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- Empresas de bens de consumo amargam perdas
- Companhias de varejo de moda também
- Nem as de setor alimentício escapam
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual em setembro, levando a taxa básica de juros da economia para 12,75% ao ano. O corte foi oportuno e atendeu a uma série de expectativas, entretanto, foi insuficiente para sustentar as empresas de varejo na Bolsa, que caíram em bloco.
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Para se ter ideia, o Grupo Casas Bahia (BHIA3) reporta queda de 74,58% no ano, seguido do GPA (PCAR3), que recua 51,17% no acumulado do período. Na sequência, o Magalu (MGLU3) cai 24,45% no ano e a Renner (LREN3) recua 35,68% no ano. De igual modo, Carrefour (CRFB3) cai 39,43% no ano, e Petz (PETZ3) cai 25,48% no ano, com Alpargatas (ALPA4) recuando 9%. Os dados foram levantados no dia 27 de setembro de 2023.
Segundo Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, o derretimento das ações de varejo em setembro está relacionado à curva de juros no Brasil. Agora que a curva voltou a abrir, o movimento inverteu. “Estas empresas começaram a cair forte a partir de julho, com agosto andando de lado e voltando à baixa em setembro”, diz.
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O analista afirma que a queda de juros, quando ocorrer, não será tão forte e o resultado destas companhias ainda seguirá apertado, e ressalta que a demanda por parte do consumidor permanecerá fraca, com o consumo se mantendo baixo.
Como a Selic afeta as famílias
Por mais que o tema “Selic” pareça distante da realidade da população, ele está intrinsecamente ligado à rotina de cada cidadão.
Quando o trabalhador vai até uma loja adquirir um produto, como uma geladeira, o preço desse item já inclui o juro da economia nas parcelas. Ou seja, com a Selic em patamar elevado, o crédito fica mais caro e as famílias adquirem apenas bens considerados essenciais.
Na prática, significa dizer que quem pretendia trocar de geladeira, por exemplo, deverá esperar mais para efetuar a compra porque há outras prioridades no orçamento, como o pagamento de água, energia e aluguel.
Esta foi a razão pela qual a chairman do Magazine Luiza, a empresária Luiza Helena Trajano, pediu publicamente algumas vezes para que os diretores do Banco Central (BC) reduzissem os juros.
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A presidente do conselho de administração queria reter clientes e até trouxe de volta o emblemático carnê de pagamento para cativar o público a voltar às compras.
Momento ainda exige cautela
Para Galindo, da Quantzed, o momento ainda exige cautela, mas há um fator que coloca o Brasil em vantagem frente aos demais países: o parcelamento.
Isso porque é comum no mercado nacional que as varejistas façam a venda a prazo, mas essa iniciativa implica em postergar o recebimento. Isso faz com que o custo do capital de giro seja maior do que o do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), o que gera um alto impacto em empresas desse setor.
O analista explica que a alavancagem pressiona as margens operacionais e as empresas que não apresentam escala e resiliência perdem performance. O investimento nas empresas de varejo não é recomendado por Galindo no momento. “O investidor deve apenas observar para ‘ver quem irá sobreviver’”.
O chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares, destaca que a Selic impacta todas as empresas da Bolsa. A casa não tem recomendação de compra para Magalu e Casas Bahia. “A Órama visa mais as empresas consideradas premium. Estamos com bons olhos para Vivara (VIVA3), e Arezzo (ARZZ3)”, frisa.
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Em relação à perspectiva futura para o setor, Soares diz que a melhora será gradual, principalmente por conta do endividamento elevado das famílias.
Já os analistas do Goldman Sachs, o sentimento geral com o varejo permanece relativamente negativo, com preocupações que vão desde alavancagem e liquidez dinâmica de fluxo para a demanda ainda fraca de famílias excessivamente endividadas e risco regulatório para benefícios fiscais.
“O sentimento em relação ao setor permanece, em geral, relativamente negativo, com apenas alguns investidores dispostos a olhar além da atual fraqueza de curto prazo na procura dos consumidores para se concentrarem nos benefícios potenciais dos cortes cumulativos da taxa de juros e da desalavancagem gradual das famílias e dos balanços das empresas”, dizem os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, em relatório enviado aos clientes.
A instituição financeira recomenda compra para as ações: Lojas Renner (LREN3); Grupo Soma (SOMA3); Assaí (ASAI3) e RaiaDrogasil (RADL3).
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