?
Além do lucro líquido contábil de R$ 590 milhões, o balanço trimestral da empresa mostrou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,120 bilhão entre julho e setembro, ante resultado negativo de R$ 97 milhões de um ano antes.
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No critério ajustado, o indicador somou R$ 1,196 milhões, um crescimento de 443,6% ante os R$ 220 milhões do terceiro trimestre do ano passado. A margem Ebitda ajustada saiu de 3,9% no ano passado para 15,3% neste ano.
“A melhora significativa da performance foi resultado da excepcional venda do canal on-line, da evolução das vendas nas lojas físicas e das ações de redução de despesas fixas e variáveis refletindo ganhos de alavancagem operacional”, afirma a empresa em comentário que acompanha os números.
A receita líquida da empresa no terceiro trimestre somou R$ 7,812 bilhões, avanço de 37,3% ante o mesmo período de 2019. As vendas brutas de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) somaram R$ 10,046 bilhões entre julho e setembro deste ano, avanço de 43,4% na comparação anual.
Segundo Luiz Guanais e Gabriel Savi, analistas do BTG Pactual, os números apresentados pela companhia foram sólidos, sendo que a expansão do e-commerce foi o principal destaque. No período, o GVM da modalidade foi de R$ 4,1 bilhões, alta de 219% em relação ao mesmo período do ano passado.
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Neste cenário, o banco afirma que deve revisar o preço-alvo estipulado para a ação da empresa para cima e reitera a recomendação de compra do VVAR3. “O resultado corrobora com o sólido momento da Via Varejo”, afirmam Guanais e Savi.
O que afetou a Via Varejo (VVAR3) no começo do ano?
O papel da companhia foi um dos mais afetados no começo da pandemia, pois a Via Varejo (VVAR3) era muito dependente das vendas em suas lojas físicas. Portanto, quando todos os estabelecimentos foram fechados, houve uma grande incerteza do mercado em relação ao futuro da empresa, e suas ações foram penalizadas.
Isso porque, em comparação com suas concorrentes, a companhia estava atrasada no processo de digitalização. Então, Magazine Luiza (MGLU3) e B2W (BTOW3), que já tinham atuações em e-commerce mais estruturadas, foram mais resilientes à crise, enquanto a Via Varejo despencou.
Além disso, havia uma grande dúvida em relação a questão financeira da empresa: a Via Varejo vinha de seguidos trimestres reportando prejuízo; tinha diversas dívidas de vencimento no curto prazo; e seu principal acionista, o Pão de Açúcar (PCAR3), havia vendido sua participação na companhia.
“O momento da empresa já não era bom e a pandemia fechou a torneira da sua principal fonte de renda. Então, ela ficou para trás no avanço do setor no segmento on-line”, diz Lucas Carvalho, analista da Toro.
A recuperação com a digitalização
Apesar de ter sido penalizada pela pandemia no começo da crise, a empresa conseguiu se reinventar em meio à turbulência e inverteu as perspectivas do mercado. “Houve uma mudança estrutural na companhia e foi como se nascesse uma nova Via Varejo”, afirma Carvalho.
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Durante o período, a empresa focou em sua digitalização, fez mudanças estratégicas em seu conselho de administração, renegociou suas dívidas de curto prazo e também realizou um follow on bem sucedido, o que ajudou seu caixa. “Mudou da água para o vinho”, elogia Murilo Breder, analista de renda variável da Easynvest.
O que esperar dela daqui para frente?
Segundo os especialistas, a Via Varejo (VVAR3) deve continuar reportando bons números daqui para frente. Além da reconstrução interna da companhia, que já a beneficiaria em qualquer situação, a tendência é que o e-commerce continue em alta mesmo com o fim da pandemia, e a empresa agora já está adaptada à realidade digital.
Como prova dessa visão positiva, a ação tem recomendação de compra tanto pela Easynvest como pela Toro. Respectivamente, as corretoras estipularam preço-alvo de R$ 22 e R$ 30 para o ativo. Em comparação com o fechamento do mercado desta quinta (5), as casas enxergam potencial de valorização para o papel de 15,79% e 57,89%.
Apesar disso, é importante avaliar todas as opções disponíveis no setor antes de comprar a ação. Como sua valorização já é bastante alta desde seu pior momento, pode ser que a melhor oportunidade já tenha passado.
Ou seja, agora os riscos do ativo são maiores. Dependendo do perfil e dos objetivos do investidor, outras empresas do segmento podem ser mais atrativas, segundo especialistas.
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“O setor inteiro tem um bom potencial e há opções mais seguras no momento, como o papel da Magazine Luiza (MGLU3)”, afirma Breder.
* Com Estadão Conteúdo