O que este conteúdo fez por você?
- Nos últimos meses, a fintech expandiu a oferta de produtos financeiros aos correntistas e anunciou um programa de educação financeira
- Embora os analistas avaliem as iniciativas como positivas, o desafio do Nubank é conseguir monetizar sua base de clientes na concessão de crédito
- No primeiro trimestre de 2022, o banco anunciou um prejuízo líquido de US$ 45 milhões e um lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões
Desde que fez seu IPO (Oferta Pública de Ações) nos Estados Unidos em dezembro do ano passado, o Nubank tem uma missão: monetizar a sua base de 59,6 milhões de clientes. Algumas iniciativas foram adotadas ao longo deste ano a fim de atrair ainda mais os correntistas a utilizarem os serviços da fintech.
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No último mês de maio, por exemplo, os correntistas do Nubank passaram a ter a possibilidade de comprar bitcoin e ethereum por meio do aplicativo do banco, que também anunciou um programa de educação financeira, chamado de NuEnsina, com o apoio da B3.
Outros produtos financeiros passaram a ser disponibilizados aos correntistas, como Fundos Imobiliários (FII), CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) pré-fixados e fundo de renda fixa. Apesar de avaliarem as medidas como positivas, os analistas acreditam que tais ações não são suficientes para rentabilizar a sua base de clientes, pelo menos no curto prazo. Isso porque a principal forma de lucro dos bancos, historicamente, vem da cobrança de juros, por meio da concessão de linhas de crédito. Veja quais são os bancos com as maiores taxas de empréstimo pessoal do mercado
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“São produtos (os do Nubank) interessantes devido à evolução no mercado nacional neste segmento, mas o grosso da rentabilidade dos bancos não vem dessa linha de negócios. O ponto principal para o Nubank é monetizar na parte de crédito, que é o mais complicado”, avalia João Gabriel Abdouni, analista da Inv.
Por outro lado, no balanço do primeiro trimestre deste ano, o Nubank informou que o volume de contratação de empréstimo pessoal chegou a US$ 2 bilhões, o que representa um aumento de 400% em comparação ao mesmo período do ano passado. O montante corresponde a um percentual de 23% de todo o portfólio de serviços sujeitos a ganhos de juros (como os cartões de crédito) da instituição financeira.
Apesar do crescimento ser expressivo, Abdouni ressalta que é cedo para avaliar se os números representam ganhos reais para a companhia. “Você só vai ter a certeza se deu certo depois de meses ou anos, por causa do índice de inadimplência”, explica o analista da Inv.
Para Gustavo Pazos, analista da Warren, além de os serviços de investimento não possuírem sinergia direta com a concessão de empréstimos, os clientes do Nubank possuem um ticket médio baixo em relação aos correntistas de bancos tradicionais por apresentarem um perfil mais jovem. “É esperado que uma pessoa de 40 anos tenha mais dinheiro acumulado do que um jovem de 25 anos porque ela já viveu pelo menos 15 anos da sua cadeia produtiva”, explica Pazos.
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Segundo ele, muitos buscam o banco digital por causa da facilidade de abertura de contas e de acesso a serviços sem a necessidade de ir para uma agência física. No entanto, quando se trata de investimentos, há uma mudança de comportamento. “O cliente quer o contato com o assessor e se possível de forma presencial. A cabeça do investidor funciona diferente”, acrescenta.
Já Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, aponta outro problema. Segundo ela, a plataforma de educação financeira implantada pelo Nubank pode justamente ajudar o correntista a não contratar mais empréstimos e estimular o uso mais consciente do cartão de crédito. Como essas modalidades são as principais formas de rentabilidade de um banco, a fintech pode sair prejudicada.
“O Nubank é uma empresa de crédito. Então, a empresa ganha dinheiro com a pessoa parcelando a fatura e contraindo empréstimos. É claro que nem todo mundo vai seguir, mas se as pessoas começarem a seguir as orientações vão perceber que o empréstimo é prejudicial”, ressalta Lopes.
A espera de resultados mais robustos relacionada à capacidade do banco em rentabilizar os seus clientes contribui para a baixa performance dos papéis do roxinho na bolsa de Nova York (NYSE). No fechamento do pregão desta segunda-feira (25), as ações do Nubank encerraram com uma queda de 1,4% (US$ 4,16). Já os BDRs (ações de companhias listadas fora do país na bolsa brasileira) da fintech negociados na B3 fecharam com um tombo de 3,6%.
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Ao olhar a performance no acumulado desde o seu IPO, a desvalorização chega a 64,9%, enquanto para os BDRs as perdas são de 67,9%. Nesta reportagem, publicada na segunda-feira (25), analistas se posicionam sobre as ações do Nubank.
A pressão dos investidores se deve, principalmente, pelo cenário macroeconômico desafiador, potencializado pela alta de juros no Brasil e Estados Unidos. Por causa disso, Guilherme Zanin, estrategista de ações da Avenue, afirma que os investidores estão buscando empresas com retornos mais consistentes.
“O Nubank tem um lucro líquido baixo e um fluxo de caixa baixo. Então, qualquer adição já deve apresentar um resultado significativamente maior, mas ainda assim vai ficar bem distante (dos resultados) dos bancos tradicionais porque essas instituições conseguem monetizar melhor a sua base de clientes”, pontua.
No primeiro trimestre de 2022, o banco anunciou um prejuízo líquido de US$ 45 milhões e um lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões.
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Em nota enviada ao E-Investidor, o Nubank informou que busca democratizar o acesso a investimentos no País com a incorporação de produtos e alternativas para pessoas interessadas em investir e que a jornada financeira do correntista será a prioridade do banco digital. Por isso, enxergam como aliada a iniciativa de educação financeira do banco para alcançar esse objetivo.
“Vemos a oportunidade de ajudar o cliente na realização de seus objetivos a partir do hábito de guardar dinheiro por meio da solução das Caixinhas, num processo customizado e com opções de investimento pré-sugeridas que rendem desde o primeiro dia a 100% do CDI ou com o potencial de superar o CDI ao longo do tempo”, ressaltou a instituição.