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Inter ou Nubank: quem levou a melhor em seu primeiro mês na Nasdaq

Ações do Inter tiveram queda superior, mas analistas veem desafios maiores no caminho do Nubank

Inter ou Nubank: quem levou a melhor em seu primeiro mês na Nasdaq
(Foto: Envato)
  • A INTR chegou aos Estados Unidos no meio de um turbilhão de acontecimentos macroeconômicos e não escapou da desvalorização
  • Na comparação com o desempenho negativo alcançado pelo Inter neste primeiro mês, o Nubank levou a melhor entre as estreias em Nova York. Mas a diferença nos resultados tem mais a ver com o momento macro do que com os fundamentos das companhias
  • Mesmo com quedas menores no seu primeiro mês pós IPO, o Nubank caiu bastante de lá para cá e tem preocupado analistas

As ações do Inter (INTR) encerraram a sexta-feira (22) cotadas a US$ 2,97, uma queda de 14,66% frente ao valor de estreia de US$ 3,48 nos Estados Unidos há um mês, no dia 23 de junho. O banco digital realizou uma reorganização societária, possibilitando que as ações BIDI3, BIDI4 e BIDI11 do Banco Inter na B3 migrassem para a Inter&Co na Nasdaq.

Este processo se desenrolava desde 2021, mas só foi concluído após aprovação dos acionistas da companhia em maio; relembre os detalhes.

A INTR chegou aos Estados Unidos no meio de um turbilhão de acontecimentos macroeconômicos: a maior inflação dos últimos 40 anos no país, aumento na taxa de juros americana e até a possibilidade de uma recessão econômica. Esses fatores penalizaram as bolsas de valores por lá, especialmente a Nasdaq, onde estão concentradas as maiores empresas de tecnologia do mundo. E as ações do Inter não escaparam.

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Na avaliação de Max Bohm, head de smallcaps do TC, o timing de migração não foi dos melhores. “O banco, que já estava bem descontado quando as ações eram negociadas na B3, entrou em um mercado vendedor, principalmente de empresas de tecnologia. Liquidez baixa, desinteresse por parte de investidores; tudo contribuiu para que as ações caíssem”, diz.

Em um momento de maior estresse dos mercados, a INTR chegou a bater US$ 2,10 no último pregão do mês de junho – uma queda de 42,7% em relação ao seu valor inicial, apenas sete dias depois da estreia. “É uma queda significativa para um ativo que já era listado em bolsa de valores e conhecido pelo mercado”, afirma Guilherme Zanin, analista da Avenue.

Mas os ativos estão conseguindo ensaiar uma recuperação no mês de julho, junto aos pares de tecnologia. Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, explica que o banco tem seu custo de funding – nome usado para se referir à fonte de recursos utilizada pelos bancos para pagar o financiamento oferecido aos clientes – afetado pelo aumento das taxas de juros, cujas expectativas melhoraram nos últimos dias.

“Houve um movimento dos investidores em direção aos papéis ligados à tecnologia devido ao aumento das expectativas de deflação, o que, caso ocorresse, diminuiria o custo de funding no caso do Inter, beneficiando o banco”, diz Gracia.

A melhora do sentimento do mercado também ajudou a recuperar as perdas de empresas como o Nubank, cujas ações acumulam alta de 12,83% em julho, cotadas a US$ 4,22 até a sexta-feira (22).

Inter x Nubank no exterior

A migração do Inter para a Nasdaq levou o banco digital para o mesmo mercado onde seu grande concorrente no mundo das fintechs, o Nubank, já está desde dezembro do ano passado.

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O ‘roxinho’ realizou sua oferta pública de ações diretamente na bolsa de Nova York (NYSE), em um IPO que levou a empresa ao posto de maior instituição financeira da América Latina naquele momento.

Se comparado com o desempenho negativo alcançado pelo Inter neste primeiro mês, o Nubank levou a melhor entre as estreias em Nova York. A NU saiu de US$ 9, cotação com que abriu seu primeiro pregão no dia 9 de dezembro, para o patamar de US$ 9,36 no dia 7 de janeiro deste ano, uma valorização de 4%.

O desempenho dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs) das duas empresas também foi diferente durante os primeiros dias de negociação nos EUA. Enquanto o NUBR33, do Nubank, saltou 3,58% (de R$ 8,36 para R$ 8,66) entre o dia 9 de dezembro e o dia 7 de janeiro; o INBR31, do Inter, saiu de R$ 21,2 (quando estreou na B3 no dia 20 de junho deste ano) para R$ 15,0 em 20 de julho, uma queda de 29,25%.

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Essa diferença tem mais a ver com o momento macroeconômico do que com os fundamentos das duas companhias. “Inter foi pior do que o Nubank, mas essa queda se justifica pelo momento de mercado mais delicado para a bolsa americana. Quando o Nubank fez IPO não se falava de recessão, nem de juros a 4% para o fim do ano nos EUA”, destaca Max Bohm, do TC.

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O analista faz uma comparação com o valuation – metodologia para medir o valor de mercado de uma companhia – das duas empresas a partir de seus múltiplos de valor patrimonial, que medem a diferença entre o faturamento e o custo total de uma empresa.

Enquanto o Inter negocia cerca de 0,7 vezes seu valor patrimonial, o Nubank negocia perto de 4 vezes. “Se o Inter tivesse feito a migração na mesma época que o Nubank fez o IPO, imagino que teria caído bem menos e teria sido avaliado a um múltiplo muito maior”, afirma Bohm.

Na visão dos analistas de mercado, em função da mudança brusca no cenário macroeconômico desde dezembro, o desempenho do Inter não é tão ruim quanto parece. “O Nubank entrou no mercado em um momento de otimismo da bolsa e depois foi contaminado por uma série de notícias ruins. Já o Banco Inter foi diferente, pois está em um mercado mais pessimista, porém com boa parte da queda já precificada”, diz Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu Me Banco.

Após um primeiro mês positivo, as ações do Nubank despencaram, chegando a cair quase 60% após seis meses listadas em Nova York. Os motivos são vários e refletem desde a piora na inflação e nos juros, até desafios nos fundamentos da companhia, conforme contamos nesta reportagem.

Mesmo que tenha conquistado um desempenho relativamente melhor do que o Inter em seu primeiro mês, o ‘roxinho’ parece ter desafios maiores pela frente. “As ações do Nubank estavam com um holofote muito maior, principalmente quando o valor de mercado ultrapassou o do Banco Itaú. Isso gerou um alerta nos investidores e as ações desabaram. O desafio é definitivamente maior do que o do Banco Inter”, diz Louzada.

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Mas nenhum dos dois resultados são de encher os olhos dos investidores e a perspectiva é de que as ações continuem pressionadas enquanto o cenário da economia americana não melhorar. Veja como ficam os investimentos nos dois papéis com todos esses fatores em jogo.

“Inter e Nubank têm o que chamamos de duplo beta, dado que pertence tanto ao setor de tecnologia quanto ao financeiro, ambos penalizados em cenário macro desfavorável”, afirma Zanin, da Avenue. “As quedas mostram que as duas empresas vieram ao mercado com valores acima da média. Como, posteriormente, os investidores não compraram tanto a ideia, os papéis passaram a ser negociados a preços mais baratos”.

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