- A Vale (VALE3) cedeu 26,16% nos seis primeiros meses do ano, figurando entre os 5 piores desempenhos do período
- Ainda assim corretoras brasileiras seguem com a recomendação de compra para a VALE3
- O entendimento é que há espaço para uma recuperação do preço do minério e das ações no médio prazo
Na contramão da alta registrada pela Bolsa de Valores brasileira, a ação mais representativa do índice Ibovespa não teve um semestre positivo em 2023. A Vale (VALE3) cedeu 26,16% nos seis primeiros meses do ano, figurando entre os 5 piores desempenhos do período. Ainda assim, o papel segue como destaque entre as carteiras recomendadas de corretoras brasileiras.
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O desempenho negativo da mineradora no semestre está diretamente ligado à queda do preço do minério de ferro no mercado global. A commodity, que vinha sendo negociada em patamares históricos nos últimos dois anos, passou a ceder à medida que a reabertura da economia na China não acontecia no ritmo acelerado que inicialmente se esperava. Com receios frente a uma possível desaceleração econômica global, a primeira metade do ano não foi positiva para as empresas do setor.
- Veja também: China frustra recuperação da Vale (VALE3). O que esperar do 2º semestre?
No caso específico da Vale, os resultados financeiros também jogaram contra. Os ganhos mais modestos indicados no balanço referente ao primeiro trimestre de 2023 resultaram no corte de US$ 1,8 bilhão em dividendos, a maior redução de pagamentos para acionistas em todo o mundo, como mostramos nesta reportagem.
Por que a preferência?
As ações da mineradora estão presentes nas carteiras recomendadas de 8 das 13 casas consultadas pelo E-Investidor para o mês de julho. Mas com todo esse cenário no radar, o que está levando corretoras brasileiras a manter a preferência de compra para a VALE3?
A resposta: a cotação descontada dos papéis. Até o fechamento da última sexta-feira (7), o papel era negociado a R$ 65,34 na B3.
- Leia mais: BofA acredita que lucro da Vale (VALE3) pode disparar no 2T23
O entendimento geral é que, ainda que existam desafios para a recuperação do preço do minério no curto prazo, alguns direcionadores podem levar a uma recuperação da commodity no médio prazo. Enquanto isso, a Vale segue como uma empresa resiliente, pagadora de dividendos e, sobretudo, barata após as quedas da ação no semestre.
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Veja o que dizem as recomendações:
Ágora Investimentos
- Preço-alvo: R$ 92
Na visão da Ágora, apesar dos resultados e desempenho fracos das ações, os fundamentos do mercado de minério de ferro devem melhorar nos próximos meses, sustentados pelo aumento da demanda na China e baixos estoques da commodity mantidos por siderúrgicas. Os analistas da casa também entendem que o preço dos papéis está descontado.
“O valuation (valor do ativo) também parece atraente, em 4,0 vezes o múltiplo EV/EBITDA (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – usado para determinar o valor justo de mercado de uma empresa) para 2023, um amplo desconto para os pares australianos e contra um múltimplo de 5,0 vezes que veríamos como justo nesta etapa do ciclo econômico global”, diz o relatório da corretora.
CM Capital
- Preço-alvo: R$ 96,19
No relatório de estratégias mensal, a CM Capital destacou que, analisando graficamente, VALE3 está respeitando uma linha de tendência de alta. O que é visto pela corretora como uma boa alternativa para a tomada de posição na ponta compradora – por causa disso, a CM voltou a incluir as ações da mineradora na carteira em julho.
Órama
- Preço-alvo: R$ 90,00
A Órama destaca que apesar do declínio recente do preço do minério de ferro a commodity ainda se mantém acima de sua média histórica de US$ 75 a tonelada. A expectativa de manutenção neste patamar deve assegurar um preço ainda “muito bom” para a companhia, com “ampla geração de caixa” e capacidade de pagamento de proventos.
“Seu robusto pagamento de dividendos semestrais é um grande atrativo e uma forma de balancear nossa carteira de investimentos com uma empresa bastante sólida”, diz o relatório da casa.
Guide Investimentos
- Preço-alvo: R$ 80
A Genial mantém as ações da Vale na carteira tendo em vista que é uma das maiores empresas mineradoras do mundo, que produz e comercializa diferentes tipos de metais, está envolvida em projetos de exploração mineral greenfield (projetos em locais nunca antes explorados) em seis países, e também investe nos setores de siderurgia e energia diretamente ou através de suas joint ventures.
Santander
- Preço-alvo: R$ 88,00
Apesar da recente queda dos preços do minério de ferro no mercado internacional, o Santander mantém a visão positiva para a cotação da commodity a médio prazo, em uma tese orientada pela restrição de oferta. O banco destaca que, embora a Vale não seja a ação preferida do setor de siderurgia e mineração, o valuation atraente permite manter os papéis na carteira.
Nova Futura
Na Nova Futura, o entendimento é que, graficamente, a VALE3 está em uma região de suporte relevante com espaço para recuperação. Por isso as ações entraram na recomendação para o mês de julho, com a corretora “buscando a entrada em um patamar de preço atrativo”, explica o relatório da casa. Não há preço-alvo para o papel.
Empiricus
Para o mês de julho, a Empiricus aumentou a parcela de VALE3 em sua carteira recomendada com a justificativa de que as ações estão “muito baratas”. A casa também não tem preço-alvo para o papel.
RB Investimentos
A RB Investimentos destaca que o cenário para a mineradora segue “nebuloso”. Ainda assim, mantém a ação da mineradora na carteira na expectativa de que o 2º semestre seja marcado por um interesse maior pela renda variável; como a Vale representa um percentual muito grande do Ibovespa, pode acabar caminhando junto. Não há preço-alvo para VALE3.
“Também existem pressões para mais estímulos econômicos chineses, o que favoreceria a ação da Vale. Um ponto de atenção é a interferência governamental”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da casa.