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Por que a Robinhood tem motivos suficientes para não fazer o IPO

A corretora entrou com um pedido para abrir seu capital na última quinta; entenda as preocupações

Por que a Robinhood tem motivos suficientes para não fazer o IPO
O app de serviços financeiros Robinhood (Foto: Gabby Jones/Bloomberg)
  • Robinhood entrou com um pedido para abrir capital, o que poderia torná-la uma das empresas listadas de maior destaque.
  • A corretora tem um emaranhado de desafios legais para lidar; entenda quais são!

A (Annie Massa, WP Bloomberg) – A Robinhood Markets tem motivos suficientes para não abrir seu capital. Existe a preocupação de que os inúmeros pequenos investidores que se reuniram em bando na corretora online não permanecerão nela por muito tempo. Ou que as negociações em Dogecoin, que começaram como uma brincadeira, foram responsáveis por mais de um terço de sua receita em criptomoedas no primeiro trimestre. Ou que apenas esta semana, um órgão fiscalizador de Wall Street cobrou uma multa recorde de US$ 70 milhões contra a empresa.

Mesmo assim, a empresa que apresentou um exército de jovens negociantes ao mundo dos investimentos ainda está aproveitando sua popularidade e entrou com um pedido para abrir seu capital na quinta-feira; o que poderia torná-la uma das empresas listadas de maior destaque. Apoiando-se em seu status de culto entre investidores novatos, a Robinhood está reservando de 20% a 35% do IPO para seus próprios clientes de varejo – mesmo reconhecendo o risco de que fazer isso poderia fazer com que suas ações fossem negociadas como as ações meme que ajudaram a alimentar seu crescimento.

A Robinhood acabou de divulgar o quanto ganhou com um movimento recentemente organizado por negociantes de varejo que invadiram os mercados desde o ano passado. A empresa sediada em Menlo Park, na Califórnia, tem cerca de 18 milhões de usuários ativos e sua receita mais do que triplicou para US$ 959 milhões em 2020 em relação ao ano anterior.

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Entretanto, o documento também mostrou como a corretora está sobrecarregada com o peso desse crescimento rápido, com sua tecnologia falhando em momentos importantes e sua equipe de atendimento ao cliente lutando para ganhar força. A expansão vertiginosa pode não ser sustentável, disse a Robinhood. Além do mais, o percentual nada comum de ações que a empresa reservará para investidores de varejo pode fazer com que suas ações cheguem a níveis insustentáveis – um cenário parecido com o rally das ações da GameStop Corp. e de outras ações meme no final de janeiro.

Desafios legais que a Robinhood precisa lidar

A corretora tem um emaranhado de desafios legais para lidar, mesmo depois de ter resolvido dois deles recentemente, incluindo o acordo desta semana com a Autoridade Reguladora do Setor Financeiro (FINRA, na sigla em inglês) e um acordo anterior com a família de um jovem negociante que se matou após entender erroneamente o saldo de sua conta.

Outras ameaças legais pairam no ar. A Robinhood revelou que precisará pagar uma multa por supostamente violar as exigências bancárias e de combate à lavagem de dinheiro do estado de Nova York e nomear um monitor. A Procuradoria-Geral dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia também exigiu acesso ao celular do CEO Vlad Tenev este ano.

Legisladores e autoridades reguladoras também estão examinando alguns aspectos dos negócios da Robinhood. A crescente atenção atraída pelos recursos semelhantes aos de jogos em aplicativos de negociação poderia expor a empresa a riscos, de acordo com o documento, e o novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), Gary Gensler, expressou preocupação em relação a eles. O principal fluxo de receita da Robinhood também pode estar vulnerável. A corretora recebe pagamentos de empresas de negociação como a Citadel Securities, em troca do envio de pedidos de clientes para execução, uma prática polêmica, mas comum, que Gensler afirmou levantar questões de conflito de interesses.

No ano passado, a Robinhood contratou o ex-comissário da SEC, Dan Gallagher, como diretor jurídico da empresa. Ele ganhou cerca de US$ 30 milhões em 2020, a maior parte em ações que vai receber nos próximos anos, de acordo com o documento.

Desde sua fundação em 2013 pelos ex-alunos da Universidade Stanford Tenev, 34 anos, e Baiju Bhatt, 36 anos, a Robinhood tem focado nos pequenos investidores que outras corretoras ignoravam, com seu compromisso de negociações sem comissão, sem valores mínimos para manter uma conta aberta e com um design que a torna fácil de usar.

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Cultivar boas relações com esse tipo de cliente, com alguns deles falando a respeito de seus ganhos e perdas em plataformas de redes sociais, entre elas o Reddit e o TikTok, provou ser uma estratégia vencedora, particularmente no ano passado.

O documento mostrou como a nova onda de clientes tem reforçado a receita. Aqueles que começaram a usar o aplicativo em 2020 geraram US$ 326 milhões naquele ano, enquanto os usuários que se inscreveram em 2019 contribuíram com apenas US$ 175 milhões no ano passado. Ao todo, a empresa teve um lucro líquido de US$ 7,45 milhões em 2020, em comparação com um prejuízo líquido de US$ 106,6 milhões um ano antes.

Tradução de Romina Cácia

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