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Disparada de ação da Vale (VALE3) faz bancos voltarem a recomendar compra

Veja qual é a visão do Citibank, Bank of America (BofA) e Goldman Sachs sobre a mineradora

Disparada de ação da Vale (VALE3) faz bancos voltarem a recomendar compra
(Fonte: Vale/Divulgação)

O período sazonalmente mais forte para o minério de ferro, que está cotado a US$ 137,12 por tonelada atualmente, e a expectativa de que a China continuará apoiando um equilíbrio no mercado da commodity desencadeou uma série de revisões para a Vale (VALE3) por parte de analistas. Citibank, Bank of America (BofA) e Goldman Sachs voltaram a recomendar compra para a mineradora brasileira. Com isso, a ação ordinária da Vale sobe 11,18% nos últimos 30 dias, conseguindo reduzir as perdas no acumulado do ano para 11,42%.

O balanço do terceiro trimestre da mineradora, divulgado na noite de 26 de outubro, foi o estopim inicial para revisão do cenário por parte dos bancos, que consideraram o resultado “agridoce”, com destaque para a melhora nos preços do minério de ferro – com resiliência da atividade das siderúrgicas chinesas, apesar da crise no mercado imobiliário local – e o maior volume de vendas, que elevaram o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 14% e as receitas em 7% ante 2022. Mas o lucro ainda foi 36% menor na mesma base comparativa.

A visão otimista da empresa para China, destacada pelo vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro da Vale, Marcello Spinelli, em teleconferência, deu suporte para o novo cenário.

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O executivo disse esperar que a atividade na China ajude a sustentar os volumes e as cifras do minério. “Acreditamos ter grande apoio do governo da China de manter a meta do Produto Interno Bruto (PIB) per capita”, disse Spinelli. “Temos visão bem otimista sobre a China no mercado.”

Um dia após o balanço, o Citi elevou a recomendação da Vale de neutro para compra. Os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott justificaram que o minério de ferro estava entrando em um período sazonalmente forte, impulsionado pelas reservas das siderúrgicas da China. Já em novembro, o Citi ainda incluiu a Vale no portfólio de ações expostas ao Brasil, com peso de 15% na carteira. Para 2024, a expectativa do Citi é de um minério de ferro a US$ 100 por tonelada.

Também com uma perspectiva mais otimista para os preços do minério de ferro no curto prazo, o Bank of America (BofA) Securities elevou Vale de neutro para compra em 20 de novembro. O banco estima que a commodity pode atingir US$ 150 por tonelada no primeiro trimestre de 2024, em meio a “estoques persistentemente baixos”.

Assim, a necessidade de reabastecimento, mas com uma produção sazonalmente mais fraca do minério de ferro no Brasil e na Austrália, a oferta ficaria mais apertada e impulsionaria os preços da commodity, avaliam os analistas Caio Ribeiro, Leonardo Neratika e Guilherme Rosito.

Ventos favoráveis

Um dia depois do BofA, o Goldman Sachs se juntou aos bancos mais otimistas com Vale, também elevando recomendação de neutro para compra. A decisão se deu por uma “combinação de cinco ventos favoráveis que não ocorre desde 2014″: mercado de minério de ferro equilibrado, que apoia preços de US$ 110 por tonelada para 2024; impulso operacional positivo (embora a um ritmo um pouco decepcionante); exposição de investidores relativamente baixa (principalmente investidores locais); valuation (valor do ativo) atraente; e expectativa de que a China continuará apoiando o preço do minério de ferro.

“Vale é agora nosso nome preferido em LatAm Materials. Acreditamos que a história é muito atrativa agora para ser ignorada e que os investidores aumentarão lentamente a exposição ao nome, à medida que a confiança em torno do minério de ferro e o equilíbrio entre oferta e demanda em 2024 aumenta”, afirmaram os analistas Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, do Goldman.

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Para eles, a recuperação atual da Vale é justificada e o valuation da mineradora segue atrativo, ao ser negociada a um rendimento de fluxo de caixa livre (FCF) de 12% e a um múltiplo de 4,8 vezes o valor da empresa por Ebitda esperado para 2024, “mais barato entre os principais” pares.