- O varejo brasileiro está enfrentando algumas dificuldades na Bolsa de Valores, com grande parte das ações do setor em queda
- Mas relatórios recentes dos grandes bancos indicam que nem tudo está perdido no setor, especialmente aqueles papéis ligados à alta/média renda
- Explicamos porque as ações da Vivara (VIVA3), Arezzo (ARZZ3) e Lojas Renner (LREN3) estão se destacando nas recomendações
O varejo brasileiro está enfrentando algumas dificuldades na Bolsa de Valores. Até o fechamento de sexta-feira (13), o ICON, índice da B3 que monitora as principais empresas de capital aberto ligadas ao consumo, caía 9% no ano – o pior desempenho entre os principais índices de ações da B3.
Leia também
As sete maiores quedas do Ibovespa até aqui são todas de ações ligadas a consumo e varejo: Casas Bahia (BHIA3) recua 76,7% em 2023; Alpargatas (ALPA4), 50,7%; Pão de Açúcar (PCAR3), 49,4%; Grupo Soma (SOMA3), 43,9%; Assaí (ASAI3), 40%; Petz (PETZ3), 37%; e Lojas Renner (LREN3), 36,3%.
Mas relatórios recentes dos grandes bancos indicam que nem tudo está perdido no setor.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
No início de outubro, o JP Morgan elevou as recomendações da Vivara (VIVA3), da Arezzo (ARZZ3) e da Renner (LREN3) para overweight, o equivalente a compra. A equipe de research do banco destacou que, apesar dos riscos e da volatilidade que podem envolver o setor, alguns movimentos nas ações foram “exagerados”.
Alguns dias depois, foi a vez do Santander readequar seus modelos de análise em relação a ações do varejo. O banco reiterou as recomendações de compra para os mesmos três papéis mencionados pelo JP, além do Grupo Soma (SOMA3).
As alterações recentes nas recomendações dos “bancões” mostram que, apesar da queda de juros ainda não ter se traduzido em um rali na Bolsa, como previam analistas, ainda há oportunidades para as ações ligadas a varejo. Um cenário que parece apontar com mais otimismo especialmente para aqueles papéis ligados à média e à alta renda.
Reunimos as principais análises das instituições em relação às ações que ainda parecem ser oportunidades no varejo. Confira:
Vivara (VIVA3)
- JP Morgan: recomendação compra / preço-alvo de R$ 34
- Santander: recomendação compra / preço-alvo de R$ 40
- Itaú BBA: recomendação compra / preço-alvo de R$ 37
Uma das empresas vista com maior otimismo dentro do varejo é a companhia de joias Vivara. Na visão do JP Morgan, a VIVA3 se apresenta como a melhor opção em termos de crescimento versus balanço. “A empresa vem imprimindo tendências distintas do restante do setor, com crescimento acelerado a partir de sua expansão na marca Life”, diz o JP.
Com uma perspectiva positiva na rentabilidade da companhia, o JP elevou o preço-alvo da ação de R$ 26 para R$ 34.
Publicidade
A Vivara também é uma das top picks (primeiras escolhas) do Santander, que entende que a companhia pode continuar a surpreender positivamente apesar das altas já registradas em 2023. No acumulado do ano, a VIVA3 sobe 22,6%, a R$ 27,02.
“Apesar do desempenho positivo da ação em 2023, vemos que ela é negociada a um P/L (preço sobre lucro) atraente, de aproximadamente 13x para 2024”, dizem os analistas Eric Huang e Ruben Couto.
Para a temporada de divulgação de resultados referentes ao terceiro trimestre de 2023, o Itaú BBA acredita que a Vivara esteja “preparada para manter sua trajetória positiva”.
Os analistas do banco, em relatório assinado por Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi, Victor Rogatis, Clara Lustosa e Kelvin Dechen, esperam por um crescimento de receitas de 17% em relação a mesmo período de 2022, com expansão da margem bruta e do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), de forma que a companhia entregue um resultado final de R$ 75 milhões no terceiro trimestre de 2023. Se concretizado, representaria um aumento de 10% na comparação anual.
Publicidade
A Vivara vai divulgar seus resultados no dia 08 de novembro.
Arezzo (ARZZ3)
- JP Morgan: recomendação compra / preço-alvo de R$ 74
- Santander: recomendação compra / preço-alvo de R$ 90
- Itaú BBA: recomendação compra / preço-alvo de R$ 100
A Arezzo também é das empresas que ganham destaque como uma das principais opções do setor, na visão dos bancões. Em fevereiro, o JP Morgan havia rebaixado a recomendação dos papéis da companhia para neutra, alegando que o valuation (valor do ativo) já estava elevado. Agora, com as quedas recentes do setor, o papel voltou a ficar atrativo, diz o JP.
“O papel estava em 18 vezes o preço pelo lucro (P/L), com prêmio 20% mais alto que o dos pares. Após a recente liquidação, com a ação caindo 18% no acumulado do ano, vemos agora um bom ponto de entrada em 11x o P/L”. A ARZZ3 cai 17,5% em 2023, a R$ 63,94.
O valuation mais elevado do papel fez o Santander rebaixar o preço-alvo da Arezzo de R$ 109 para os atuais R$ 90 – nessa faixa de preço, o banco dá preferência à Vivara. Ainda assim, os analistas mantêm a visão construtiva para a ARZZ3, especialmente por causa da “sólida execução da empresa em abrir novos caminhos de crescimento e, ao mesmo tempo, se adaptar rapidamente a novas circunstâncias.”
A Arezzo vai divulgar seu balanço do terceiro trimestre de 2023 no dia 9 de novembro. O Itaú BBA espera por um resultado positivo, sustentando um crescimento anual de receita com o apoio da AnaCapri e da AR&CO. A projeção é de um resultado final na casa de R$ 105 milhões, o que reitera a recomendação do banco de compra para as ações.
Lojas Renner (LREN3)
- JP Morgan: recomendação compra / preço-alvo de R$ 15,50
- Santander: recomendação compra / preço-alvo de R$ 20
- Itaú BBA: recomendação compra / preço-alvo de R$ 27
O JP Morgan reduziu o preço-alvo das ações da Renner de R$ 19 para R$ 15,50, mas ainda mantém sua visão positiva para o papel. Na visão do banco, a empresa possui “a mais alta qualidade de lucros” na comparação com os pares. “Além disso, ao analisar a avaliação sob diferentes cenários de estresse – excluindo subvenção de imposto de renda de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e JCP (juros sobre capital próprio) –, Lojas Renner ainda figuraria como o nome mais barato” aponta o JP, sinalizando que isso poderia amortecer o risco relativo de queda das ações.
Publicidade
O Santander foi na mesma direção: manteve a recomendação de compra, mas reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 26 para R$ 20 para “para refletir um ambiente mais desafiador e reduzir nossas estimativas de lucros para os próximos anos.”
A visão construtiva para com as ações está baseada na posição de liderança da empresa no varejo de vestuário. Os analistas do banco ainda acreditam que os preços atuais oferecem um “ponto de entrada sólido, considerando o significativo desconto de P/L para a média dos últimos três anos.”
A LREN3 cai 36,4% em 2023, a R$ 12,67.
A companhia também vai reportar seu resultado do terceiro trimestre de 2023 no dia 09 de novembro. Ao contrário das companhias anteriores, para a Renner, o Itaú BBA vê um período mais desafiador, com um crescimento perto de 1% fruto de um “cenário macro adverso, a desaceleração na concessão de crédito e a menor temporada de inverno esperada no terceiro trimestre deste ano”, dizem os analistas do banco.
Publicidade
A projeção do Itaú é de um resultado final na casa de R$ 142 milhões. Se confirmado, representará uma queda significativa de 33% na comparação anual.