Guilherme Benchimol, da XP, no Smart Summit 2023. Foto: Divulgação/SmartSummit
O início de um novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023 tem deixado alguns investidores desconfiados com os rumos da economia do País. Preocupações com o cenário fiscal, com o possível fim da regra do teto de gastos e a volta de programas sociais trazem a perspectiva de que o Banco Central precise deixar a taxa de juros elevada por mais tempo do que era esperado para conter eventuais novas pressões inflacionárias. Um cenário que foi confirmado pelo próprio Comitê de Política Monetária (Copom) na última quarta-feira (1).
Como contamos nesta reportagem, essas inseguranças têm feito muitos investidores buscarem opções de investimento no exterior, uma forma de dolarizar o portfólio e proteger a carteira do “risco Brasil”. Mas tem peixe grande do mercado financeiro otimista com o cenário doméstico. “É muito importante que o governo faça o dever de casa e ajuste as questões fiscais. Mas a gente está super confiante, acreditamos que as coisas vão dar certo”, disse nesta quinta-feira (2) Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, durante o primeiro dia da edição de 2023 do Smart Summit.
O executivo explicou sua visão: é preciso que o governo demonstre que a contas públicas vão se manter em ordem, de forma a fazer a expectativa de juros cair. Isso acontecendo, investidores voltam a querer tomar risco – na Bolsa e na economia –, atraindo recursos para o País.
Mas a visão “otimista” do fundador da XP também passa por uma análise do momento global. “A Ásia está uma confusão grande com a guerra na Ucrânia, Europa e EUA tem uma questão relevante com a inflação porque nunca lidaram com isso. No final, quando fazendo essa análise global, o Brasil é um dos lugares que tem mais oportunidade”, disse.
Nesta entrevista do final de 2022, o estrategista-chefe da XP Fernando Ferreira já tinha adiantado essa visão ao E-Investidor, de que o Brasil estaria se tornando o “TINA” dos mercados globais, sigla em inglês para “There Is No Alternative” (“não há alternativas”, em tradução livre). Um cenário que poderia atrair mais capital estrangeiro para o País em 2023.
Até aqui, essa expectativa tem se concretizado. Nesta quinta-feira, a cotação do dólar caiu abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junhode 2022. “Claro que tem barulho, nunca vai em linha reta. Mas hoje o dólar chegou a bater R$ 4,96. É um sinal de que as pessoas estão confiando mais e o dinheiro está entrando”, afirmou Benchimol. “O Brasil é um país de oportunidade, temos que deixar essa síndrome de vira-lata e se concentrar em falar as coisas boas que acontecem para tirar o melhor de cada um e sair dessa melhor ainda.”
