O que este conteúdo fez por você?
- O colapso financeiro do Silicon Valley Bank repercutiu nas apostas do mercado sobre a magnitude do próximo reajuste da taxa de juros nos EUA
- Para especialistas, essa interpretação acontece devido a redução de margem do Fed para aumento da taxa de juros sem causar uma recessão econômica
- Além disso, o caso de falência do SVB traz ainda mais instabilidade para as ações das empresas de tecnologia
O trabalho dos membros do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, enfrenta mais um desafio para combater a inflação no país sem causar uma recessão econômica: a falência do Silion Valley Bank (SVB) e do Signature Bank.
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O SVB era considerado como o banco das startups, mas o descompasso entre receitas e dívidas da empresa ocasionou uma corrida bancária ao ponto de causar a falência do SVB na última sexta-feira (10). Veja os detalhes nesta reportagem.
Dois dias depois, foi a vez do Signature Bank passar pelo mesmo problema. As operações do banco foram encerradas por reguladores dos Estados Unidos diante de um risco “sistêmico” para o mercado financeiro. Para minimizar os efeitos dessa crise, o Fed anunciou uma linha de crédito emergencial aos bancos dos EUA.
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No entanto, mesmo com esse pacote para evitar danos maiores no mercado, a turbulência atual se torna mais um problema para a mesa de discussão dos dirigentes do Fed ao decidir os rumos da maior economia do mundo. Em 2022, o Fed iniciou o ciclo de aperto monetário para conter a escalada da inflação, a maior dos últimos 40 anos.
Com isso, os juros saíram do intervalo entre 0% e 0,25% ao ano para os atuais 4,5% a 4,75% – o maior patamar desde meados de 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers provocou uma crise financeira mundial.
No mercado, a sensação é de que o SVB é a primeira grande vítima do ciclo de aperto monetário norte-americano – e a preocupação é de que haja algum tipo de contágio. Ou seja: de que outros bancos sofram saques ou dificuldades financeiras em decorrência do colapso do Valley Bank.
Segundo Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, uma das causas para a “quebradeira” nos Estados Unidos tem relação ao ciclo de aperto monetário no mercado norte-americano que afetou diretamente nos balanços das duas instituições financeiras.
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“Isso logo vai para a pauta do Fed. No entanto, vale lembrar que precisamos ter o controle da inflação para alcançar a meta de 2%. Atualmente, estamos com uma inflação de 6%”, afirma Martins.
Desta forma, os membros do Fed devem tentar analisar de que forma podem resolver o problema da inflação e manter a crise apenas em torno do SVB e em outros bancos menores. A próxima reunião acontece nos dias 21 e 22 deste mês.
“Muitos especialistas acreditam que os juros ficarão estáveis, mas com viés de queda para reduzir a pressão do mercado”, diz Junior Borneli, fundador da StartSe, escola internacional de negócios.
Com essa perspectiva, a corretora Avenue informou que as apostas do mercado para uma elevação de 0,25 pontos base na taxa de juros após o fim da próxima reunião do Fed aumentaram para 59% de chances. Há uma semana, as especulações eram maiores para um reajuste de 0,5%.
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“Há uma interpretação do mercado que o ciclo da taxa de juros pode acabar mais cedo sim porque o Fed terá menos espaço para aumentar juros e a confiança do consumidor pode ficar abalada”, afirma William Castro Alves, estrategista chefe da Avenue.
As ações mais afetadas
O caso de falência do SVB traz ainda mais instabilidade para as ações das empresas de tecnologia. Segundo Borneli, a vulnerabilidade se deve à dependência das companhias de crédito para ter crescimento.
“As empresas que sofrerão menos são aquelas que entregarem resultados consistentes: crescimento com margem”, avalia. “Crescimento mais lucro é antídoto para a crise”, acrescenta o fundador da StartSe.
O setor financeiro também fica entre os mais penalizados diante das especulações sobre uma crise sistêmica entre as instituições financeiras. Para Alves, os bancos de menor porte ficam na linha frente desse estresse na bolsa de valores. “São bancos mais de nichos, mas não necessariamente focados apenas em um setor. Há um risco maior associado a eles”, destaca.