- Nem todos saem ganhando com a decisão de Elon Musk de continuar com o acordo de compra do Twitter
- Há dezenas de advogados que estavam se preparando para trabalhar em um julgamento em que se discutia se a pessoa mais rica do mundo poderia desistir de uma compra - e ganharem milhões
- "Com todos esses advogados no caso e a possibilidade de outras ações surgirem no decorrer do processo, eu acredito que o total de honorários legais poderia atingir um bilhão de dólares", disse John Coffee, professor de Direito
Nem todos saem ganhando com a decisão de Elon Musk de continuar com o acordo de compra do Twitter. Há dezenas de advogados que estavam se preparando para trabalhar em um julgamento em que se discutia se a pessoa mais rica do mundo poderia desistir de uma compra – e ganharem milhões de dólares com isso.
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Mais de 70 advogados foram autorizados a representar as duas partes no Tribunal de Delaware. Cerca de 30 deles, em que a maioria trabalha para a Wachtell Lipton Rosen & Katz, o escritório mais lucrativo do país, representariam o Twitter.
Já 20 dos 70 são de escritórios como Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan e Skadden Arps Slate Meagher & Flom, e estariam do lado de Musk.
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“Com todos esses advogados no caso e a possibilidade de outras ações surgirem no decorrer do processo, eu acredito que o total de honorários legais poderia atingir um bilhão de dólares“, disse John Coffee, professor de Direito que ensina sobre disputas de fusões e aquisições de empresas na Columbia University.
Mesmo sem um julgamento, os advogados do caso já acumularam honorários enviando dezenas de intimações para testemunhas que poderiam ter sido chamadas a depor por um lado ou por outro. “Eles deveriam dar a Elon Musk algum tipo de prêmio por ser o homem que mais fez para garantir a saúde econômica da profissão de advogado recentemente”, disse Coffee.
Como Musk está envolvido em uma infinidade de negócios, ele criou alguns problemas de conflito de interesses entre os advogados ao longo dos anos.
Na luta contra o Twitter, os principais advogados de Musk em Delaware, da Skadden Arps, e o principal escritório que defendia o Twitter, Wachtell, tiveram que contratar os chamados advogados de conflitos para enviar intimações às partes que representaram no passado, de acordo com documentos judiciais.
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Para o lado de Musk, o advogado de conflito foi o escritório de advocacia Chipman Brown Cicero & Cole. Para o Twitter, foi o escritório de Ballard Spahr em Delaware e o escritório de advocacia local Kobre & Kim.
A enorme quantidade de disputas pré-julgamento em um caso como o Twitter x Musk faz com que os escritórios de advocacia continuem recebendo dinheiro, disse Chuck Durante, sócio de Connolly Gallagher de Wilmington e atual chefe da Ordem dos Advogados do Estado de Delaware.”É muito difícil quantificar quanto cada lado da disputa vai gastar em honorários legais, mas é seguro dizer que será um bom ano para os escritórios de advocacia envolvidos no caso”, disse Durante em entrevista.
Peter Ladig, advogado de Delaware que lida principalmente com casos do Tribunal de Chancelaria afirmou que “em um julgamento, os honorários advocatícios para ambos os lados podem ter chegado a oito dígitos, já que os advogados podem trabalhar de 14 a 16 horas por dia nesses casos”.
Em um caso de falência em 2019, os advogados da Wachtell faturaram de US$ 1.100 a US$ 1.500 por hora, enquanto seus associados cobraram de US$ 650 a US$ 900. Esses números provavelmente cresceram nos últimos anos, mas os preços não são informados pelos escritórios de advocacia regularmente.
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William G. Ross, professor de direito da Samford University (Alabama), especializado em honorários advocatícios, disse que não é incomum que advogados cobrem até US$ 1.700 por hora em batalhas jurídicas que envolvam corporações poderosas.”É muito dinheiro para uma hora do tempo de um advogado, mas o tempo de alguns advogados vale a pena”, disse ele.
Um honorário advocatício que recebeu atenção recentemente foi a do antigo procurador geral dos Estados Unidos, Neal Katya, que cobrou uma taxa de quase U$ 2,500 por hora para representar a Johnson & Johnson em uma discussão de apelação.
* Tradução por Maria Clara Matos