Saída de Wilson Ferreira Jr. derruba ações da Eletrobras; analistas comentam

Para os agentes de mercado, a queda de preço tem relação com as incertezas sobre o que motivou a saída do executivo do que maiores preocupações com a governança da companhia. O conselho da companhia nomeou imediatamente Ivan Monteiro como sucessor, um executivo experiente, que comandou a Petrobras no período da crise da Lava Jato.

“A saída é negativa num primeiro momento porque o mercado não opera com incerteza e aí desconta no preço”, diz o sócio da Finacap Investimentos, Luiz Fernando Araújo. “Isso não significa que a troca é ruim. O Ivan Monteiro tem um ótimo track record na Petrobras”, afirma. “Ainda precisamos saber os motivos da mudança”, diz.

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O comunicado da empresa não trouxe detalhes sobre a saída de Wilson Ferreira do comando da companhia.

Mercado aposta em menos ruídos

Em relatório a clientes internacionais, o analista do Itaú BBA Marcelo Sá reporta o que parece ser um consenso no mercado neste momento. Embora a saída de Ferreira seja sentida pelo mercado, a “Eletrobras agora tem uma estratégia mais clara sobre o que precisa ser feito para criar valor nos próximos anos, contando ainda com um bom time no comando.”

Num primeiro momento, os investidores da ELET acreditam que a renúncia de Ferreira pode estar relacionada à pressão política do governo federal.

A União entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) há alguns meses, contestando a privatização da Eletrobras, tentando revogar o seu limite de 10% do direito de voto, ainda que seja a maior acionista com cerca de 43% da empresa. O STF vai analisar cinco ações diretas que contestam a privatização.

“Tem havido notícias sobre uma possível negociação entre a Eletrobras e o governo federal para resolver essa disputa”, diz o analista Itaú BBA. “Alguns artigos de imprensa reportam a possibilidade de o governo federal indicar membros para o conselho da Eletrobras, o que vemos como muito improvável”, diz Marcelo Sá.

Para ele, a solução mais provável para o imbróglio seria a antecipação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), de forma a reduzir as tarifas de energia nos próximos anos. “Essa alternativa parece uma vitória para a Eletrobras e para o governo federal.”

Desavenças no conselho

Outras notícias dão conta de uma possível desavença de Wilson Ferreira com o representantes do 3G Capital no conselho da empresa, um dos grandes investidores da Eletrobras e âncora da privatização que levou à pulverização do controle da companhia no ano passado.

Na visão de Rafael Schimdt, sócio da One Investimentos, é natural a ação cair forte no primeiro dia após o anúncio surpresa. “Porém, a companhia não fica de mãos atadas”, diz, referindo-se ao seu novo presidente Ivan Monteiro e ao novo chairman Vicente Falconi, que já fazia parte do conselho da empresa.

“Monteiro tem foco em gestão de crise, assumiu a Petrobras na época da Lava Jato. É um cara calejado em relação ao mercado e a desafios”, diz Schmidt.

Para o gestor, a chegada de Monteiro pode ser uma forma de a Eletrobras acenar ao governo, reduzindo os ruídos que havia na gestão de Ferreira pelo controle maior da companhia, que desde sua privatização no ano passado se tornou uma corporation.

Schmidt reforça que os nomes de Monteiro e Falconi agradam o mercado, que passa a aguardar quais serão os impactos da mudança na receita da companhia. “Para o longo prazo teremos de analisar os próximos balanços”, diz.

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