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- O segundo semestre de 2021 deve trazer para a Bolsa uma onda de operadoras de telecomunicações regionais
- Uma delas é a Unifique, que estreia na B3 nesta terça-feira (27) com o ticker FIQE3
- Apesar de expectativas de crescimento, casas de análise divergem sobre preços da empresa
O ano de 2021 trouxe algumas novidades para a Bolsa com a adição de operadoras de telecomunicações regionais, também chamadas de ‘mini operadoras’. Uma delas é a Unifique, que estreou com o ticker FIQE3.
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O IPO envolveu a distribuição de 95,1 milhões de ações e tem caráter totalmente primário – isso quer dizer que todo o capital levantado é destinado ao caixa da companhia, para expansão orgânica e por meio de aquisições.
Histórico da Unifique (FIQE3)
Fundada em 1997 sob o nome de TPA (Timbó Provedor de Acesso), a empresa começou servindo internet discada para a região de Timbó (SC). O atendimento era realizado por apenas um funcionário, chamado Fernando Busnardo, que hoje ocupa o cargo de CEO.
Nos anos seguintes, a operadora foi ampliando a atuação para outras cidades de Santa Catarina e investindo em tecnologia. A partir de 2014, após ter construído torres de atendimento de internet e a própria rede de fibra ótica, a então TPA mudou de nome para Unifique.
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De acordo com o prospecto da oferta, a operadora já cobre mais de 1 milhão de residências e possui mais de 18 mil quilômetros de rede de fibra óptica.
“A Unifique tornou-se uma operadora focada em oferecer serviços de banda larga por fibra óptica, telefonia fixa e televisão por assinatura. A Empresa possui suas operações focadas na Região Sul do Brasil, sendo a maior provedora independente da região em termos de acesso”, ressaltou a Sara Invest, em relatório sobre o IPO da Unifique enviado com exclusividade ao E-Investidor.
Boa localização e estratégia de expansão
Segundo a Sara Invest, o crescimento orgânico é a principal estratégia para a ampliação do negócio. A companhia tem um bom histórico de aquisições (crescimento inorgânico), tendo realizado pelo menos 15 entre 2018 e 2020. A empresa também está em negociação com outros seis players.
A localização na região sul também seria extremamente estratégica, dada a ‘robusta infraestrutura’ existente no local que favoreceria a ampliação do market share da Unifique.
“A baixa penetração de fibra óptica é outro fator impactante na captação de novos clientes, já que metade ainda não possui os serviços de fibra e a Unifique poderá oferecê-lo, mediante expansão do negócio para demais municípios sem necessidade de alto CAPEX (despesas com bens de capital)”, explica a Sara Invest.
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A Suno Research também vê um grande potencial de expansão para operadora no sul do País.
“A empresa conta com uma ampla infraestrutura de cabos de fibra ótica na região Sul, o que a permite captar novos clientes que ainda não migraram para essa tecnologia e usam serviços de banda larga mais antigos”, explica a casa.
Por outro lado, a research vê como um dos riscos da operação a dependência da Unifique em relação à estratégia de M&A.
“Crescer de forma inorgânica é um processo que deve ser muito bem-feito, para garantir que não ocorra a redução de rentabilidade geral do negócio”, afirmam.
Ganhando fama pelo serviço
Fora as questões relacionadas a crescimento, uma das grandes vantagens da operadora sobre as concorrentes, segundo a Suno, seria a qualidade do serviço prestado pela empresa.
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Com boa nota no Reclame Aqui, de 7.5, a empresa recebeu o título de melhor banda larga fixa de Santa Catarina pela Pesquisa de Satisfação e Qualidade Percebida da ANATEL, em 2018. A Unifique também já foi premiada como a melhor banda larga fixa do Brasil em 2010 e 2019.
Crescimento da receita e baixa alavancagem
As duas casas de análise ressaltam o forte crescimento de receita que a operadora teve nos últimos anos. Em 2018, a receita líquida foi de R$ 104 milhões – dois anos depois, em 2020, o número já havia mais que dobrado, para R$ 286 milhões. Essa evolução caracteriza uma CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 65%.
“Conjuntamente à evolução nos valores de receita líquida, observa-se incremento no EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) passando de R$ 54,4 milhões em 2018 para R$ 152 milhões em 2020, assim como o lucro líquido atingindo margens de 22% no 1º trimestre de 2021”, destacou a Sara Invest em relatório.
A operadora também teria conseguido conciliar o alto crescimento com a alavancagem, mantendo um nível de endividamento saudável. Entre 2018 e 2020, a dívida líquida da Unifique passou de R$ 16,35 milhões para R$ 111,1 milhões.
“Essa elevação foi bem compensada por um aumento do EBITDA, mantendo o indicador dívida líquida/EBITDA abaixo de 1x”, afirma a Suno. “Por fim, outro destaque positivo da companhia foi a melhora na geração de caixa operacional apresentada nos últimos anos, passando de R$ 39 milhões, em 2018, para R$ 86 milhões, no ano passado.”
Casas divergem sobre os preços
Um dos principais pontos de divergência entre as duas casas de análise está na avaliação do valor da empresa frente os pares. A Sara Invest estima um CAGR de 60% entre 2020 e 2023, o que faria a receita líquida saltar de R$ 286 milhões em 2020 para R$ 1,08 bilhão em 2023.
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O EV/Ebitda (indicador que relaciona o valor de mercado de uma empresa à geração de caixa) projetado para 2023 seria de 6,44x.
“Bem descontado com seus pares internacionais e, principalmente, com a Desktop (operadora paulista de telecomunicações que entrou na Bolsa recentemente) negociando a 9,37x”, explica a Sara Invest. “Nessa diretriz, recomendamos participar da oferta independente do valor da faixa indicativa com o preço-alvo em R$ 13,70.”
Já a Suno vê a companhia cara frente a pares como Tim (TIMS3), Oi (OIBR3) e Telefônica Brasil (VIVT3), considerando o ponto médio da faixa indicativa do IPO da Unifique, que vai de R$ 8,41 a R$ 10,49.
O indicador EV/EBITIDA para 2021 seria de 13x para a Unifique, quando as demais teriam esse múltiplo atingindo em torno de 6,4x. Em 2023, cairia para 6x para a Unifique, enquanto as outras estariam em torno de 4,2x.
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“Assim, podemos observar que a Unifique está vindo ao mercado com múltiplos bastante acima dos seus pares nacionais, explica a Suno. “Chegamos a um valor justo de R$ 7,41. Esse preço fica um pouco abaixo do piso, não apresentando margem de segurança necessária para aderirmos à oferta, tendo em vista os riscos inerentes do business.”